As principais procissões do Círio de Nossa Senhora de Nazaré passam por locais bastante frequentados, não só pela população local, como por visitantes de outros estados e países. São considerados pontos turísticos por guardarem parte da história da capital paraense. Contudo, a menos de duas semanas para a festa católica, que deve atrair mais de 80 mil turistas para a cidade, alguns espaços públicos seguem abandonados, como o Complexo Ver-o-Peso e as praças Waldemar Henrique e do Relógio.
Famosa por ser a maior feira livre da América Latina, o Ver-o-Peso padece à espera de um projeto de revitalização que ainda não saiu do papel. Sem prazo determinado para a execução efetiva das obras, os feirantes e clientes sofrem com a inadequada infraestrutura que o espaço oferece. Vale ressaltar que a feira integra o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2012.
Desde o estacionamento, já é possível observar os problemas: mau odor de urina, sujeira por todo lado, falta de acessibilidade e de lixeira. Na área dos boxes de venda de comidas, há buracos na cobertura e lixo espalhado pelo chão. “A Prefeitura veicula uma propaganda enganosa daqui. O direito de ir e vir para deficientes físicos e visuais não existe. É um patrimônio deteriorado que afasta a freguesia, embora ainda seja uma feira bastante frequentada”, pondera Miguel Cordeiro, 48, feirante que cresceu no Ver-o-Peso, junto da família que trabalha no local.
Ele afirma ter presenciado diversos incidentes, sobretudo na área de venda de comidas, tudo pela ausência de infraestrutura. “A gente perdeu a dignidade de trabalhar aqui. Já aconteceram vários acidentes na área de comida. Até explosão de botijão. É um espaço pequeno que não tem uma rede de extintores para combater incêndios”, critica Miguel.
PRAÇAS
A praça que homenageia o maestro paraense Waldemar Henrique, situada no bairro do Reduto e próxima do centro comercial de Belém, há muito tempo deixou de ser um espaço de lazer para a população e hoje serve de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas. Os monumentos erguidos ali estão totalmente descaracterizados e depredados, dando espaço para pichações, muita sujeira e mato.
O mau cheiro também incomoda quem passa pelo local. “Quase todos os dias pego ônibus aqui. É horrível esse abandono, tanto para nós moradores, quanto para os turistas que vem visitar uma cidade cheia de praças depredadas”, reclama o técnico em eletrônica Raimundo Moura.
A situação é semelhante na Praça do Relógio. Situada no bairro da Cidade Velha, pelo local passam milhares de romeiros durante o Círio de Nazaré. Mesmo assim, o espaço segue sem manutenção. As calçadas permanecem quebradas, postes e luminárias depredados, mato, sujeira e cheiro de fezes.
Símbolo histórico da cidade, o relógio no alto da torre de ferro não funciona e os quatro postes de ferro estão deteriorados, servindo inclusive de lixeira. A autônoma Aline Souza, 36, trabalha há quatro anos vendendo lanches na área e diz que o movimento só piora a cada ano que passa. “As pessoas que passam por aqui reclamam das condições dessa praça. A venda caiu. Está tudo abandonado”, lamenta.
PREFEITURA
Em nota, a Secretaria de Saneamento (Sesan) informa que a coleta de lixo nos referidos espaços é feita diariamente, assim como também a varrição das praças. A lavagem é feita de forma programada. “No Ver-o-Peso a coleta é feita duas vezes ao dia por conta do grande volume produzido no local. A limpeza é feita por uma equipe fixa responsável pelo saneamento de todo o Complexo”, afirmou.
Com relação a reformas e revitalização, a Secretaria Municipal de Urbanismo diz que está executando um programa de manutenção de logradouros que também contempla as praças citadas. “A do Relógio aguarda licitação ainda esta semana e a Waldemar está com serviços programados. A reforma do Ver-o-Peso está com processo licitatório marcado para o próximo mês”, garante.
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