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LAÇOS

Família reza terço online para se manter unida na quarentena

Se a quarentena imposta pelo avanço do coronavírus trouxe doses gigantescas de angústias e incertezas, ela também abriu espaço para a criatividade e para o exercício da fé. Para estar junto, mesmo longe. E com a família Vilhena, em Abaetetuba, nordeste

Imagem ilustrativa da notícia Família reza terço online para se manter unida na quarentena camera A família reunida antes da pandemia | Acervo pessoal

Se a quarentena imposta pelo avanço do coronavírus trouxe doses gigantescas de angústias e incertezas, ela também abriu espaço para a criatividade e para o exercício da fé. Para estar junto, mesmo longe. E com a família Vilhena, em Abaetetuba, nordeste paraense, não foi diferente. Eles encontraram uma maneira peculiar de driblar esta situação: rezam o terço por meio aplicativo de mensagens e, se mantem “próximos”, mesmo não estando perto fisicamente.

“A pandemia e toda essa onda de notícias ruins nos trouxe medos e muitas reflexões. Essa corrente de oração que estamos fazendo não é de hoje, herdamos de nossa matriarca Lelé, que se foi, mas continua viva dentro de nós, em cada oração, em cada momento juntos. Vimos que poderíamos buscar soluções criativas e necessárias, para questões pessoais e manter assim viva nossa fé”, explica Sheila Vilhena, uma das organizadoras do terço, de 42 anos.

A matriarca da família Vilhena, Maria de Nazaré, carinhosamente chamada por Lelé
📷 A matriarca da família Vilhena, Maria de Nazaré, carinhosamente chamada por Lelé |acervo pessoal

Assim, a partir das 18h, de domingo a domingo, os participantes do grupo “Laços de Família” são convidados a estarem diante dos santos, cada um de suas casas, com velas acesas e transbordando da presença do Espírito Santo, de joelhos, ou sentados em uma cadeira, para dar início as orações.

"A fé foi o principal remédio para minha recuperação", diz paraense recuperado da covid-19

“Mas unidos na oração. A mensagem é clara e evidente, a fé, quando compartilhada e sentida por todos, ajuda a passar por qualquer momento de aflição, inclusive este momento difícil em que o mundo está vivendo”, explica o Padre Silas, da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, também em Abaetetuba.

“É um sentimento de total leveza, sabe?! Nos sentimos alimentadas, fortalecidas, cheias de proteção e saúde. E acreditamos que através da oração, nossas energias cheguem aos nossos irmãos, amigos e conhecidos. É uma sensação de dever cumprido”, explica Aline Vilhena, de 41 anos de idade.

Grande parte da família Vilhena chegou a ter sentimentos ruins, crises de ansiedade, muitas sentiram todos os sintomas da doença e o diagnostico de Covid-19 confirmado. E o combate contra o inimigo só estava começando para Tóia, 45 anos de idade, Shirley, 44, Renata, 34, e Aline Vilhena, 43 anos.

A jovem Renata Vilhena, foi diagnosticada com Covid-19 e se recupera em casa, não perde o terço das 18h.
📷 A jovem Renata Vilhena, foi diagnosticada com Covid-19 e se recupera em casa, não perde o terço das 18h. |Acervo pessoal

“Com o resultado em mãos eu me desesperei. Pensei em meus pais, em minhas filhas, pessoas que estavam próximas a mim. Chorei muito! Eu queria tanto ouvir um “negativo” dos médicos”, conta Shirley Vilhena, refletindo ainda que durante o tratamento chegou a acreditar que não chegaria até a cura.

“Essa doença é diferente, sabe!? Ela destrói qualquer pessoa. Ela te domina. Nas duas primeiras semanas eu me senti desafiada, fortes dores na costa, cabeça, no peito”, explica ela.

Para Shirley, o terço, que sempre foi um elo familiar, foi muito mais eficaz que os remédios receitados pelos profissionais de saúde em busca da cura. “Minha mãe me deu um terço, minha irmã Milene me deu também uma medalha com bênçãos de um diácono, estive com eles agarrados nas minhas mãos o tempo todo. O terço me deu e me dá forças todos os dias”, acredita.

“Renovação é a palavra certa. Me sinto renovada, sinto a presença de Deus. Agradeço muito pela cura das minhas primas que estiveram nessa batalha. Peço saúde para todos nós e para o mundo inteiro”, diz Ingrid Vilhena, 32 anos.

Rafaela Vilhena, de joelhos e com muita fé, às 18h em sintonia com a família através de WhatsApp
📷 Rafaela Vilhena, de joelhos e com muita fé, às 18h em sintonia com a família através de WhatsApp |Acervo pessoal

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“Sempre fomos uma família muito religiosa. Em todos os momentos e datas especiais, estamos nos reunindo para rezar e agradecer a Deus por tantas oportunidades e saúde de todos. Não poderíamos permitir que um vírus nos deixasse “longe” das pessoas que amamos. De repente, algumas primas foram positivadas com coronavírus e mais do que nunca, percebemos o quanto precisávamos deste momento, mesmo que através de um aparelho celular”, conta Márcia Vilhena, 52 anos, emocionada. “Ficamos completamente fortalecidas, é lindo ver minha família unida e poder manter nossa fé neste momento em que vivemos”, ressalta Milene Vilhena, 37 anos de idade.

“E assim o terço acontece, fortalecendo a relação familiar, ”recheada de nostalgia, de lembranças de um tempo bom, quando todos estavam neste plano... Godote, Lelé, Balú, Ronaldo, Célia, Graça, Pablo. Entes que já se foram e que nos permitiram nos reinventar com mudanças bruscas, uma rotina com lacunas, obrigando a pensarmos em novos rumos e soluções para o futuro”, conta Milana Vilhena, 37 anos.

Padre Silas explica que a oração é necessária neste momento como um caminho para sustentar a confiança em Deus e na fé sobretudo. “A oração nos faz olhar o mundo de outra forma, e acreditar que podemos”, comenta.

Alice Vilhena, não perde o terço diário familiar, 18h ela está em frente aos seus santos para rezar.
📷 Alice Vilhena, não perde o terço diário familiar, 18h ela está em frente aos seus santos para rezar. |Acervo pessoal

E assim, a família Vilhena vai vencendo, mesmo quando as estratégias humanas não estão funcionando em busca da cura do momento em que vivemos, mesmo quando as notícias não são boas. Os Vilhena continuam buscando em cada novo terço, luz para as situações escuras, impulsionadas umas pelas outras a continuar a caminhada herdada por Lelé, que passa de geração para geração.

“Quando terminamos o terço me sinto realizada espiritualmente. Diariamente precisamos de alimento para o corpo, e com a alma não é diferente. Me sinto alimentada pela fé e grata pela saúde. Que nossa vó Lelé esteja intercedendo por nós lá em cima. Sabemos que tudo isso logo vai passar e estaremos juntos novamente”, acredita Alice Vilhena, 53 anos.

Aninha Vilhena, de Brasília, não perde um só terço.
📷 Aninha Vilhena, de Brasília, não perde um só terço. |Acervo pessoal

Uma saída quando tudo parece impossível. A fé como amparo e aconchego em dias difíceis. Uma família dialogando e se apoiando através de um aplicativo de mensagens e um único pedido: a cura do mundo.

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