As fortes chuvas que caíram ao longo da última semana continuam a causar transtornos aos moradores do distrito de Outeiro, em Belém. Ruas alagadas, com lama, buracos, mato e lixo acumulados são uma constante em diversos pontos devido à falta de escoamento eficiente e de estrutura para suportar o inverno amazônico.
Umas das vias principais do distrito e recém-asfaltada pelo poder público, a avenida Nossa Senhora da Conceição tem um estreitamento da pista, próximo a um igarapé, devido ao asfalto que cedeu com as fortes chuvas e conta com constante transbordamento e invasão da água na pista, o que impossibilita a passagem de veículos no local.
Manoel Marques, 43, trabalha perto da área e afirma que os moradores chegaram até a interditar a pista, a fim de chamar a atenção da Prefeitura de Belém para uma solução, mas nada adiantou. “Um diz que vem fazer, trocar o tubo, mas ninguém faz nada e o bueiro que passa próximo do igarapé fica entupido e causa uma confusão aqui para a gente. O ideal é que fizesse uma estrutura capaz de manter o igarapé, recebendo um grande fluxo de água e que seja capaz de aguentar o trânsito de carros aqui”, sugere Manoel.
O operador de áudio Alexandre de Souza, 37, afirma que a falta de diálogo e a força de vontade para chegar a uma resolução do problema têm tirado a paciência dos moradores. “A situação da nossa ilha está ruim. Ela está completamente abandonada e ninguém faz nada. Ficaram de vir aqui na segunda-feira da semana passada ver essa situação e até hoje ninguém apareceu para conversar com a gente. Temos de obstruir a rua para trazer eles aqui?” questiona.
Ao andar ainda mais por dentro de Outeiro é possível ver problemas piores. Cheia de buracos e lama, moradores da alameda Ubirajara Filho sofrem com o abandono e questionam a ausência de ações emergências para o local, que fica intransitável nesta época. “Essa situação está assim há anos. Quando chove, essa rua vira um rio e fica impossível de transitar. Eu que tenho um bar e outros vizinhos também sofrem porque ninguém quer vir aqui. A gente fica com prejuízo”, reclama a moradora Helena Ribeiro.
EROSÃO
Como se não bastassem esses problemas, Helena também denuncia que devido a proximidade com a Praia da Brasília, a erosão tem assustado moradores, com diversas residências correndo risco de desabamento sem que nada seja feito para evitar o problema. “Está fazendo oito anos que tem um barranco que surgiu e só faz aumentar por causa da força do rio que sai levando tudo. O antigo agente distrital chegou a falar que tinha uma verba para Outeiro, mas ela foi destinada para Mosqueiro. Estou perdendo minha casa e abandonada, à mercê de todos estes problemas”, dispara.
A falta de estrutura e os problemas recorrentes de acesso ao distrito fazem com que o movimento nas praias sofra uma grande queda. José Reinaldo é morador do local há 37 anos e possui um bar na Praia da Brasília, que está completamente vazia. E para não amargar ainda mais prejuízos com a época de maré alta combinada com as chuvas de março, ele e outros comerciantes montam barreiras de contenção por conta própria para evitar que o local de sustento vá abaixo. “Nossa praia aqui realmente está desprezada. Os poderes de Outeiro não aparecem com a gente e a situação toda está horrível. Tem cliente que vai até o canto, olha essa situação triste e volta”, lamenta.
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