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Ophir Loyola utiliza biologia molecular como ferramenta no tratamento do câncer

A biologia molecular revolucionou o diagnóstico e o tratamento do câncer. A evolução dos testes moleculares permitiu a identificação de mutações responsáveis pelo aparecimento da neoplasia maligna, as diferenças genéticas dos tumores de enfermos com um me

Imagem ilustrativa da notícia Ophir Loyola utiliza biologia molecular como ferramenta no tratamento do câncer camera Arquivo/Ag. Pará

A biologia molecular revolucionou o diagnóstico e o tratamento do câncer. A evolução dos testes moleculares permitiu a identificação de mutações responsáveis pelo aparecimento da neoplasia maligna, as diferenças genéticas dos tumores de enfermos com um mesmo tipo de câncer e a melhor terapia a ser utilizada em um determinado indivíduo.

Em Belém, o Hospital Ophir Loyola (HOL), Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Pará, atualmente trata 3264 pacientes com câncer e é o único da região Norte a utilizar as análises de biomarcadores como ferramentas de diagnóstico, prognóstico e monitoramento da terapia utilizada nos pacientes oncológicos. O hospital, por meio do Laboratório de Biologia Molecular, detecta alterações genéticas relacionadas às malignidades a partir das análises qualitativas e quantitativas dos ácidos nucleicos das células tumorais.

Utiliza-se qualquer amostra biológica do paciente, como biópsias, sangue, medula óssea ou qualquer outro espécime biológico, para a extração de três tipos de moléculas: o ácido desoxirribonucleico (DNA), onde localiza-se todas as informações genéticas; o ácido ribonucleico (RNA) responsável pela síntese de proteínas das células do corpo e própria proteína.

Essas moléculas podem sofrer modificações, ou seja, mutações genéticas chamadas de biomarcadores. A mutação é própria do DNA que vai gerar um RNA diferente do normal que, por sua vez, gera uma proteína também distinta, denominada de oncoproteína, responsável pela proliferação celular desgovernada, o tumor.

As diferenças genéticas dos tumores dos pacientes com um mesmo tipo de câncer provocam diferentes respostas ao tratamento, aumento ou diminuição no tempo de terapia e maior ou menor risco ao paciente, além de elevar os custos do Estado. Situação essa que já não ocorre no Hospital Ophir Loyola, visto que o diagnóstico molecular proporciona informações para um melhor direcionamento terapêutico, redução das despesas e o aumento na expectativa de vida e de cura.

O pesquisador e coordenador do laboratório, Rommel Burbano, elucida que antes dos avanços do estudo da genética do câncer, a eficácia dos medicamentos era avaliada fenotipicamente, isto é, clinicamente. E, se os exames de análise clínica mostrassem uma melhora, o paciente, muitas vezes, recebia alta antes da hora. Porém, as análises dos biomarcadores são mais assertivas.

"Os biomarcadores devem desaparecer conforme a terapia proposta ao paciente. Quando o tratamento não é eficaz, eles se manterão crescentes e indicarão ao especialista que precisará mudar a conduta e optar por um medicamento de segunda geração, oneroso para o SUS, mas para um paciente que de fato necessite, pois apresenta uma malignidade peculiar. O biomarcador é extremamente específico, somente a ausência dele pode levar à cura do paciente. Existem situações em que nem todos os biomarcadores desaparecem, mas podem ser controlados", esclarece.

Segundo Burbano, os padrões genéticos e bioquímicos de um tipo de neoplasia maligna permitem identificar o desenvolvimento do câncer em cada indivíduo. "Essa personalização da assistência é possível por meio de biomarcadores genéticos que trazem informações cruciais para prevê se o paciente terá uma boa resposta ao tratamento. Assim, as modalidades terapêuticas deixam de ser aplicadas para grupos de pacientes, com determinados tipos de câncer, cujos biomarcadores indiquem resistência ao tratamento e as características de um indivíduo passam a ser analisadas de forma isolada", ressalta.

Por outro lado, a detecção de biomarcadores de hereditariedade permite determinar se membros da família de pacientes oncológicos podem vir a desenvolver o mesmo tipo de câncer, e assim se consegue prevê determinadas doenças. Alguns dos biomarcadores utilizados no Ophir Loyola indicam, por exemplo, quais pacientes hematológicos são prioridade na fila de espera por um transplante de medula óssea e quais não têm tanta urgência na indicação desse procedimento, visto que a quimioterapia pode curá-los.

A biologia molecular também é utilizada para detectar a presença de vírus, informação importante para o tratamento de casos de câncer de cabeça e pescoço que têm como uma das causas o Papilomasvírus Humano (HPV), assim como indica tumores que não possuem relação com o mesmo. Quando detectado a presença desses patógenos, indica-se qual dos pacientes vai reagir melhor aos diversos tipos de terapia.

"Alguns medicamentos podem não surtir efeito para o tratamento do mesmo tipo histológico de tumor em indivíduos geneticamente diferentes. Os portadores de HPV reagem melhor à quimioterapia e à radioterapia do que aqueles que desenvolveram o tumor devido ao ambiente, portanto são indicados à cirurgia. Consegue-se poupar os enfermos de procedimentos cirúrgicos desnecessários, são tratados com fármacos", explica Rommel.

As técnicas de citogénetica molecular - ramo da genética que estuda a estrutura e função dos cromossomos da célula - conseguem quantificar os genes responsáveis pela produção de receptores hormonais e receptores de fatores de crescimento, de suma importância para o tratamento das pacientes com câncer de mama. Essas metodologias revelam o quão amplo é o campo de atuação da Genética do Câncer.

"A retirada da mama causa depressão em muitas mulheres, então realizamos testes a fim de identificar quais antidepressivos vão melhorar o quadro emocional das pacientes. Isso faz com que o acompanhamento pós-cirúrgico seja eficiente e torna o atendimento mais humanizado", destaca o pesquisador.

Outro exemplo de como a análise de biologia molecular pode influenciar no tratamento de uma neoplasia vem dos estudos dos astrocitomas, tipos de tumores do sistema nervoso central que podem também ser tratados por quimioterápicos. Os testes genéticos mostram os pacientes que vão reagir bem à quimioterapia, inclusive existe uma droga que consegue eliminar as células tumorais, mas alguns pacientes têm um sistema de reparo celular que quando é muito eficaz, a droga não funciona. Opta-se então pela cirurgia.

Os maiores avanços científicos estão no tratamento das leucemias, seguido do câncer de mama. Para outros tumores, como os de estômago e de pâncreas, ainda os biomarcadores moleculares não estão totalmente consolidados e são objeto de pesquisas. De qualquer forma, para Rommel Burbano não há dúvidas sobre os benefícios provenientes da investigação dos genes associados ao câncer. "É sem dúvida um grande avanço, principalmente quando se trata de saúde pública, pois aqui oferecemos uma medicina personalizada que permite o diagnóstico, prognóstico, direcionamento clínico e monitoramento do tratamento quimioterápico específico para cada paciente", ressalta.

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