Espaço Palmeira sofre com o descaso

Criado para ser um espaço de comércio popular, numa área ociosa por décadas, o Espaço Palmeira, mantido pela Prefeitura de Belém, continua naufragando em sua proposta de ser uma área de compras em pleno centro comercial. A deterioração do espaço avança em ritmo acelerado. Muitos comerciantes deixaram o espaço por causa da sujeira, depredação de lonas, paredes e falta de atrativos para chamar a atenção dos consumidores. O abandono é visível, tornando o espaço insalubre e impróprio para o comércio. Com isso, centenas de famílias que dependem do comércio são diretamente prejudicadas.

A cena rotineira é de entristecer. Por volta das 15h, o centro comercial de Belém ainda pulsa. O comércio funciona, o movimento de pessoas, veículos e mercadorias é intenso, mas, no meio de tanta correria, um pequeno oásis de tranquilidade assusta quem dele vive. Há 10 anos, o Espaço Palmeira, inaugurado na gestão do ex-prefeito Duciomar Costa, rasteja com sua proposta de comércio popular. A falta de estrutura, serviços e manutenção afasta os clientes e dá prejuízo aos comerciantes, que cada vez mais deixam o espaço à espera de uma solução. No lugar de mercadorias, cadeados ornamentam os corredores vazios. Das 10 “ruas” instaladas no interior do espaço, menos de um terço dispõe de lojas abertas.

É o que garante o presidente da Associação dos Trabalhadores Informais do Centro Histórico de Belém, Raimundo Heleno. Segundo ele, dos 268 boxes destinados aos comerciantes, cerca de 70 estão totalmente inviáveis para o comércio. “Eles estão localizados na parte interna do espaço. Essa parte não tem estrutura, então muitos permissionários fecharam os boxes até que uma solução seja tomada”, frisa. Não é pra menos. O local em questão é o retrato do abandono. Pelos corredores muita sujeira, restos de comida, infiltrações, rasgaduras nas lonas de proteção e boxes trancados. O espaço é insalubre. O risco de queda pelo excesso de algas que se acumula no piso torna o local escorregadio e perigoso.

Ainda na parte de trás, boxes que deveriam vender refeição carecem de limpeza, mesas e cadeiras. Os vendedores amargam prejuízos. Raramente alguém come ali. O cenário é de tristeza. “Essa área da frente ainda é aproveitável, mas aqui atrás não tem estrutura alguma. Ninguém vai até lá. Por isso começamos a nos organizar para melhorar o espaço”, ressalta Raimundo Heleno. E as notícias são minimamente animadoras. “Foi feito um pregão eletrônico e a empresa vencedora está trocando toda a lona, por uma solicitação nossa, além de outras demandas para o espaço, que, com o tempo, iremos realizar. Queremos trocar toda a parte elétrica, além de pintar para poder receber a estrutura nova”, diz, esperançoso.

No local, é possível ver algumas pessoas trabalhando na troca das lonas, mas a iniciativa partiu dos próprios permissionários. “A primeira coisa que estamos fazendo é o melhoramento do espaço, troca da lona, revitalização, e no final vamos reunir com os empreendedores, identificar depósitos, permissionários, mas isso cabe à Secon (Secretaria de Economia), delimitar quem pode e tem direito de trabalhar aqui. Queremos que o espaço volte a funcionar com o mínimo de estrutura”, cobra Raimundo Heleno.