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Ocorrências de violência contra as mulheres chegam a 9.230 casos

Três minutos separaram os registros que duas mulheres vítimas de violência fizeram na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Belém, na sexta-feira (28). No primeiro caso, a vítima relatou que passou mal e pediu ajuda ao companheiro. Em

Imagem ilustrativa da notícia Ocorrências de violência contra as mulheres chegam a 9.230 casos camera Celso Rodrigues/Diário do Pará

Três minutos separaram os registros que duas mulheres vítimas de violência fizeram na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Belém, na sexta-feira (28). No primeiro caso, a vítima relatou que passou mal e pediu ajuda ao companheiro. Em resposta, ele é acusado de ter dado socos e chute na mulher, que teve o nome preservado. No segundo boletim de ocorrência a vítima, que teve o nome e idade preservados, relatou a agressão que sofreu do ex-companheiro. O relacionamento terminou e ele não aceita, a ameaçou e a agrediu com socos.

Mesmo tendo se passado alguns dias entre a agressão e o dia do registro da denúncia na Polícia Civil, os hematomas ainda eram visíveis no corpo dela. Os machucados não foram as únicas marcas que ela levou para a Deam. Relatou o medo de sair nas ruas e não sabe o que pode acontecer.

Elas foram encaminhadas para fazer exame de corpo delito, mas antes passaram por um processo de acolhimento com assistentes sociais e psicólogas. A Polícia Civil já pediu as medidas protetivas em favor das mulheres, que deram um passo importante que foi formalizar a queixa.

No ano passado, as unidades da Deam em Belém e Ananindeua somaram um total de 9.230 ocorrências de violência doméstica contra as mulheres, segundo a Diretoria de Atendimento a Vulneráveis da Polícia Civil do Pará.

No próximo domingo (8), será realizado o Dia Internacional da Mulher, mas é provável que, enquanto você lê esta reportagem, uma mulher esteja sendo covardemente agredida.

No entanto, o número de vítimas pode ser bem maior, haja vista que os dados divulgados nesta matéria levam em consideração apenas os registros feitos nas delegacias da Mulher de Belém e Ananindeua. As delegacias e seccionais de bairros também registram ocorrências de violência doméstica.

Diretora de Atendimento a Vulneráveis da Polícia Civil (DAV), a delegada Priscila Morgado Pinto ressaltou que o quantitativo de ocorrências registradas na Deam aumenta e que isso já é esperado, uma vez que as mulheres vítimas de violência estão denunciando cada vez mais as agressões.

Isso mostra que os trabalhos de conscientização e orientação têm dado resultados, mas precisam ser ampliados. “Elas estão cada vez mais conscientes e refletindo sobre a realidade delas. O que precisávamos focar é no formato de atendimento e em como acolher estas mulheres”, pontuou.

“Perceba que as mulheres estão denunciando mais que antes. No início, quando a Lei Maria da Penha entrou em vigor, as mulheres só procuravam a polícia depois de sofrer a agressão. Agora elas vêm (até a Deam) a partir do momento em que sofrem a ameaça. O que mostra também que elas já estão sabendo que existe uma escala da violência no qual elas podem até ser vítimas de feminicídios”, explicou a delegada.

ESPAÇO

Para ela a Deam não pode ser considerada apenas uma delegacia, e sim um espaço amplo de acolhimento à mulher em situação de violência. “Desde que assumimos a gestão, ano passado, temos buscado dar mais autonomia as delegadas que atuam na Deam e elas têm desenvolvido um trabalho de aproximação da comunidade, em especial da mulher vítima de assédio, de agressão”, comentou.

“Perceba que uma vítima da violência doméstica pode estar numa situação em que ainda não saiba o que fazer ou que ainda tenha coragem de fazer, que é denunciar. Ela pode vir até a Delegacia da Mulher e buscar uma orientação especializada e isso ocorrerá de forma sigilosa e com ética”, acrescentou Priscila. “A nossa missão constitucional é o procedimento investigativo, mas a mulher vítima de violência precisa encontrar na delegacia uma porta de entrada para todas as ações que ela vai precisar. Isso vai desde uma conversa, um aconselhamento. Ela precisa ser acolhida”, frisou.

INQUÉRITOS

Ao mesmo tempo em que o número de registros de ocorrências de violência contra a mulher cresceu, a Polícia Civil conseguiu também aumentar o número de inquéritos – que é a abertura e a conclusão do processo de investigação. De acordo com a delegada Priscila Morgado Pinto, de 2018 para 2019 o número de inquéritos e outros procedimentos na Deam cresceu 53%. “Estamos com o mesmo efetivo e conseguimos otimizar os nossos trabalhos”, destacou.

“A nossa equipe agora está mais focada no compromisso e na responsabilidade que temos com o social”, frisou a diretora da DAV, ao lembrar que a violência contra a mulher não acontece somente dentro do ambiente doméstico. A agressão pode acontecer na rua, no local de trabalho. “Eu já atendi ‘violência doméstica’ dentro do cárcere, num caso em que a mulher foi visitar o companheiro que estava preso e ele raspou parte da cabeça dela”, disse.

Atendimento e acolhimento das vítimas da violência

Já está quase tudo pronto para a inauguração da ‘Sala Lilás’, em Marituba. O espaço, que vai funcionar no mesmo prédio da delegacia da cidade, será o primeiro do tipo a funcionar no atendimento e acolhimento de mulheres e mulheres vítimas de violência física e sexual. A delegada Priscila Morgado Pinto, titular da Diretoria de Atendimento a Vulneráveis, explicou que a Sala Lilás não substitui a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), mas será uma espécie de extensão delas nas delegacias e seccionais de bairros.

Na última sexta-feira (28), foram instalados alguns equipamentos e montada a mobília. A inauguração deve ocorrer nos próximos dias, pelo Governo do Estado.

A ideia de implantar a Sala Lilás em Marituba foi anunciada em janeiro, durante as investigações da série de estupros a sete mulheres naquele município. Duas delas acabaram mortas, a cabeleireira Samara Mescouto, 20, e a manicure Jennyfer Karen Silva Martins,também de 20 anos.

As investigações apontaram que um adolescente de 17 anos foi quem atacou as mulheres, geralmente profissionais de estética que anunciavam serviços nas redes sociais. Além dele, também foi indiciado um homem de 20 anos, identificado por Jederson Alves. Os dois estão à disposiçãoda Justiça.

SALA LILÁS

“Há locais em que não há como ter uma delegacia da Mulher, mas estamos estudando colocar uma sala ou ambiente para acolher e atender as mulheres vítimas de estupro ou de qualquer outro tipo de violência”, explicou Priscila, ao comentar que a Sala Lilás na Delegacia de Marituba servirá de laboratório para o projeto. “A Sala Lilás quer mostrar que o que a gente puder fazer para acolher aquela mulher vítima de violência, nós faremos”, resumiu.

Além do atendimento policial, a Sala Lilás vai oferecer assistência social para as vítimas de violência. Uma brinquedoteca será montada para acolher os filhos das vítimas durante o acolhimento. “Por enquanto teremos uma equipe mista, composta de policiais da própria delegacia de Marituba da DAV”,informou Priscila.

Números da violência

Alguns dados sobre a violência contra a mulher

l Registros de violência contra a mulher, na Deam, em 2019

Ananindeua: 2.516 ocorrências

Belém: 6.714 ocorrências

Total: 9.230 ocorrências

l Estupros

47 ocorrências de estupros de mulheres foram registradas na Deam, em Belém, este ano

l Sobre a Deam, em Belém:

- Localização: Travessa Mauriti, 2393 (entre as avenidas Duque de Caxias e antiga 25 de Setembro)

- Atendimento: 24 horas

- Na Deam funciona um posto de atendimento da Defensoria Pública do Estado, onde as mulheres podem receber orientação jurídica e assistência

- Posto de Atendimento do ParáPaz

- Acolhimento e orientação por assistentes sociais

- Atendimento policial

l Sobre a Deam Ananindeua:

- Localização: Cidade Nova 5, Travessa WE 32, 1112

- Atendimento: 24 horas

- Acolhimento e orientação por assistentes sociais

- Atendimento policial

- Posto de Atendimento do ParáPaz

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