Os preços do litro do açaí no estabelecimento do Francisco Ribeiro, localizado no bairro de Nazaré, em Belém, receberam aumento nesses primeiros dias do novo ano. O açaí médio, por exemplo, que é mais consumido pelos clientes dele, está custando R$ 18 o litro, cerca de R$ 2 a mais que o mês anterior. Já o açaí grosso permanece custando R$ 25, e o papa por R$ 30.
“A chuva e a falha na distribuição fizeram com que o preço da lata do fruto ficasse mais caro pra gente. Ainda estou segurando os preços do açaí grosso e papa, mas ainda não sei até quando”, conta Francisco. Segundo ele, o aumento já era esperado, pois nesse período do ano em que há dificuldades na produção do fruto, a conhecida entressafra, há aumento no preço. “A época boa é de agosto até dezembro, quando os preços caem”, comenta. Já em tempos de escassez, as vendas são influenciadas. “A saída diminui em 50%. É uma quebra grande. Nessa época, a gente trabalha para aguentar os fregueses que são viciados em açaí mesmo”, acrescenta Francisco.
Já no bairro do Jurunas, Bianor Assunção, aumentou 50% o preço do litro do açaí popular, o mais comprado pela clientela, que passou de R$ 8 para R$ 12. Já o litro do tipo médio, passou de R$ 15 para R$ 20 e o grosso de R$ 20 para R$ 30. “Diminuiu a oferta, aumentou a procura. E não tem como não repassar ao cliente”, diz. Ele também afirma que passou a pagar mais caro pela lata do fruto, que vem da região das ilhas, como Barcarena e Moju. “Esse clima de chuva dificultou a distribuição. Isso é comum nessa época. Só espero que esse preço estagne porque dobrou o valor da lata do açaí. Antes eu pagava R$ 120, agora custa R$ 250”, revela.
TRAJETÓRIA
De acordo com o economista Roberto Sena, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), a alta de preços do açaí começou uma trajetória desde a segunda quinzena do mês de novembro de 2019 e deve perdurar até o mês de maio deste ano. “A tendência é que tenhamos um aumento de preço do fruto e que vai transmitir para a população. Nosso consumo é proporcional ao preço. À medida que o preço vai ficando proibitivo, as pessoas não vão deixar de consumir, mas será em quantidade menor”.
Na última pesquisa do Dieese/PA realizada em feiras, pontos de vendas e supermercados de Belém e divulgada no mês passado, já apontava alta nos preços, em média R$ 14,80, no litro do açaí tipo médio. Os valores também poderiam ser encontrados de R$ 8 até R$ 16, como era a realidade dos estabelecimentos do Bianor e do Francisco.
Sena afirma ainda que o pico de alta no preço do açaí será no mês de março. “O litro ficará mais caro que o quilo da carne”, revela sem estimativa de preço e de porcentagem. “Ano passado tivemos, em alguns momentos, reajustes de em média até 10%. Este ano não deve ser diferente”, acrescenta o economista.
A saída diminui em 50%. É uma quebra grande. Nessa época, a gente trabalha para aguentar os fregueses que são viciados em açaí mesmo”
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