Embora ainda não tenha chegado na Assembleia Legislativa do
Estado do Pará (Alepa), o pacote de alterações na legislação previdenciária,
divulgado na segunda-feira (18) pelo governador Helder Barbalho (MDB), os
deputados repercutiram o anúncio em discursos na tribuna na sessão de ontem.
Cientes de que o déficit gerado pelo pagamento dos inativos
esse ano deve fechar em R$ 1,6 bilhão, a maioria adianta entendimento sobre a
necessidade de mudanças para garantir um mínimo de investimentos para 2020 e
anos seguintes, ao mesmo tempo em que concorda sobre a impossibilidade de
apreciação e votação sem um amplo debate sobre o assunto. O ano legislativo
termina em 20 de dezembro.
Dentre os pontos previstos no pacote estão as novas
alíquotas, que alcançam não só os servidores como também a própria máquina
pública. A contribuição de civis ativos passaria de 11% para 14% - uma
imposição da União aos estados com Previdência deficitária -, enquanto que a do
Estado vai de 18% para 23%. Militares pensionistas e militares inativos,
atualmente não taxados, passam a contribuir com 11% (Veja mais no box ao lado).
Presidente da Comissão de Segurança Pública (CSP) da casa, o
deputado Toni Cunha (PTB) disse não ter tido acesso ainda ao texto original dos
projetos de lei, mas reforçou que os militares representam uma categoria que
precisa de “tratamento diferenciado”. “Não posso deixar o policial militar, que
passa o dia na rua, submetido a uma pressão terrível, sujeito a regras comuns.
Mas prefiro me manifestar quando o pacote chegar à casa. O sistema
previdenciário é solidário e contributivo, e todos têm que contribuir,
inclusive aposentados”, analisou.
O petista Carlos Bordalo, que preside a Comissão de Direitos
Humanos e Direito do Consumidor (CDHDC), antecipou que pedirá reuniões
conjuntas incluindo, além da própria, as comissões de Constituição e Justiça (CCJ),
de Fiscalização Financeira e Orçamentária (CFFO) e das Relações do Trabalho,
Previdência e Assistência Social (CRTPAS) durante a tramitação que antecede a
apreciação em plenário.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
“Pelo que já soube, as distorções do sistema são o foco,
financiamento, previsibilidade ou não de garantias para o futuro e o
enfrentamento dos problemas dos inativos, que é histórico e estrutural. Se for
feito dentro desses parâmetros de urgência e com legitimidade, acredito que
temos tempo, sim”, declarou, corroborando a necessidade de realização de
audiência pública sobre o assunto e ainda que as regras a serem aprovadas não
atinjam quem já está submetido ao regime atual.
Líder do Governo, o deputado Francisco Melo, o Chicão (MDB),
diz que não descarta alterações aos textos originais enviados pelo Governo no
decorrer da tramitação e votação. “A questão do aumento da alíquota é certa,
pois já é definido na esfera federal, e vejo que a questão da contribuição dos
militares precisa de avaliação. Não vejo contribuições como fatores
impeditivos, ou o próprio governador não teria tido a preocupação de chamar
sindicatos para tratar das alterações antes de se reunir com o parlamento”,
defendeu.
Eliel Faustino (DEM), líder da oposição, insistiu na
necessidade de apresentação, por parte do Executivo, do cálculo atuarial
previdenciário, que mede os riscos das mudanças e justifica a necessidade do
que será proposto. Lembrou ainda sobre a Proposta de Emenda Constitucional que
quer ampliar a Reforma da Previdência do Governo Federal a estados e
municípios, a PEC paralela, em tramitação no Congresso Nacional. “Corremos o
risco de antecipar uma discussão que a PEC paralela pode vir a prever. O Estado
não está tão mal porque consegue pegar empréstimos, vai pagar servidores antes
do Natal, então pedimos cautela”, ponderou.
PROJETOS
Na pauta do dia da Assembleia Legislativa do Pará, esgotada
pelos deputados até o fim da sessão, foram aprovados, dentre projetos de
utilidade pública, uma alteração na estrutura do Plano de Cargos, Carreiras e
Remuneração dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE)
prevendo criação e extinção de cargos, além de progressões de função, com
impacto financeiro limitado ao orçamento do órgão. E ainda, em projeto de
autoria de Faustino, a alteração do nome do Parque Estadual do Utinga para Parque
Estadual Camillo Vianna, em homenagem ao médico e ecologista paraense falecido
em setembro deste ano.
OUTRAS MUDANÇAS
As outras alterações dizem respeito ao estabelecimento de
teto referente ao Regime Geral da Previdência para percentual destinado à concessão
de auxílio-funeral; não incorporação previdenciária obrigatória de gratificação
de vida, de modo que o valor só seja pago enquanto ocorre a atuação que
justifique o abono; novas regras de adesão à Previdência Complementar,
alcançando obrigatoriamente somente aqueles que ainda irão se aposentar; e
previsão da possibilidade de aposentadoria e pensões para servidores
estatutários não estáveis.
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