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AVALIAÇÃO

Pandemia de Covid-19 causa efeitos na economia do Pará

De cada 10 estabelecimentos industriais paraenses, 8 estão passando por problemas financeiros, devido à queda da demanda. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, no Pará, há cerca de 6 mil indústrias, sendo que mais de 90% delas são

Imagem ilustrativa da notícia Pandemia de Covid-19 causa efeitos na economia do Pará camera Representantes da Fiepa, Fecomércio, Faepa e consultor falam do cenário que se desenha para após o fim da pandemia | Freepik

De cada 10 estabelecimentos industriais paraenses, 8 estão passando por problemas financeiros, devido à queda da demanda. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, no Pará, há cerca de 6 mil indústrias, sendo que mais de 90% delas são micro, pequenas e médias. Muitas delas, passando por problemas de caixa.

Quando a pandemia passar, o país fatalmente deverá ter que lidar com danos econômicos e sociais elevados. O grau desse cenário dependerá diretamente do tempo que a pandemia vai durar. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado (Fiepa) por conta de medidas do poder Executivo, houve postergação do pagamento de compromissos tributários, mas que ainda assim deverão ser pagos mais adiante.

“Existe ainda a possibilidade de se fazer acordos trabalhistas, como redução da jornada e consequente redução de salário dos trabalhadores. Porém, se a economia não reagir rápido, muitas empresas não terão como honrar seus compromissos, vão fechar as portas e, neste caso, haverá desemprego em massa”, aponta José Conrado, presidente da entidade.

 José Conrado, presidente da  Federação das Indústrias do Estado (Fiepa)
📷 José Conrado, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiepa) |Divulgação

Segundo ele, parte da solução é o sistema financeiro, já que os bancos estão sólidos, com valores suficientes para suportar tanto as possíveis inadimplências quanto para imediata liberação de crédito para apoiar as empresas na crise ”. No entanto os juros não estão atrativos. Em alguns casos os juros estão até mais altos que no período anterior à crise, de forma que as empresas que obtiverem um empréstimo sairão com uma dívida maior ainda”.

Conrado pede ainda que os bancos flexibilizem mais a aprovação de crédito. “A burocracia continua alta, indo na contramão de todos os esforços feitos até agora para apoiar quem está passando por esse momento difícil”.

COMÉRCIO

Lúcia Cristina Lisboa, assessora econômica da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA), explica que a pandemia teve como principal efeito colateral a paralisação da atividade econômica. “Os prejuízos são reais e poderão ser maiores caso essa situação perdure por mais tempo. Todas as previsões são pessimistas. É um mal econômico difícil de ser contornado que comprometeu o capital financeiro das empresas”.

Lúcia Cristina Lisboa, assessora econômica da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA)
📷 Lúcia Cristina Lisboa, assessora econômica da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA) |Marco Santos/Arquivo

A queda brutal nas vendas, falta de consumo, queda no faturamento, redução da renda das famílias e desemprego são efeitos em cadeia que prejudicam o equilíbrio da economia. “O comércio de bens, serviços e turismo (setor terciário), é o que apresenta maior impacto negativo. A grande maioria das empresas não tem caixa para se manter diante de um quadro tão difícil. Na situação atual, apesar dos acordos e das medidas adotadas por alguns segmentos, o futuro das empresas e dos empregos é incerto”, coloca.

Lúcia conta que a federação realiza pesquisas para obter um diagnóstico real dos impactos decorrentes da pandemia. “Assim será possível identificar com mais precisão a magnitude desses prejuízos. A queda nas vendas será diferenciada por tipo de atividade. As empresas que conseguirem utilizar mais os serviços delivery poderão minimizar o prejuízo, mas depende muito da natureza da atividade”.

Ela avalia que as medidas do governo federal para garantir renda e acesso ao crédito não estão chegando a tempo aos beneficiários. E não serão suficientes para segurar o padrão de consumo. “As medidas anunciadas para aumentar a liquidez e os recursos que seriam liberados para as empresas financiarem as despesas com capital de giro e pagamento de salários, por exemplo, não chegaram para a grande maioria das empresas. Assim, a situação está se agravando, tornando mais demorada a recuperação da economia”.

Cenário

Valfredo de Farias, economista e consultor empresarial diz que, antes da pandemia, o país vinha propondo e aprovando reformas, priorizando a responsabilidade fiscal, desburocratizando o mercado, entre outros fatores. ”Esse cenário direcionava a economia para um cenário favorável, com aquecimento do mercado, aumento de empregos, inflação baixa e investimentos. Teríamos um crescimento do PIB importante nos próximos 3 anos”, calcula.

O cenário mudou radicalmente e a política utilizada para conter os efeitos da crise se contrapõe ao que vinha sendo feito, principalmente na austeridade fiscal, “onde hoje o governo tem que gastar muito para que os cidadãos e empresas não entrem em um estado crítico”.

Segundo Farias, isso será bem danoso para a economia, “pois o país aumentará muito o déficit fiscal e por consequência seu endividamento, tudo isso associado a uma quebradeira das empresas e mais desemprego se tornará algo bem mais grave”.

No pós-crise o economista prevê algumas soluções para que o país e o estado possam abrandar os efeitos da crise. “Primeiro continuar as reformas e desburocratização do estado, reforma tributária, reforma administrativa, entre outras. Em segundo continuar e/ou conceder mais flexibilidade na relação empresa x funcionário, como por exemplo o layoff, regulamentar novas formas de trabalho, como o home office, por exemplo, pode gerar criação de novas vagas e manter outras existentes”.

Os estados, por sua vez, diz Valfredo, poderiam investir em programas de emprego e renda, principalmente para as famílias mais pobres, além de intensificar programas de educação financeira. “Podiam ser criadas linhas de crédito específicas para o varejo. Setor é o que emprega mais rápido e é muito forte no Pará”, aposta.

Agronegócio deverá ter reforçado o seu protagonismo

Para a economista Eliana Zacca, ex-secretária adjunta de Agricultura do Estado do Pará e assessora técnica da Federação da Agricultura do Estado (Faepa), a retomada do crescimento econômico brasileiro exigirá redução do déficit fiscal, que foi significativamente ampliado, e no prosseguimento da agenda de reformas, privatizações e de redução e modernização do Estado.

“Por outro lado, os governos estaduais e municipais, que antes da pandemia já tinham, em sua maioria, uma difícil situação fiscal, buscam compensar suas perdas, com o apoio do Congresso Nacional, mediante transferências de recursos federais, sem contrapartida. Assim, as despesas para o combate da pandemia elevaram o déficit orçamentário previsto para este ano de R$124 bilhões para R$600 bilhões”.

O agro é o setor que será afetado em menor intensidade
📷 O agro é o setor que será afetado em menor intensidade |Wagner Santana

O agronegócio, segundo ela, deverá ter reforçado o seu protagonismo como mola propulsora da economia, seja garantindo o abastecimento e segurança alimentar da população, seja liderando a retomada do crescimento econômico. O agro é o setor que será afetado em menor intensidade pela crise da pandemia, e o único com previsão de crescimento positivo do PIB.

“O valor bruto da produção agropecuária (VBP), em 2020, segundo o Ministério da Agricultura, é estimado em cerca de R$690 bilhões. Isso significa um crescimento de 7,6% em relação a 2019 (R$ 641,4 bilhões), resultado que tem como base os dados de março, que já incorporam os reflexos da pandemia do Covid 19”, diz Eliana.

O Brasil é o segundo maior exportador mundial do agro, e caminha para conquistar a liderança global ainda nesta década. “No caso dos grãos, nosso país é o maior exportador mundial de soja e o 2º de milho, e temos todas as condições para expandir ainda mais a produção, de forma sustentável, diferentemente dos países nossos concorrentes – EUA e Argentina - que já estão com as suas disponibilidades de áreas praticamente esgotadas”.

Um entrave é a deficiência da logística de transporte para o escoamento da produção, bem como para o fluxo de insumos agropecuários, o que concorre para o aumento de custos de produção e a redução de competitividade dos produtos, pelo elevado custo de frete, que afeta mais as regiões menos desenvolvidas.

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