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ISOLAMENTO SOCIAL

Pandemia: os desafios de viver há mais de um ano em casa

Medo de ser infectado e preocupação com a evolução do novo coronavírus, trazem incerteza para vida.

Imagem ilustrativa da notícia Pandemia: os desafios de viver há mais de um ano em casa camera Freepik

Você consegue acreditar que existe alguém que está há mais de um ano dentro de casa? Ou alguém que está há mais de um ano sem conseguir ter alguma prática de lazer fora de sua residência? E mais de um ano sem encontrar os amigos?

Sabrina Fernandes, 29 anos, vive seus dias assim. Isolada desde o início das primeiras informações sobre a Covid-19, a arqueóloga se apegou às flores, plantas e à família para tentar passar dias mais tranquilos na pandemia.

Sabrina ao lado das suas plantas
📷 Sabrina ao lado das suas plantas |Arquivo Pessoal
Psicóloga clínica Suellen Saraiva
📷 Psicóloga clínica Suellen Saraiva |Divulgação

“Desde o início da pandemia eu fiquei muito assustada com tudo. As notícias, as novas regras, a falta de informações sobre o que era a doença e como tratar. Tenho ansiedade há um bom tempo e toda essa carga de informação e desinformação me fez ficar pior e eu adquiri ataque de pânico. Então eu passei boa parte do ano passado muito doente tendo crises e crises de pânico em que eu achava que iria morrer”, desabafou Sabrina.

A jovem resolveu cuidar de si e da sua família, deu segmento as terapias e decidiu se manter cada vez mais dentro de casa. “Desde que tudo começou a gente só sai de casa pro essencial: trabalho, farmácia, supermercado e consultas médicas se muito necessário. Não vou em shoppings, nesse período eu fui apenas três vezes porque tinha que resolver pendências, mas fui o mais rápido possível e voltei.”, contou.

As reuniões com os amigos e familiares não existiam mais e o tempo não passava. Comer fora não era mais possível e nem um passeio nos finais de semana. Sabrina resolveu se dedicar aos estudos e desenvolveu um novo hobby: cuidar de plantas.

“Comecei uma horta em casa e tive várias colheitas de tomate, pimentinha, manjericão, fiquei mais próxima da minha família, coloquei os filmes em dia e estudei pra passar no doutorado e eu passei! Fui aprovada na seleção da USP e atualmente tenho aulas online”, disse animada.

A horta de Sabrina
📷 A horta de Sabrina |Arquivo Pessoal
Tomates plantados na horta de Sabrina
📷 Tomates plantados na horta de Sabrina |Arquivo Pessoal

Sabrina é muito preocupada manter a si e a família longe do vírus. “Só peço delivery e se eu for comprar alguma coisa, eu só compro de estabelecimentos em que os funcionários usam a máscara corretamente. Algumas pessoas me encaram como exagerada, talvez eu seja... mas eu só quero me manter protegida e também zelar por aqueles que amo. Não vou a igarapés, piscina, praias... eu até iria se elas fossem isoladas, mas todas as opções que eu vejo estão sempre lotadas de gente e então não vou”, finalizou.

Para a psicóloga clínica Suellen Saraiva, do Hapvida, as pessoas vão passar por essa pandemia muito mais “feridas” do que evoluídas. Ela explicar que a mudança brusca na rotina e uma adaptação imediata de novas medidas a vida, influenciou diretamente no psicológico das pessoas.

“Somos seres sociais, perdemos a nossa rotina de vida, precisamos nos adaptar a uma transformação muito rápida, de maneira muito brusca, e ainda estamos nos adaptando. Esse processo demanda tempo para que a gente consiga uma adaptação com menos prejuízo e mais qualidade. Então as pessoas estão tendo cada vez mais problemas com o isolamento, mas com pandemia de maneira geral, com a gravidade da situação, com o contagio rápido e a evolução rápida do vírus”, explica.

A dica que a profissional dá é o autocuidado, além da preocupação necessária em entender os sinais do corpo para que não se desenvolvam (ou intensifiquem) problemas como paranoia, pânico, além da ansiedade e depressão. É necessário, de acordo com Suellen Saraiva, manter pensamento positivo, mesmo que seja difícil visualizar dias melhores, é preciso alimentar a fé, a esperança, se nutrir de palavras, sentimentos, pessoas, nutrir dessas emoções positivas, inclusive entre os mais jovens.

Psicóloga clínica Suellen Saraiva
📷 Psicóloga clínica Suellen Saraiva |Divulgação

“Sabemos que a Covid-19, é um vírus que não conhecemos e está sofrendo mutações. Tudo o que sabemos é muito raso para a ciência, mas estamos buscando evoluir nesse sentido tecnológico e cientifico, temos a vacina, ai que já dão uma certa imunidade e confiança também emocional as nossas famílias. O jovem como parte natural do desenvolvimento normalmente tendem a ter um comportamento mais transgressor, menos ligado as normas e regras, tendem a necessidade de se agrupar entre eles. Essas características dessa fase do desenvolvimento, juventude e adolescência, são naturais e tornam o isolamento mais difícil para esse grupo”, avaliou a psicóloga.

Vanessa adquiriu coronavírus dentro de casa
📷 Vanessa adquiriu coronavírus dentro de casa |Arquivo Pessoal

Diferente de Sabrina, a jornalista Vanessa Brasil viveu uma peregrinação para conseguir se isolar em casa, e mesmo assim ela pegou a doença e segue em quarentena. Ela acredita que foi contaminada pelo novo coronavírus através de um recipiente de delivery, junto com seus pais. “Pegamos limpando marmita de comida. Pedimos um churrasco no fim de semana e minha mãe limpou as coisas sem máscara. Só pode ter sido isso. Me lembro de ter falado para ela colocar a máscara, mas já estávamos com a guarda baixa. Tem todos os indícios de ser isso pela quantidade de dias”, contou. Vale lembrar, no entanto, que a chance de contágio através de superfícies é mínima, ainda que os cuidados como a limpeza dos recipientes e embalagens sigam sendo necessárias.

A jornalista morava em Paris quando começou a pandemia, ela passou um tempo lá, depois foi para o Rio de Janeiro, até chegar em Belém.

“Em Paris, foi uma quarentena muito fechada, de não poder sair de casa, de muita fiscalização. Foi bem pesado. Fiquei dois meses dentro de casa e a cidade estava bem vazia. Depois foi abrindo e eu voltei a ter vida quase normal, só usando máscara e sem ir a eventos. No fim do verão, as coisas começaram mais difíceis lá de novo e voltei para o Brasil. Fiquei um tempo no Rio de Janeiro, por questões de trabalho e só saia pra ir no supermercado. Estou em Belém desde o fim do não passado e só saí pra vacinar minha avó”, explicou.

Preocupada acima de tudo com o bem estar das pessoas mais velhas com quem ela mora, Vanessa não viveu momentos mais flexíveis no Brasil. “Minha maior preocupação sempre foram mais pais e minha avó, por isso nem saia de casa. Quando eu estava morando sozinha, em Paris e no Rio, eu saía - com todos os cuidados, mas saia ao ar livre. Andava um pouco na rua, nos parques, em lugares abertos. Depois que vim pra Belém ficar com meus pais, a preocupação era com eles. Então, fiquei em casa o tempo todo e tentando limpar tudo pra não chegar neles. Mantendo todos os protocolos”, finalizou a jornalista.

ISOLAMENTO E EXAUSTÃO

Mesmo com muita dificuldade e ouvindo repetidamente as frases “fique em casa” e “use máscara”, sabemos o quanto é difícil manter os protocolos e causa até exaustão. Além claro, muitas pessoas tem precisam trabalhar para se manter. Mas os número estão cada vez mais assustadores. Nesta quinta-feira (08), foi registrado mais de 11 mil mortes no Pará.

“Existem pessoas que levam muito a sério, que entendem a gravidade da situação, pessoas que já tiveram perdas significativas, e pessoas que não tem empatia, e tem dificuldade em se colocar no lugar do outro, de exercitar o cooperativismo. Nós somos uma sociedade onde sempre priorizamos aspectos individualistas. Hoje exercitar o cooperativismo é cada vez mais difícil”, avaliou a psicóloga Suellen Saraiva.

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