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SAÚDE

Pará foi o 2º Estado com mais casos de mortes por Aids em 2018

A policial militar reformada Amélia Garcia convive há 25 anos com o HIV, mesmo tempo de uso da medicação específica que impede a manifestação da doença. Com uma rotina que inclui trabalho, afazeres domésticos, cuidados com a alimentação e com o corpo, ela

Imagem ilustrativa da notícia Pará foi o 2º Estado com mais casos de mortes por Aids em 2018 camera Ney Marcondes/Diário do Pará

A policial militar reformada Amélia Garcia convive há 25 anos com o HIV, mesmo tempo de uso da medicação específica que impede a manifestação da doença. Com uma rotina que inclui trabalho, afazeres domésticos, cuidados com a alimentação e com o corpo, ela é representante de um percentual infelizmente ainda pequeno de pacientes que conseguem lidar com o que já foi chamado de “mal do século” tal e qual como se lida com uma outra doença crônica qualquer.

Essa realidade a transformou em uma militante pela prevenção, em especial, junto aos jovens. “A minha estratégia é o choque de realidade, para que eles não caiam na cilada que é a Aids”. Assim como ela, o Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) também estão focados na faixa etária compreendida entre 15 e 29 anos, a mais frequente dentre os novos casos registrados ano a ano, e mais ainda a partir de 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

Durante o lançamento da campanha nacional, esta semana, o Governo Federal divulgou duas estatísticas preocupantes: a de que cerca de 135 mil pessoas em todo o Brasil têm o vírus e não sabem, e ainda o Pará em 2º (7,6/100 mil hab.) no ranking de mortalidade relacionada a doença no ano de 2018, atrás apenas do Rio Grande do Sul, e muito acima da média nacional, de 4,4. Belém também ficou em segundo no ranking de capitais com maior quantidade de notificações de casos de Aids, 56,1/100 mil hab.

De acordo com a coordenação de infecções sexualmente transmissíveis e Aids da Secretaria (IST/AIDS), os dados apontam queda nos registros de casos entre 2018 e 2019, de 2.700 para 1460 - incluindo-se aí as hepatites, HPVs, sífilis, gonorreia e clamídia. A queda nas notificações de Aids e HIV caíram de 1345 para 650 (até novembro desse ano), e a expectativa é de que os números sejam ainda menores em 2020.

“Domingo é somente o dia da conscientização. Há outros períodos de vulnerabilidade. O estigma e o preconceito são importantes de combater, não se pode mais reduzir os riscos a apenas um ou alguns grupos de risco segmentado”, detalha Andrea Chagas, que coordena o setor da Sespa. “Jovens estão se contaminando muito mais, o índice entre eles é maior. Hoje há prevenções químicas, como a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), o teste rápido nas unidades de saúde, inclusive para gestantes, o preservativo. É o que chamamos de mandala de prevenção combinada”, detalha.

Andrea explica que outra preocupação da coordenação é atenção e primeiros cuidados aos pacientes, em especial no sentido de sensibilizar para a necessidade de adesão ao tratamento. “Estamos, desde a atenção primária, promovendo essa orientação, para que a pessoa saiba que há qualidade de vida se usar medicamentos. É como uma diabetes ou cardiopatia, se não tratar da forma correta, a condição evolui a um estágio grave. Isso permite uma coisa que é muito importante: o engajamento, a rotina da escola, em sociedade, na igreja e outros ambientes. Os tratamentos, assim como a profilaxia, também evoluiram”, assegura.

ROTINA

A rotina de Amélia é mesmo como qualquer outra. Mas ela sabe que, para além da medicação, os hábitos saudáveis de comer bem, fazer exercícios, têm um peso muito maior nessa configuração. “Precisamos nos responsabilizar pelo nosso tratamento e bem-estar como um todo. Tem que sair da vitimização, assumir o fato e lutar para viver. Falo isso para os jovens com quem tenho a oportunidade de lidar. E é preciso falar mais sobre sexualidade, sobre Aids. É uma questão de saúde”, analisa.

Pará foi o 2º Estado com mais casos de mortes por Aids em 2018
📷 |Ney Marcondes/Diário do Pará

Ao mesmo tempo, ela reconhece que tudo isso tem a ver com a própria sustentabilidade financeira e familiar - e há muitos pacientes que não conseguem isso, o que prejudica todo o tratamento, quando não acaba por interrompê-lo.

Mobilização para incentivar a prevenção

Há 26 anos, o Grupo Paravidda, no bairro do Jurunas, oferece serviço voluntário para pessoas que vivem com o HIV e Aids no Pará. Além da creche, a instituição atende a 1.500 associados, possui um albergue com 16 leitos e distribui cestas básicas mensais para cerca de 500 pessoas. Em escolas e outros ambientes, ministram palestras, distribuem cartilhas e seguem em uma mobilização para disseminar o uso do preservativo como obrigatório.

“Tem orientação, tem preservativo. O que não tem é o hábito do uso”, lamenta Toninho de Lima, vice-presidente da entidade e da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+ Belém).

Ele conta que o ano de 2019 foi duro para a militância, que perdeu muitos companheiros em decorrência da evolução da doença. Boa parte piorou porque decidiu, por algum motivo, negar o tratamento. “Quando adoecem, já é tarde demais. Há muitos morrendo nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), porque é muito difícil conseguir leito de internação”, criticou.

SITUAÇÃO

Coordenadora do Fórum Paraense de ONG/Aids, Redes+, Hepatites Virais e Tuberculose, Maria Elias Silveira aponta falhas na política de prevenção. “Não é descentralizada, atua como se fosse mais fácil tratar do que prevenir”, diz. “Temos aqui pessoas finalizando mestrado, entrando na academia, que escolheram ter filhos, porque é possível, já existem tecnologias. Mas quando a pessoa assume a sorologia publicamente, as pessoas só conseguem ver o vírus. Esquece que se trata de alguém, um ser humano com vida, emprego, tarefas”, dispara Maria Elias.

Diante desse cenário, Andrea Chagas, da Sespa, reforça o papel da campanha. “Tentamos a sensibilização para mostrar que todos precisam se cuidar. São 30 agentes etiológicos que podem permitir o acesso do vírus. Uma infecção sexual é a porta de entrada para um sistema imunológico baixo”, conclui.

Situação no país

O Brasil conseguiu evitar 2,5 mil mortes por Aids entre os anos de 2014 e 2018. Nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença caiu 22,8%, de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018.

A maioria dos casos de infecção no país é registrada na faixa etária de 20 a 34 anos, com 18,2 mil notificações (57,5%). Em 2018, 43,9 mil casos novos de HIV foram registrados no país.

O maior número de gestantes infectadas com HIV (27,8%) está entre jovens de 20 a 24 anos.

Estima-se que 12,3 mil casos foram evitados no país, no período de 2014 a 2018. Nesse mesmo período houve queda de 13,6% na taxa de detecção de casos de Aids, sendo 37 mil casos registrados em 2018 e 41,7 mil em 2014.

lEm toda série histórica, a maior concentração de casos de Aids também está entre os jovens, em pessoas de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo masculino e, entre as mulheres, a 48,4% do total de casos registrados.

Fonte: Ministério da Saúde

Profilaxia

PEP – Profilaxia Pós-Exposição – É o uso de medicamentos antiretrovirais por pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV em situações como: violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha), acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico).

PrEP – Profilaxia Pré-Exposição ao HIV – É o uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar com vírus. A PrEP, deve ser utilizada se a pessoa acha que pode ter alto risco para adquirir o HIV.

Fonte: Ministério da Saúde - Governo Federal

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