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PRODUÇÃO

Agricultura familiar garante alimento aos paraenses

Fartos nas feiras e comércios livres de Belém, produtos como hortaliças e verduras podem parecer saídos de uma grande propriedade agrícola com extensa capacidade de produção. A verdade, porém, é que muitas das vezes tais produtos são fruto do cultivo real

Imagem ilustrativa da notícia Agricultura familiar garante alimento aos paraenses camera Setor é responsável por 38,65% do valor total da produção agrícola do Estado, diz IBGE | Ricardo Amanajás/Diário do Pará

Fartos nas feiras e comércios livres de Belém, produtos como hortaliças e verduras podem parecer saídos de uma grande propriedade agrícola com extensa capacidade de produção. A verdade, porém, é que muitas das vezes tais produtos são fruto do cultivo realizado pelos pequenos produtores em seus próprios locais de moradia.

De acordo com o último Censo Agropecuário, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 85% dos estabelecimentos agrícolas do Pará são da agricultura familiar, fazendo do setor o responsável por 38,65% do valor total da produção agrícola do Estado.

Caracterizada, entre outros aspectos, pela utilização predominante de mão de obra da própria família nas atividades econômicas do empreendimento, a agricultura familiar tem um impacto significativo no próprio abastecimento das feiras e mercados da cidade.

“Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros vêm da agricultura familiar”, aponta Cleide Amorim, presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). “O Estado do Pará tem papel fundamental na produção agrícola porque produz muitos alimentos e, inclusive, com a introdução deles na merenda escolar de muitos municípios paraenses como açaí, cacau, mel e leite, por exemplo”.

A produção robusta registrada no Estado do Pará pela agricultura familiar pode ser constatada em plena área urbana da Região Metropolitana de Belém (RMB). No bairro do Curuçambá, em Ananindeua, cerca de 60% das famílias ali instaladas vivem da agricultura. “Aqui, no meio da cidade, o mercado é muito bom. Os revendedores e intermediários da feira do Entroncamento e até do Ver-o-Peso vêm até aqui para comprar a nossa produção”, orgulha-se o agricultor familiar e líder comunitário Luiz Brito, 74 anos. “Eu tenho três filhos e todos trabalham na agricultura”.

Apesar do fortalecimento da atividade nos dias de hoje, Luiz lembra que nem sempre foi assim. Muito do conhecimento adquirido para auxiliar no cultivo das hortaliças folhosas, espécie predominante na comunidade, veio da assistência técnica recebida do escritório local de Ananindeua da Emater, que semanalmente vai até o bairro para prestar orientação aos agricultores. “Espaço tem para trabalhar, então é só seguir as orientações direitinho que prospera”, considera o agricultor.

TRABALHO

O incentivo aliado à orientação foram suficientes para levar o jovem Joefson Sousa da Silva, 36 anos, a garantir a subsistência da família a partir do trabalho com a terra. Ele lembra que, antes de ser agricultor, chegou a trabalhar como padeiro, açougueiro, carregador. Porém, nenhuma das funções lhe garantiu a satisfação de poder colher, com as próprias mãos, o fruto do trabalho aplicado na própria propriedade onde mora. “Até enquanto eu tiver vida, pretendo ficar na agricultura. É uma coisa que eu faço com vontade”.

Com a ajuda da esposa, Maria José de Assunção, 32 anos, o produtor cultiva uma boa variedade de hortaliças: alface, cheiro verde, couve, cebolinha, alecrim, hortelã, jambu, pimentas verdes e ainda maneja a mandioca, em menor escala, e um pequeno açaizal nativo. Além da plantação em si, o casal de agricultores ainda se preocupa em produzir a própria compostagem que aduba a produção e cultiva ervas medicinais como forma de, também, atuar no controle de insetos e pragas. “Aqui eu vou plantando o que dá”, diz Joefson.

Impacto também na economia do Estado

Além da influência na circulação de alimentos, a agricultura familiar impacta, também, na economia do Pará. Além de prestar assistência técnica, a Emater é responsável pela emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAF), que garante acesso do produtor familiar a diversas políticas públicas, incluindo o acesso ao crédito em instituições financeiras.

Engenheiro florestal da diretoria técnica da Emater, Márcio Nagaishi aponta que somente de janeiro a setembro de 2019, mais de dois mil projetos elaborados pela Emater foram aprovados por instituições financeiras, resultando na concessão de mais de R$53 milhões em créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) a agricultores familiares no Estado. “O ganho é econômico e também social”.

Produção é vendida nas feiras

A possibilidade de diversificar a produção e buscar por uma forma de cultivo mais saudável também é destacada pela agricultora familiar Rosana Mota, 43 anos. Bisneta, neta e filha de produtores rurais, Rosana e o esposo, Helvio Silva, 52 anos, também têm na agricultura familiar o negócio que garante o sustento da família. “Eu e o meu esposo somos apaixonados por produzir, colher aquilo que você mesmo plantou”, conta. “É como um parto, acompanhar o nascimento de uma verdura ou legume”.

Em uma propriedade mais afastada da capital paraense, localizada na área rural do município de Mãe do Rio, Rosana e o esposo produzem frangos e ovos caipiras, mel, macaxeira, polpas de frutas, leite e queijos artesanais. O escoamento da produção é garantido pela participação em diversas feiras, dentre elas a Feira da Agricultura Familiar da Universidade Federal do Pará (UFPA), que ocorre duas vezes por mês, no Vadião.

Desde que decidiram adquirir uma pequena propriedade rural, na época com três cabeças de gado, já são 16 anos de subsistência da agricultura. “A agricultura também tem uma raiz cultural e no nosso Estado isso é muito forte”, considera Rosana. “Poder olhar no olho do cliente e dizer: esse aqui eu produzi. Produzi com borra de café, com cascas de ovos... Isso é contagiante”.

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