Todo dia 22 de maio, a movimentação no bairro de Canudos, em Belém, era diferente. Casas enfeitadas e uma programação extensa celebrava o dia de Santa Rita de Cássia, a Santa das Causas Impossíveis. Um momento de fé e união entre os moradores que na manhã de ontem sofreu diversas modificações. Com a pandemia da Covid-19 e a recomendação de evitar aglomeração, as atividades culturais foram suspensas e a missa, realizada tradicionalmente na Paróquia São José de Queluz, teve que ser feita às portas fechadas. Com os fiéis acompanhando apenas de forma on-line nas redes sociais.
Um cenário completamente novo e triste para quem era acostumado a acompanhar as missas e celebrações todos os anos. “É uma tristeza porque moro aqui perto, fui criada, me casei e me batizei aqui, é uma tristeza não ter a igreja aberta e não participar de nada. Numa hora dessas, em outros anos, isso aqui estaria lotado. Era um momento em que todo mundo queria vir pra igreja e agora temos que ficar em casa, sem se reunir”, lamentou dona Neves Pinheiro, de 73 anos, que foi até a porta da Paróquia para ver a imagem de Santa Rita de Cássia. Mesmo que por poucos segundos.
Assim como ela, outras pessoas tentaram um breve contato com a imagem que sairia em carreata pelas ruas do bairro de Canudos. Entre eles estava Everton Aleixo, 43, com uma réplica da imagem nas mãos, pedia para que o tempo de pandemia passasse o mais rápido possível e evitasse mais vítimas. Como foi com o seu próprio irmão, vítima da Covid-19, que completava 12 dias de falecido. “Com ela, a gente consegue superar tudo, inclusive as dores que sentimos no coração. Hoje faz doze dias que perdi o meu irmão para esse vírus maldito, mas a gente espera que depois de tudo isso a humanidade possa reaprender o valor do amor, da família e do perdão”, disse emocionado.
CRIATIVIDADE
O Frei Paulo Alessandro Moureira Dias, Pároco da Paróquia São José de Queluz, disse que mesmo com o ato inédito todas as ações foram pensadas para que os fiéis ficassem o mais próximo possível das bênçãos da santa. “A igreja faz tempo que tem usado a criatividade para manter sua missão evangelizadora e esse ano não foi diferente. Tivemos que pensar em como fazer uma festa em que todos tivessem acesso. Fizemos a missa transmitida (on-line) e a passagem pelas ruas do bairro para que todos possam receber as bênçãos e o carinho de Santa Rita de Cássia”, afirma.
Devotos fizeram questão de pedir e agradecer pelas graças alcançadas enfeitando suas casas com balões nas cores vermelha e branca e com réplicas da imagem da santa. Alexandre Fernandes, 50, sempre preparava a casa para familiares e amigos com um enorme café da manhã nesse dia. Mas em 2020, as comemorações tiveram que ser mais tímidas. Restritas a família que mora junto. Mas sem deixar de enfeitar a frente da casa. “A gente sempre fez homenagem a Ela. Com a pandemia ficou apenas a família, mas sem perder a fé que acabou redobrada. Hoje estamos em menor quantidade, com um pouco de tristeza, mas mesmo assim esperamos ela passar para prestar nossas homenagens”, declarou.
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