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Dor de barriga sem fim: atenção, pais, o incômodo pode ser sinal de doença crônica

Fortes e repetidas cólicas ou diarreias frequentes devem deixar os pais em alerta. Apesar dos sintomas serem associados a viroses ou “vermes”, por trás da dor de barriga pode estar enfermidades sérias, como o câncer ou uma Doença Inflamatória Intestinal (

Fortes e repetidas cólicas ou diarreias frequentes devem deixar os pais em alerta. Apesar dos sintomas serem associados a viroses ou “vermes”, por trás da dor de barriga pode estar enfermidades sérias, como o câncer ou uma Doença Inflamatória Intestinal (DII).

Não há cura para a doença e nem se sabe sua causa, mas o psicólogo, psicanalista e especialista em psicologia da saúde pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Leivanio Rodrigues, diretor da Associação de Pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais do Pará (ADIIPARA), explica que sua manifestação pode ser multifatorial.

“Algumas teorias dizem que seria uma desordem do sistema imunológico. Os hábitos de vida do paciente podem levá-lo a desenvolver ou ativar a doença se ela estiver em remissão (suspensão total dos sintomas)”, destaca.

Sara Moraes, de 30 anos, sofre com a doença desde a infância, mas o diagnóstico fechado só ocorreu há um ano. “Desde sempre alguns alimentos nunca me fizerem bem. Quando os sintomas pioraram, eu cheguei a pesar 32 kg, mas tem como ter uma qualidade de vida boa, mas com o tratamento adequado”, garante ela.

Doença Inflamatória Intestinal: o que é?

Leivanio explica que a Doença Inflamatória Intestinal a grosso modo é uma condição na qual os intestinos passam a ser atacados pelo sistema imunológico, ou seja, uma doença autoimune.

As Doenças Inflamatórias Intestinais são divididas em dois principais grupos: a colite ulcerosa e a doença de Crohn. “A designação de doença inflamatória intestinal aplica-se essencialmente à doença inflamatória crônica intestinal de causa desconhecida, uma vez que existem outras doenças intestinais inflamatórias ou infecciosas que não se encaixam nesta definição”, destaca o diretor da ADIIPARA.

Segundo Leivanio, a colite ulcerativa pode acometer todo o intestino grosso ou só parte dele, que se caracteriza por inflamação e ulceração da camada mais superficial do cólon, cujos sintomas são diarreia, muito frequente com sangramento retal e às vezes dor abdominal. A colite ulcerativa pode afetar apenas a partes do cólon ou todo o cólon, quando isso acontece é chama de Pancolite.

Já a doença de Crohn, de acordo com Leivanio, pode afetar qualquer área do trato gastrointestinal, do ânus à boca, incluindo o intestino delgado, além de poder haver áreas de intestino normal entre as áreas de intestino doente, as chamadas áreas “poupadas”.

Diretor da ADIIPARA Leivanio Rodrigues. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A colite ulcerativa afeta apenas a camada mais superficial do cólon, enquanto a doença de Crohn pode afetar toda a espessura da parede intestinal. A colite ulcerativa e a doença de Crohn são diferentes da síndrome do intestino irritável, conhecida como SII, algumas pessoas até confundem”, ressalta.

De forma geral, as Doenças Inflamatórias Intestinais causam sintomas que podem interferir na convivência social. No entanto, com acompanhamento médico e realização do tratamento, é possível ter uma boa qualidade de vida.

“As crises podem levar a várias idas ao banheiro e muitos pacientes deixam de sair de casa ou de comer algo com medo de acidentes na rua ou passar mal. Por conta disso, vários pacientes desenvolvem ansiedade e fazem quadros reativos de depressão ou até quadros depressivos bem graves que necessitam de acompanhamento psiquiátrico. A doença, se não estiver controlada, tira do paciente o desejo de viver. É bem difícil, por isso os grupos e o contato com outros pacientes ajudam demais, pois cada história de superação é uma injeção para acreditar que tudo ficará bem. O acompanhamento psicológico é fundamental. Seria excelente se todos os pacientes tivessem um serviço multiprofissional no estado de referência para acompanhar esses pacientes”, ressalta o diretor da ADIIPARA.

Diagnóstico e tratamento

Para Sara Moraes, a falta de conhecimento e a difusão da informação dificulta o diagnóstico adequado, que pode ser feito através de avaliação clínica, exames laboratoriais, de vídeo e de imagem, como colonoscopia, enterotomografia e entre outros.

Outras dificuldades enfrentadas pelos pacientes, segundo Sara, é com relação ao tratamento e medicamentos disponíveis para reduzir a inflamação e controlar os sintomas.

Leivanio, que também tem a doença, destaca que o paciente pode ter uma vida aparentemente normal ou com poucas restrições, dependendo do caso, desde que tenha um diagnóstico preciso, o que segundo ele, não é tão comum nos casos das Doenças Inflamatórias Intestinais, já que em cada paciente ela pode se manifestar de maneira peculiar.

“No meu caso em especial levei 10 anos para fechar o diagnóstico, pois manifestou em mim de forma muito inespecífica. Infelizmente não é todo médico que conhece e sabe tratar a doença, mas hoje com o tratamento eu possuo uma vida normal e produtiva. É importante ressaltar que os medicamentos para tratar as DIIs são muito caros, embora o SUS custeie o tratamento, a fila é longa, a burocracia para o paciente que não possui condições financeiras ou convênio, chegar até o serviço público é entristecedor, pois se o paciente não tratar, ele pode perder todo o colón ou alguma parte do intestino”, alerta ele.

Em Belém, as referências no SUS de tratamento são a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGB) e no Hospital Universitário João de Barros Barreto.

Sara destaca a importância do assunto ser debatido. (Foto: Gabriel Caldas/DOL)

Para Sara Moraes e Leivanio Rodrigues, o apoio da família e amigos e grupos é fundamental.

“O impacto físico, emocional e psicológico é muito grande e desgastante. É conviver com dor e fadiga 24 horas. Quem não conhece a doença, julga até que possa ser preguiça do paciente porque não há ânimo para nada nas crises, é uma demanda do organismo de repouso imediato por conta de todo o processo inflamatório. As crises debilitam muito, mas esconder a doença de quem estar ao nosso redor é quase impossível, até por que na maioria dos casos, lá no início, quando ainda não se tem diagnóstico e tratamento, necessita de intervenção médica de urgência em algumas crises. Não dá para esconder”, destaca.

CAMPANHA MAIO ROXO

“Tornar o invisível visível”. Esse é o tema da campanha global Maio Roxo deste ano, realizada no dia 26 de maio. Em Belém, portadores, profissionais da área e apoiadores da causa realizam na praça da República, das 8h às 12h, uma caminha com panfletagem e orientações, abordando diferentes aspectos da doença.

A campanha visa aumentar a conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa), por meio de ações esclarecedoras sobre as patologias.

“Esse trabalho vem sendo realizado a nível nacional já faz um tempo pela Associação Nacional de Pessoas com Doenças inflamatórias intestinais (DIIBRASIL), da qual eu faço parte como psicólogo do comitê científico da associação. Como o Pará é muito grande e alguns pacientes viram a necessidade de se unir para lutarmos juntos também a nível estadual. A ideia surgiu de um pequeno grupo de pacientes e familiares que vem crescendo cada dia mais, assim está nascendo a Associação de Pessoas com Doenças inflamatórias intestinais do Pará (ADIIPARA). Temos um grupo de Whatsapp onde articulamos nossas reuniões, eventos e acolhemos os novos integrantes. Estamos no caminho para a legalização da associação, creio que logo teremos um CNPJ. Nosso objetivo é quem sabe um dia se tornar uma ONG para ajudar os portadores de DIIs”, explica Leivanio.

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Nova Data. 26 de Maio

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Segundo o diretor da ADIIPARA, o maior objetivo da associação é dar suporte aos pacientes, orientações e informações sobre onde conseguir médicos especialistas, o tratamento via SUS e quem procurar na rede privada, além da medicação via justiça, caso haja necessidade e, sobretudo, usar nossa dor em prol de uma causa pela dor do outro. Sempre dizemos que juntos somos mais fortes”.

O maior desafio da associação, de acordo com Leivanio, é não saber ao certo o número de pacientes catalogados no estado. “Falar sobre o assunto também é uma forma de fazer com que esses pacientes possam chegar até nós e eles saibam que não estão sozinhos”, conclui ele.

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Fique atento!!!

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Reportagem: Andressa Ferreira

Multimídia: Gabriel Caldas

Coordenação: Enderson Oliveira

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