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Saiba como denunciar crueldade e maus-tratos contra animais

Apenas no mês de março, pelo menos três casos de crueldade com animais foram registrados no Pará e chocaram os internautas. Em um dos casos um cachorro levou um tiro. Em outro, o animal foi amarrado e arrastado por uma motocicleta. O fato foi gravado e as

Apenas no mês de março, pelo menos três casos de crueldade com animais foram registrados no Pará e chocaram os internautas. Em um dos casos um cachorro levou um tiro. Em outro, o animal foi amarrado e arrastado por uma motocicleta. O fato foi gravado e as imagens circularam pelas redes sociais. As tristes histórias não pararam por aí: no outro dia, outro cachorro levou uma facada no pescoço.

Nos últimos meses, o DOL acompanhou esses e outros casos que revoltaram a população. Atitudes que chegam a ser inacreditáveis para algumas pessoas estão se tornando cada vez mais comuns no Pará e no resto do Brasil. Afinal, quem não lembra do animal que foi assassinado por um segurança de um supermercado no final do ano passado?

Para se ter uma ideia, apenas em 2018 e início de 2019, a Polícia Civil do Pará, através da Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema), registrou 46 Boletins de Ocorrências de maus tratos contra animais. Desses, 44 foram resolvidos com Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Uma das possíveis causas para altos índices como este pode estar na falta de uma punição mais severa para o autor. “O crime de maus tratos é de leve potencial ofensivo, onde é feito um TCO e o autor se compromete a comparecer na presença do juiz para prestar as informações. O autor pode ter uma pena alternativa, como multa e serviço comunitário”, explica o delegado da Divisão Especializada em Meio-Ambiente (DEMA), Waldir Freire. Ele explica ainda, que muitas pessoas ligam para denunciar os casos de maus tratos com animais, mas não chegam a formalizar.

A Dema conta com profissionais especializados para apurar as denúncias. “Temos veterinários que atuam na grande Belém e, quando recebem a denúncia, vão até o local e verificam. Eles avaliam o animal, solicitam a carteira de vacinação, conversam com os tutores. Quando o caso é no interior, o delegado pode também pedir apoio de veterinários da prefeitura, para que seja feita a avaliação no animal”, explica Waldir.

POrém, engana-se quem pensa que maltratar animais é só quando se tem agressão. “Ao deixo o pet sem água e comida, deixar de vaciná-lo, colocá-lo em espaços pequenos e inadequados, onde quase não consigam se movimentar, deixar em espaço sujo, também são práticas de maus tratos. E quem presenciar isso pode denunciar. Fotos e vídeos também servem como provas”, detalha o delegado. Ele pede ainda que a população mantenha a parceria com a Polícia Civil e Militar, Secretaria de Meio Ambiente, entre outros órgãos, para denunciar esse tipo de crime.

O delegado da Dema detalha ainda que maus tratos não é apenas agredir um animal. “Se o animal estiver em uma coleira muito curta, que quase não consiga se movimentar, deixar em espaço sujo, sem água, alimentação tudo isso também é considerado abuso”.

Quem lida diariamente com situações chocantes de maus tratos em animais, não consegue entender tamanha crueldade do ser humano. Esse é o caso da Raquel Viana, responsável pelo abrigo AuFamily, que resgata animais vítimas de maus tratos. Em mais de 12 anos em que tem o abrigo, ela contou que já viu muitas situações chocantes.

Raquel Viana, responsável pelo abrigo AuFamily, com um dos animais resgatados. (Foto: arquivo pessoal)

“São várias situações de crueldade, mas a pior situação pra mim foi quando uma cadela foi estuprada. Me procuraram para resgatar um animal que estava se arrastando, quando cheguei lá foi um susto. Levei para o veterinário e ele constatou que ela tinha sido violentada sexualmente e teve a costela quebrada no ato. Eu não conseguia acreditar no tamanho da crueldade de um ser humano, em fazer isso. É uma mistura de revolta, nojo e muitos casos ainda ficam impunes”, lamenta. Ela lembra ainda que desde criança sempre pegou animais da rua para ajudá-los.

Atualmente, o Au Family abriga cerca de 600 animais, muitos deles foram abandonados na porta do abrigo após terem sido atropelados, mutilados, doentes, entre outros problemas. “Eu acredito que muitos desses casos acontecem pelo fato da Lei não punir com vigor quem comente os crimes, não tem um trabalho de educação e conscientização, faltam políticas públicas sobre o assunto”, completa a responsável pelo abrigo.

BOM EXEMPLO

Com o número grande de animais abandonados e maltratados, é o momento de mostrar que também existem pessoas de bom coração e que amam os animais. Esse é o caso da vendedora Gabriela Menezes, que já adotou três animais, entre eles, a Penha, a cadela que violentada sexualmente. “Essa cachorrinha é tudo para mim. Quando fiquei sabendo da situação dela, imediatamente disse para minha família que iria adotá-la e fui atrás. Ela ainda estava muito debilitada quando veio para casa, mas com muito amor e cuidado ela está melhorando. Não é fácil, pois ela só se arrasta, ela precisa usar fralda descartável, que tem que ser trocada sempre e, com isso, vou dormir mais de 2 horas da manhã”, conta a tutora, relatando a situação bastante emocionada.

Apesar de todas as nossas difículdades hoje conseguimos um grande milagre. Penha foi adotada por um anjo. Gabriella, não se importou com a condição da Penha ser especial. Um animal que nunca mais andará, que dependerá de todo cuidado e amor incondicional. Penha sofreu abuso sexual, foi violentada covardemente por algum monstro que está solto, violentado outros animais por ai. Penha foi salva, pq não viramos as costas. Foram mais de 30 dias da internação. 2 cirurgias e muito amor que recebeu da equipe do Dr Marcelo do @saudeanimalbelem . Somos gratas pelo carinho e cuidado que tiveram com a nossa pequena. Somos gratas por terem devolvido a confiança que ela havia perdido no ser humano. Penha foi um dos casos mais triste que tivemos , mas cremos que hoje começará uma vida nova para você e para Gabriella. Obrigada a todos que nos ajudaram a salvar mais uma vida.

Uma publicação compartilhada por Abrigo de Animais Au Family 🐾 (@aufamilyabrigo) em

Penha, ainda no hospital, com a tutora Gabriela Menezes. (Foto: arquivo pessoal)

Ela completa dizendo que fica revoltada com crimes e maus tratos contra animais. “Eu me pergunto como uma pessoa consegue ser tão cruel. Eu não consigo entender. Esse mundo precisa de mais amor, carinho pelas pessoas e pelos animais”, diz.

Penha em sua cama na casa da tutora. (Foto: arquivo pessoal)

VOCÊ LEMBRA?

Engana-se quem pensa que a crueldade contra animais é praticada apenas por pessoas anônimas. Em maio de 2013, o ex-prefeito de Santa Cruz do Arari, na Ilha do Marajó, Marcelo Pamplona, foi denunciado por ter oferecido recompensa a moradores do município que capturassem cães pela cidade. Os animais eram colocados em embarcações e lançados em um rio para que morressem afogados.

Os crimes, que tiveram repercussão mundial, ficaram conhecidos como “canicídio”. Lolla Maria é uma das cadelas que sofreu esse ataque e conseguiu sobreviver após receber muito amor e cuidado da funcionária pública Simone Muller. Ela contou que foi amor à primeira vista pelo animal.

“Ela foi resgatada e levada pro abrigo e eu fui com meus dois filhos, que na época tinham menos de 10 anos, levar alimentos para ajudar. Quando chegamos lá nos apaixonamos por ela, mas não podíamos levá-la para casa por uma determinação, já que esses animais poderiam ter doenças. Então depois de 10 dias voltei lá e vi que ela estava muito fraca, já não estava comendo e tomando água. Então eu consegui falar com um amigo veterinário e ele me disse que, pelos sintomas, ela poderia estar com cinomose e, se confirmado, não poderia interná-la porque a doença é contagiosa”, lembra.

Lolla Maria com a tutora Simone Muller. (Foto: arquivo pessoal)

“Então ele fez o atendimento, deu remédio, tirou carrapatos e me orientou que eu também não levasse para minha casa, pois eu já tinha outro animal, mas eu não ia devolve-la para o abrigo. Então pedi para minha irmã ficar com ela, na quarentena. E assim foi. Só depois de três meses pude levar a Lolla pra casa, onde ela está até hoje. Ela é nosso amor e ‘manda’ na casa, faz a bagunça, tem uma cama bem ao lado da minha. Quem olha nem acredita que é o mesmo animal que peguei”, finaliza Simone.

COMO DENUNCIAR CRIMES DE MAUS TRATOS?

De acordo a legislação ambiental Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, no artigo 32 diz que praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos a pena pode ser detenção, de três meses a um ano, e multa. Caso o animal venha a morrer, essa pena pode aumentar. Os detalhes da Lei podem ser vistos no link.

Texto: Ana Paula Azevedo

Coordenação: Gustavo Dutra

Arte: Gabriel Caldas

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