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PATRIMÔNIO

Imóveis importantes para Belém ainda são pouco conhecidos pela população

Mergulhada entre a vegetação localizada às margens da Estrada da Ceasa, em Belém, as ruínas de pedra do que chegou a ser uma capela destinada a Nossa Senhora da Conceição, ainda no século XVIII, guardam mais de 300 anos de história da capital paraense. Em

Imagem ilustrativa da notícia Imóveis importantes para Belém ainda são pouco conhecidos pela população camera Prédio que abriga o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. | Fernando Araújo/Diário do Pará

Mergulhada entre a vegetação localizada às margens da Estrada da Ceasa, em Belém, as ruínas de pedra do que chegou a ser uma capela destinada a Nossa Senhora da Conceição, ainda no século XVIII, guardam mais de 300 anos de história da capital paraense. Em pleno bairro do Curió-Utinga, as ruínas do Engenho do Murutucu são apenas parte de uma série de monumentos históricos que, apesar de fazerem parte do cotidiano da cidade e de preservarem uma importância histórica indiscutível, ainda são pouco conhecidos pela maioria da população.

A placa que identifica a presença das ‘Ruínas do Engenho do Murutucu’ instalada às margens da Estrada da Ceasa, ao final da via, quase passa despercebida. A um olhar mais atento porém, é possível perceber uma pequena entrada que dá acesso à área de floresta. É neste ponto que tem início o acesso mais rápido até as histórias guardadas pelo monumento.

Construído ao longo do século XVIII por João Manuel Rodrigues, segundo contam os arquivos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o engenho era considerado um dos melhores e mais bem equipados do Pará, onde eram produzidos açúcar e cachaça.

A partir daí, a documentação histórica aponta que o local passou pelas mãos de diferentes proprietários, incluindo figuras icônicas do cenário construído e modificado em Belém na época da Belle Époque. “A primeira ocorrência documentada que se tem sobre o engenho é da capela que foi fundada pelos padres Carmelitas em torno de 1711”, conta o arqueólogo e professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Patrimônio Cultural da Universidade Federal do Pará (UFPA), Diogo Menezes Costa.

“A partir daí a documentação traz algumas referências de vários proprietários que o engenho teve. Entre os mais famosos está o arquiteto Antônio Landi, que virou proprietário do engenho em meados de 1760”. Segundo o professor, indícios documentais indicam que Landi morreu no local, em 1791, o que fez com que a propriedade permanecesse em sua família. Em 1835, porém, o engenho foi palco de outro grande evento histórico ocorrido em Belém.

“Na época da Cabanagem, o Engenho também vira acampamento dos Cabanos, no período da 2ª investida dos Cabanos em Belém”, aponta Diogo. “Já no início do século XX, ele é comprado, na década de 30, para a instalação do antigo Instituto Agronômico do Norte (IAN), que posteriormente viria a se tornar a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). E na década de 80 o engenho é tombado pelo Iphan”.

Esse histórico relatado pelo professor refere-se aos registros documentais de uso e propriedade da construção. Além deles, as ruínas guardam outras referências históricas fundamentais que passaram a ser investigadas também a partir da década de 80.

ARQUEOLOGIA

“As primeiras investigações arqueológicas foram realizadas por uma professora da USP (Universidade de São Paulo). Nos anos 2000, o arqueólogo Fernando Marques, do Museu Goeldi, também trabalhou lá fazendo escavações tanto na área da casa, quanto identificações no sistema motriz”, aponta o arqueólogo Diogo Costa.

Já entre os anos de 2014 e 2016, o professor Diogo Costa conduziu algumas pesquisas arqueológicas no local, dentro de um projeto financiado por bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Em 2014 foi realizada a escavação da área da senzala do engenho, em 2015 foi investigada a área de trabalho dos negros escravizados que eram utilizados como mão de obra à época e em 2016 o projeto realizou uma delimitação do sítio arqueológico e a identificação de uma área em que há uma grande quantidade de vestígios das épocas de utilização do engenho.

Diogo explica que o trabalho busca trazer à tona a história invisibilizada do local. “O que se encontra pela arqueologia é o dia a dia das pessoas, o que não está registrado em trabalhos oficiais e documentações históricas, principalmente ao que se refere à atuação da população escravizada, das mulheres, das crianças”.

Os achados encontrados no local fazem parte do acervo do Museu Emílio Goeldi e da UFPA, resultando na elaboração de 3 teses de mestrado e de trabalhos de conclusão de curso. Atualmente, as investigações no local estão interrompidas, já que o projeto de financiamento do CNPQ do professor, que havia sido aprovado, foi atingido pela política de contingenciamento de financiamento de pesquisas mantida pelo governo federal.

“Essa pesquisa nova vai envolver não só a parte arqueológica, mas também a parte ambiental da área, já que estamos tratando de um ambiente que foi extrativista desde o seu primeiro momento, primeiro como um grande engenho de aguardente com produção de açúcar, mas também de cacau, arroz, algodão”, aponta. “Porém, até a mudança da política atual com relação à ciência, principalmente a respeito do patrimônio, temos que aguardar a liberação dos recursosjá aprovados”.

Palácios também guardam memórias pouco conhecidas

A relevância histórica de palácios como o Antônio Lemos, a Casa das Onze Janelas ou mesmo do Palacete Pinho é conhecida da população. Além deles, porém, o bairro da Cidade Velha guarda outras construções que preservam parte da memória de Belém e que nem sempre estão entre os ‘cartões-postais’ mais conhecidos da cidade.

Com sua fachada encoberta por azulejos adornados em azul, o prédio que abriga o Instituto Histórico e Geográfico do Pará, na Praça Dom Pedro II, já foi a morada do Barão de Guajará. Segundo os registros do Iphan, o edifício é um marco da decadência do patriarcado rural em Belém. Os primeiros relatos referentes ao casarão remontam ainda ao século XIX, a partir de quando o solar passa por diferentes proprietários, entre eles dois nobres do período do Império no Brasil, o Visconde de Arari e o Barão de Guajará, este último que dá nome ao prédio nos registros do Iphan.

A construção tem inspiração portuguesa, com piso e forros em madeira e um belo pátio interno. O prédio passou por restauros até ser reinaugurado em 1970, quando passou a abrigar o Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

Ainda na Cidade Velha, outro palácio integra o cenário de mais uma praça de Belém. Localizado na esquina da travessa Dom Bosco com a rua Doutor Assis, o prédio pintado de branco e tomado por grandes janelas e portas teria servido, de acordo com os registros da revista nº 10 do Iphan, de residência governamental e de sede do executivo paraense em uma fase do período colonial.

GOVERNADORES

O documento relata que, à época, ainda no século XVIII, a então Capitania do Pará era dependência administrativa do Estado do Maranhão, o que fazia com que os governadores tivessem residência em São Luís (MA). Porém, sempre que se fizesse necessária a presença do governador em Belém, o mesmo se deslocava para a capital e, segundo os relatos históricos, foi ordenada a construção de um palácio para abrigá-lo durante a estadia em Belém. Segundo o documento, tal palácio seria conhecido como Palácio Velho.

O casarão foi tombado pelo Iphan em agosto de 1944, “por seu valor arquitetônico e histórico” de grande importância para a história de Belém. Ainda de acordo com a Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Iphan, em 1943 foi lavrado um contrato entre a Prefeitura de Belém e o Colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo, passando o usufruto do imóvel ao colégio.

SAIBA MAIS

l ENGENHO DO MURUTUCU: RUÍNAS E CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Construído ao longo do século XVIII para a produção de açúcar e cachaça. Das ruínas que sobraram do engenho, o que ainda pode ser visto hoje é parte das paredes de pedra da capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, erguida em 1711 e restaurada na segunda metade do século XVIII pelo arquiteto Antônio Landi, que chegou a ser proprietário do local. Em um inventário realizado em 1840, registrou-se a presença de uma casa de vivenda, casa de engenho, senzala, roda d’água, moendas de ferro, entre outras construções. As ruínas foram tombadas pelo Iphan em outubro de 1981.

Fonte: Iphan.

l RUÍNAS DA ANTIGA IGREJA DE SANTO AMARO (FAZENDA VAL-DE-CANS)

A construção era parte da antiga Fazenda de Val-de-Cans, que pertenceu à Ordem dos Mercedários no período de 1675 até 1794, quando os religiosos foram expulsos e seus bens confiscados pela Coroa Portuguesa, no período em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. Recuperado, o espaço hoje é utilizado para a realização de eventos do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação.

l SOLAR DO BARÃO DE GUAJARÁ (PRÉDIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARÁ)

O Solar do Barão de Guarujá pertenceu a Domingos Antônio Raiol, o Barão do Guajará, que herdou o prédio ao se casar com a sobrinha do Visconde de Arari, tornando-se, ele e seus familiares, os últimos moradores do Solar. O Barão faleceu em 1912 deixando o Solar para seus herdeiros. Em 1942, o então prefeito de Belém, Abelardo Leão Condurú adquiriu o prédio que, desde 1944 abriga o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. O Solar do Barão de Guajará foi tombado pelo Iphan, em maio de 1950. Pode-se agendar visitas ao prédio, que ocorrem no período de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h. É possível obter maiores informações sobre as visitas na página do Centro de Visitação Solar Barão do Guajará no Facebook.

Fonte: IBGE

l PALÁCIO VELHO

O sobrado localizado na esquina da travessa Dom Bosco com a rua Doutor Assis tem dois pavimentos e camarinha ao centro – espécie de quarto de dormir construído no último andar, acima do telhado. Nas fachadas é possível ver uma série de portas e janelas em arco. O prédio foi tombado pelo Iphan em agosto de 1944.

Fonte: Iphan

Santo Amaro

Outra construção de pedra que segue preservando parte da história de Belém esta às margens da Baía do Guajará, com acesso pela rodovia Arthur Bernardes. Imponente, a edificação que remonta ao século XVII faz parte, hoje, da área do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) que, quando construído, restaurou e preservou a edificação identificada como a antiga Igreja de Santo Amaro.

Segundo os relatos históricos, a construção era parte da antiga Fazenda de Val-de-Cans, que pertenceu à Ordem dos Mercedários no período de 1675 até 1794, quando os religiosos foram expulsos e seus bens confiscados pela Coroa Portuguesa, no período em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. Recuperado, o espaço hoje é utilizado para a realização de eventos do CIIR.

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