A Reforma da Previdência dos servidores paraenses começou a
ser aprovada durante o dia de ontem (17), na Assembleia Legislativa do Estado
do Pará (Alepa). Após um dia inteiro de protestos e tumultos, os parlamentares
voltam ao plenário nesta quarta-feira (18) para votação do segundo turno e
redação final.
As votações de hoje vão tratar de quatro dos cinco projetos,
todos de autoria do Poder Executivo, que alteram as regras previdenciárias para
o funcionalismo público.
As alterações detalhadas em três propostas de Lei
Complementar (10/2019, 11/2019 e 12/2019) e um Projeto de Lei (386/2019) tratam
do aumento da contribuição de civis ativos de 11% para 14% - uma imposição da
União aos estados com Previdência deficitária -, enquanto que a do Estado vai
de 18% para 23%. Militares pensionistas e militares inativos, atualmente não
taxados, passam a contribuir com 11%.
Os textos ainda estabelecem idade mínima para aposentadoria
de homens e mulheres (65 e 62 anos) e tempo mínimo de contribuição (35 e 30
anos); garantia da pensão por morte ao descendente até os 21 anos, e não só aos
18, como é atualmente; aposentadoria aos servidores não estáveis tratados como
estatutários pelo tempo de serviço; teto referente ao Regime Geral da
Previdência para percentual destinado à concessão de auxílio-funeral; não
incorporação previdenciária obrigatória de gratificação de vida, de modo que o
valor só seja pago enquanto ocorre a atuação que justifique o abono; e novas
regras de adesão à Previdência Complementar, alcançando obrigatoriamente somente
aqueles que ainda irão se aposentar.
Foi durante a discussão dessa mesma PLC, no final da manhã,
que o tumulto chegou ao interior da Alepa. Manifestantes conseguiram invadir o
prédio, pela entrada destinada aos membros da presidência da casa. Não chegaram
ao plenário porque os bombeiros, a Polícia Militar e a Tropa de Choque
contiveram a movimentação.
Os servidores estaduais já se concentravam em frente à sede
da Alepa. Eles queriam a retirada do Projeto da pauta. Para o coordenador geral
do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Beto
Andrade, a proposta é um ataque aos funcionários públicos. “Nós entendemos que
isso é golpe aos trabalhadores do serviço público paraense, porque não tiveram
minimamente um tempo de debate para fazer a discussão”, afirmou. “Não houve também
nenhum tipo de diálogo com as categorias sobre essa reforma que vem aumentar o
nosso tempo de contribuição, que reduz a pensão por morte, entre outras series
de ataque prejudiciais” disse.
Durante o ato, o portão de entrada da Alepa chegou a ser derrubado.
Para dispersar as pessoas e contornar a situação, o Batalhão de Choque da PM
reagiu com spray de pimenta e disparos com balas de borracha. Os servidores
colocaram uma tenda em frente ao prédio e ali permaneceram até o início da
tarde, no aguardo que uma comissão fosse recebida pelo presidente da Alepa.
A expectativa é de que, na sessão desta quarta (18), entre
em pauta também o 5º e último projeto relacionado à Previdência: a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC 16/2019) que garante a validade, junto a
Constituição Estadual, de todo o pacote.
Deputados consideram
que discussão é urgente
De acordo com o líder do Governo, deputado Francisco Melo
(Chicão), a votação foi bem-sucedida, levando em consideração a importância e
urgência do tema. “São normais as manifestações quando há projetos que criam
despesas ou que mexem com interesses de categorias, mas minha avaliação é
positiva e trata-se de algo que não pode ser adiado. O Governo Federal já fez e
estados que não se enquadrarem serão penalizados”, explicou.
Presidente da Comissão de Relações do Trabalho, Previdência
e Assistência Social (CRTPAS), o deputado estadual Igor Normando reforçou que
todos os projetos de lei tramitaram em conformidade com o regimento do
Legislativo Estadual. “Estamos fazendo de tudo para não fugir às regras e dar o
máximo de lisura ao processo. É um tema sensível e não pode deixar de ter
responsabilidade ao discutir sobre”, reforçou.
O deputado Fábio Freitas, do Republicanos (antigo PRB),
chegou a relacionar as perdas bilionárias da Lei Kandir acumuladas pelo Estado
com a necessidade das mudanças na lei. Nos demais momentos, deputados da
oposição, como Thiago Araújo (CIDA) e Marinor Brito (PSOL), se revezaram na
tribuna, citando tempo insuficiente para discussão do pacote, falta de
apresentação do cálculo atuarial por parte do Executivo, dentre outros pontos.
OUTRAS
A Lei Orçamentária Anual (LOA) 2020 não esteve na pauta de
ontem e nem deve estar na de hoje, já que ainda precisa ser validada pela
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (CFFO) - o que só deve
ocorrer na tarde de amanhã (19). Com isso, é possível que o expediente
legislativo seja esticado até o dia 30 de dezembro.
Passaram em segundo turno Projeto de Lei 344/2019 e a
Proposta de Lei Complementar (PLC 8/2019) que propõem mudanças na estrutura e
na forma de ingresso na Polícia Militar (PM-PA).
Em primeiro turno foram aprovados ainda o projeto Sua Casa,
que amplia o programa Minha Casa, Minha Vida. E, por fim, a operação de crédito
com o New Development Bank (NDB) no valor de US$ 168,6 milhões que serão
destinados a ações de infraestrutura e logística nas regiões de integração do
Baixo Amazonas, Carajás, Rio Caeté, Rio Capim, Tocantins e Xingu.
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