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Universitária que virou camgirl e atriz pornô fala de preconceito e solidão

A jovem paranaense Paula Rodrigues de 22 anos, em busca de autonomia financeira e recursos para bancar os estudos, resolveu começar a trabalhar como camgirl, desde o último mês de abril. Depois, resolveu estrelar o primeiro filme pornográfico, no último m

Imagem ilustrativa da notícia Universitária que virou camgirl e atriz pornô fala de preconceito e solidão camera Arquivo Pessoal

A jovem paranaense Paula Rodrigues de 22 anos, em busca de autonomia financeira e recursos para bancar os estudos, resolveu começar a trabalhar como camgirl, desde o último mês de abril. Depois, resolveu estrelar o primeiro filme pornográfico, no último mês de setembro. Mas as escolhas profissionais tiveram um peso enorme para a vida amorosa dela, que desabafou em entrevista ao blog Universa, do portal UOL.

"Gente do céu, arrumar um boy que aceite sua profissão é um cão", escreveu a jovem no Twitter. A publicação - feita há 10 dias - gerou um debate sobre o machismo da vida real que atinge quem se dedica à carreira do entretenimento adulto.

"Já dei match no Tinder com caras que me disseram que não iriam se relacionar comigo devido ao meu trabalho. Ao mesmo tempo, me encheram o saco para que eu enviasse vídeos eróticos para eles", disse Paula para a Universa. "Ou seja: para a punheta, eu sirvo; para um relacionamento, não?", questiona a paranaense.

Início na carreira

O início da carreira de Paula é semelhante ao de dezenas de camgirls e profissionais do ramo adulto: em um movimento que mescla autonomia sexual e busca por independência financeira, mulheres investem na carreira como camgirl com o objetivo melhorar a renda e ter mais autonomia. Foi o que aconteceu com ela.

Antes de estrelar no mercado adulto, Paula já cursava estética e cosmética em uma universidade no Paraná. Inspirada em vídeos no YouTube, começou a vender pacotes de imagens sensuais e a atender pedidos à frente da webcam.

Um kit com um vídeo de 15 minutos pode sair por R$ 70. A jovem estima que consegue lucrar cerca de R$ 1.000 por mês.

No entanto, os ganhos financeiros vieram com um grande peso social. Um dos receios vividos antes do primeiro filme pornô era sofrer o estigma que recai sobre as profissionais do gênero, como a atriz Mia Khalifa. A libanesa tornou-se um dos maiores sucessos pornográficos norte-americanos ao estrelar filmes como o que usa um hijab. Hoje, porém ela encontra dificuldades para retomar a vida.

"A Mia não se sente confortável com a vida dela. Fiquei semanas pensando nisso: eu já tinha me exposto em vídeos e fotos. Não tenho que ter vergonha da minha sexualidade. É uma representação natural, feita com minha vontade", diz Paula.

Sexualidade e preconceito

A descoberta da sexualidade aconteceu para Paula aos 19 anos. Segundo ela, nunca teve problemas em tratar do assunto. O primeiro namorado, porém, reprimia seu desejo em tirar fotos sensuais. Os que vieram depois também não se mostraram abertos à ideia.

Em outro encontro, ela conta ter conhecido um cara no Tinder e contou sobre a profissão. "Ele começou um papo religioso. No fim, me disse que eu era uma desvirtuada."

“Saía com um cara e disse para ele que me tornaria camgirl. Ele me disse que eu buscava dinheiro fácil. Não é fácil. Eu me submeto a uma série de estresses e exposições. Minha família, por exemplo, finge até hoje que não sabe e não toca no assunto”, continua a jovem no desabafo.

Uma parte dos homens com quem se envolveu tentou estrelar filmes pornográficos com ela, mas voltaram atrás. Um deles chegou a ameaçá-la de processo se as imagens, como ele havia pedido e fantasiado durante a paquera, fossem divulgadas.

"Vivo num ciclo dos mesmos assuntos, desculpas e papos mentirosos um atrás do outro", diz.

"É uma profissão como qualquer outra. Quem vai me sustentar se eu abandonar o meu trabalho? Os homens assistem à pornografia, mas acham um absurdo que uma mulher deles trabalhe com isso. É hipocrisia demais", conclui a jovem.

(Com informações do blog Universa)

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