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TRANSTORNOS

Pedestres e ciclistas em risco com o BRT

A aposentada Valdíria Floriano, 62, moradora do distrito de Outeiro, estava insatisfeita. Ela entrou em um ônibus do BRT Belém em uma estação de passageiros próximo ao Entroncamento, e desceu no Terminal Maracacuera, em Icoaraci, que começou a operar onte

Imagem ilustrativa da notícia Pedestres e ciclistas em risco com o BRT camera Alguns ciclistas utilizam o próprio corredor expresso para trafegar, uma vez que não há ciclofaixa e nem ciclovia | Fernando Araújo/Diário do Pará

A aposentada Valdíria Floriano, 62, moradora do distrito de Outeiro, estava insatisfeita. Ela entrou em um ônibus do BRT Belém em uma estação de passageiros próximo ao Entroncamento, e desceu no Terminal Maracacuera, em Icoaraci, que começou a operar ontem. Porém, ao sair do local, percebeu que teria de arriscar a própria vida para atravessar a avenida Augusto Montenegro até chegar em casa. “Ninguém me deu informação de qual ônibus eu tenho de pegar. Aqui não tem semáforo. Os carros não param para a gente nessa faixa de pedestre. Não tem orientação alguma aqui. Falta organizar isso”, reclamou.

Valdíria não foi a única a se indignar. O motorista André Moura, 63, mora em Icoaraci e também teve a mesma experiência que a aposentada. “Não tem informação, está confuso. Na verdade, só é válido para quem mora perto do terminal. Quem mora mais longe, como eu, na sétima rua, tem de descer aqui e pagar outra passagem. Se há alguma mudança de veículo aqui, não tem ninguém para informar”, reclamou.

A atividade do sistema desde São Brás até Icoaraci foi liberada pela Prefeitura de Belém de forma experimental para os ônibus articulados e os veículos da linha Troncal – aqueles com capacidade para 83 passageiros, com portas de ambos os lados e que permitem o embarque e desembarque também nos terminais e estações do BRT. No entanto, os belenenses que esperam a plenitude do sistema há mais de sete anos, que pretendia atender, inicialmente, 600 mil usuários do transporte público da capital ao longo de 20 km de extensão, o que foi entregue à população até o momento, não atende a todos e ainda os tornam desacreditadoscom a entrega do sistema.

“Se for para beneficiar o povo, nada funciona, principalmente para o trabalhador que depende do transporte público. Ao meu ver, essa obra será apenas de enfeite, apenas para gastar o dinheiro do povo. É uma enrolação que está aí desde o prefeito passado e esse agora. Para mim, o BRT Belém não serve”, comentou Laudicéia Rodrigues, 57, autônoma.

Nas redes sociais, a população também se manifestou revoltada com “as linhas de outeiro que estão de fora”. “Acabei de passar por lá no ônibus da linha Outeiro/São Brás e o mesmo não entrou no Terminal Integrado”, comentou Enne Oliveira, em um perfil. Na mesma rede social, Vinicius Alexandre também disse que “ficou confuso”, e questionou: “Quer dizer que os ônibus da ‘tal’ linha troncal seria tipo uma ‘linha alimentadora’?”.

Sem ter por onde passar, pedestres ocupam a pista para fugir até do lixo nas margens
📷 Sem ter por onde passar, pedestres ocupam a pista para fugir até do lixo nas margens |Fernando Araújo/Diário do Pará
Várias muretas ao redor da pista estão quebradas no caminho entre São Brás e Icoaraci.
📷 Várias muretas ao redor da pista estão quebradas no caminho entre São Brás e Icoaraci. |Fernando Araújo/Diário do Pará

Outras dezenas de pessoas demonstraram desorientadas a respeito do assunto, chegando a apelar ao Ministério Público do Estado (MPPA) para impedir a liberação do fluxo do BRT até Icoaraci, pois além da confusão que as informações liberadas pela Prefeitura de Belém estão gerando, a avenida Almirante Barroso e, sobretudo, a avenida Augusto Montenegro, por onde passa o BRT, não atendem a necessidade de todosos grupos da sociedade.

Na Almirante Barroso, por exemplo, das 16 estações de passageiros, somente sete estão funcionando, enquanto as demais permanecem fechadas. Já na Augusto Montenegro, as 12 estão abertas, porém, com pouca movimentação de usuários do transporte público.

PROBLEMAS

Durante a tarde de ontem, a reportagem encontrou outros problemas ainda mais graves e que colocam em risco a vida das pessoas. Entre eles, a distribuição dos semáforos. O espaço entre eles, na avenida Augusto Montenegro, é quilométrico, despertando a necessidade da população em enfrentar os veículos para chegar ao outro lado.

Para piorar, não há passarelas e tampouco faixa de pedestres, assim como não existe ciclofaixa ou ciclovia, obrigando os ciclistas a disputarem o mesmo espaço com os veículos até mesmo na faixa expressa. “Aqui em frente ao Sest Senat havia uma ciclofaixa. Agora, nem isso. A gente arrisca a vida todos os dias. Ficamos entre uma linha e outra. Quem fez essa obra deveria se importar com todos que utilizam essa via. Isso precisa ser aprimorado”, avaliou MauroSilva, 40, serviços gerais.

Aparentemente concluída em alguns trechos, as obras do BRT Belém também deixam mazelas que prejudicam a população. Em frente ao novo Terminal Maracacuera, existe um bueiro aberto, sinalizado com pneus de carro. Os entulhos e restos da obra também acabaram tomando conta das laterais da Augusto Montenegro que deveriam ser construídas as calçadas, principalmente a partir do Terminal do Tapanã, sentido Entroncamento – Icoaraci. “O asfalto é de péssima qualidade, há várias ondulações. Não temos calçada nem ciclofaixa, as estações não funcionam. Querem inaugurar essa obra sem nada disso. É uma palhaçada”, disparou Ricardo Oliveira, 52, autônomo.

SEM RESPOSTA

O DIÁRIO entrou em contato com a Prefeitura de Belém, falou das reclamações da população, solicitou posicionamento e ainda questionou a respeito do valor total gasto até o momento com a obra, bem como quanto ainda deve ser investido e qual a previsão de conclusão da obra, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

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