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Vendas de flores devem cair para o Dia das Mães nos cemitérios

Tradicional símbolo de homenagem aos entes que já partiram, as flores vendidas nas entradas dos cemitérios costumam ser muito procuradas em datas comemorativas como o Dia das Mães. Neste ano, porém, as mudanças provocadas pela pandemia da Covid-19 influen

Imagem ilustrativa da notícia Vendas de flores devem cair para o Dia das Mães nos cemitérios camera Floristas que trabalham na frente do Cemitério de Santa Izabel acreditam que haverá redução nas vendas no próximo domingo. A maior demanda tem sido para os sepultamentos que estão ocorrendo com mais frequência. | Irene Almeida/Diário do Pará

Tradicional símbolo de homenagem aos entes que já partiram, as flores vendidas nas entradas dos cemitérios costumam ser muito procuradas em datas comemorativas como o Dia das Mães. Neste ano, porém, as mudanças provocadas pela pandemia da Covid-19 influenciarão a vida não apenas dos familiares que gostariam de homenagear seus parentes falecidos, como também dos trabalhadores cuja renda depende da venda das flores.

Com a vigência do decreto que suspende entradas e visitas nos cemitérios do Estado nos dias 9 e 10 de maio, os vendedores de flores, pela primeira vez, trabalham sem grandes expectativas para o Dia das Mães.

Na calçada do Cemitério Santa Izabel, no bairro do Guamá, em Belém, apenas três bancas de venda de flores eram vistas na manhã de domingo (03). Ao lado do portão principal do cemitério, a vendedora de flores Margarida Rabelo, 50, se empenhava na ornamentação dos buquês que ajudariam os que perderam seus parentes a prestar a última homenagem.

Ciente da determinação de não abertura do local para visitas no próximo final de semana, a florista já se preparava para enfrentar um Dia das Mães muito diferente dos demais vivenciados em 18 anos de profissão. “É a primeira vez que a gente passa por uma situação dessa. Mas todo mundo sustenta a sua família deste trabalho, então temos que ir levando do jeito que dá”.

O jeito encontrado para enfrentar a situação foi a redução da quantidade de flores compradas para o período. Normalmente, Margarida conta que costuma vender de 150 a 200 buquês de flores no final de semana do Dia das Mães.

MUDANÇAS

Neste ano, com as mudanças necessárias para se conter o avanço do coronavírus, ela não espera vender mais do que 30. “Eu e outra feirante unimos as nossas vendas para dividirmos as despesas e o lucro. Assim fica mais fácil para as duas”, aponta. “Mas, depois do Dia das Mães, vamos dar um tempo e ficar mais em casa para passar mais esse pico”.

A decisão adotada pelas autônomas tem explicação não na data comemorativa que está por vir, mas sim na realidade que ela e outros floristas têm acompanhado na entrada do cemitério. Apesar da necessidade de manter a atividade para garantir o sustento, Margarida não nega o receio pela possibilidade de exposição ao novo vírus. “Tem tido muitos enterros. É uma tristeza ver as pessoas perdendo os seus parentes”.

homenagem

l Temendo não conseguir prestar as devidas homenagens aos entes queridos em decorrência do Dia das Mães, a dona de casa Nazaré Rodrigues, 60, se adiantou e levou flores aos túmulos dos familiares sepultados no cemitério Santa Izabel, na manhã de ontem. Para ela, a demonstração de carinho aos que já partiram é muito importante e, por isso, resolveu garantir a homenagem. “Como a gente sabe que nos próximos dias pode ter muita gente e nós queremos evitar aglomeração, nós antecipamos a vinda”.

Aumento da procura e emoção com os sepultamentos

Sem que possam esperar por um grande volume de vendas no Dia das Mães, os floristas têm acompanhado uma mudança no cenário. Diante da grande quantidade de sepultamentos apontada pelos autônomos, a demanda pelas flores tem crescido no dia a dia, e não em decorrência de datas comemorativas.

Atuando no ramo há 32 anos, a vendedora de flores Dinair Miranda, 53, conta que viu a procura pelas flores crescer nas últimas semanas. Diferente dos anos anteriores, porém, a busca pelo produto tem vindo, em grande parte, de pessoas que acompanham os sepultamentos de entes, e não mais de visitantes. “Os sepultamentos aumentaram muito, estão sepultando até de noite”, conta, sem esconder a preocupação. “O que a gente observa é que os enterros têm sido acompanhados por poucas pessoas, mas são elas que estão comprando as flores. Quase não tem vindo gente visitar”.

O aumento significativo no número de sepultamentos no cemitério Santa Izabel também é observado pelo florista Valder Bastos, 47. Apesar do receio de que a manutenção do trabalho possa resultar na maior exposição ao vírus, ele dá continuidade à atividade que garante as homenagens aos falecidos.

“Antes ocorriam cerca de dois, no máximo quatro sepultamentos por dia. Mas agora já teve dia que eu contei 18 enterros em um único dia”, contabiliza. “Com isso aumentou a procura pelas flores. Já tivemos que dobrar o número de pedidos”.

Entre o atendimento de um ou outro cliente, o autônomo aproveita o intervalo para trocar mensagens com os familiares. O novo hábito tem uma explicação. “Eu estou desabafando com a família. Nesses 29 anos trabalhando na porta do cemitério, nunca tinha visto uma situação dessas. Esse período que a gente tem visto tanta gente enterrando seus parentes mexe com a gente”, emocionou-se. “Faz a gente pensar em dar mais valor à família, parar com as brigas, então é isso que eu fico dizendo para eles nas mensagens”.

No período de cerca de 30 minutos em que a equipe do DIÁRIO esteve na entrada do cemitério Santa Izabel ontem (03), quatro sepultamentos ocorreram no local.

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