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EDUCAÇÃO

Volta às aulas pós pandemia gera expectativa: como será?

“No início foi bem legal ficar em casa. Eu tinha bastante brincadeira, mas quando foi passando o tempo as ideias foram acabando. Eu fico estressado por causa do ‘corona’. Sinto falta de brincar com meus amigos, sinto muita saudade. Queria até voltar no te

Imagem ilustrativa da notícia Volta às aulas pós pandemia gera expectativa: como será? camera Márcia de Sousa e Davi Luís | Wagner Almeida

“No início foi bem legal ficar em casa. Eu tinha bastante brincadeira, mas quando foi passando o tempo as ideias foram acabando. Eu fico estressado por causa do ‘corona’. Sinto falta de brincar com meus amigos, sinto muita saudade. Queria até voltar no tempo, era muito bom”. O lamento do estudante Davi Luís, oito anos, está relacionado aos três meses de isolamento social em casa e, como consequência, suspensão das aulas presenciais na escola, onde cursa o 3º ano do ensino fundamental.

Desde o fim de março, as aulas para ele e todos os estudantes da rede pública e particular de ensino no Pará só podem ser ministradas a distância, em virtude da pandemia do novo coronavírus. Com a expectativa de um possível retorno gradativo das aulas presenciais, nasce a esperança de retomar a vida escolar tradicional, mas esse “normal” será bem diferente e o próprio Davi imagina como.

“A gente vai ter que ter um cuidado, né? Manter distância, não tocar no amiguinho nem dividir o lanche. Não vai poder falar muito perto. A gente tem que ficar longe”, prevê. “Eu acho que vai ser um pouco difícil, mas vai dar para conseguir. Vai ter que usar a máscara, é claro, mas vai dar. Eu espero que chegue esse dia, porque está difícil esse coronavírus”, reclama.

Enquanto esse dia não chega, fica mesmo a certeza de que hábitos comuns, vividos no dia a dia das escolas, serão revistos, como dividir o lanche com os colegas, abraçar a professora, brincar na hora do recreio sem se preocupar com o contato físico ou até mesmo ficar com a carteira colada na do amigo mais próximo. Mudanças que afligem não apenas os estudantes, mas seus responsáveis e toda a comunidade escolar.

Mãe do Davi Luís, Márcia de Sousa é pedagoga e vive os dois lados da moeda, em casa e na escola onde trabalha. A professora conta que o filho usa até uniforme durante as aulas on-line, uma exigência da escola, mas admite que o método a distância não supre a rotina de um colégio. “As aulas on-line não são 100% efetivas. Elas não vão atingir o que elas têm que atingir, porque o professor não está ali diretamente, observando cada caderno, o empenho de cada criança”, avalia.

“Tenho o privilégio de estar em casa com meu filho por ser professora, mas a maioria das mães não têm, elas estão trabalhando”, pontua, sem esconder também a aflição com um possível retorno ao mesmo tempo em que o vírus segue em circulação sem uma vacina ou remédio específico.

Como pedagoga, Márcia sabe que o cuidado terá de ser redobrado. “As escolas têm que estar completamente preparadas, em vigilância para saber se essas crianças não vão se contaminar e vão para casa doente. Elas são os vetores, então elas podem muito bem adoecer, ficar assintomáticas e levar para dentro de casa, onde de repente tem uma pessoa idosa que possa se contaminar e acontecer algo mais grave”, diz.

SINDICATO

Presidente de Câmara de Educação Básica do Pará (CEB) e do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado (Sinepe), Beatriz Padovani explica que as escolas têm investido e se preparado para esse retorno presencial, seguindo o que recomenda a Nota Técnica do Conselho Estadual de Educação (Nº 01/2020), que tem previsão de rigor sanitário e todo um roteiro para o retorno às aulas.

Beatriz Padovani
📷 Beatriz Padovani |Talison Lima/ Divulgação Arout

“Esse retorno será paulatino. Também há previsão de uma série de medidas que devem ser tomadas pelas escolas e nós, em reuniões, temos notícias que as escolas estão se preparando com todo esse rigor, para, assim que possível, quando liberadas pelas autoridades sanitárias, as atividades dentro da escola sejam retomadas imediatamente”, informa.

Sobre o retorno gradativo, a proposta é que as escolas tenham certa liberdade ao retornar com 25% dos alunos; após 15 dias, 75% e, somente no final do mês, com a totalidade dos alunos dentro do ambiente escolar. “As atividades remotas de atendimento em domicílio vão continuar paralelamente às atividades presenciais na escola, essa é uma nova realidade”, observa Padovani. “Até que a gente possa terminar esse ano letivo, eventualmente fazer reposições, trabalhar os planos individuais de ensino, nós deveremos assistir um trabalho presencial e remoto de forma paralela”.

Beatriz Padovani comenta ainda o fato de entre as escolas existirem realidades distintas, com grandes redes de educação e pequenas unidades de ensino, da mesma forma no universo do ensino público. “É exatamente para isso que serve o Conselho Estadual de Educação. Ele tem que dar uma norma para as escolas do seu sistema, sejam elas públicas ou privadas. No caso, a padronização para um ‘novo normal’ se dá pelas exigências mínimas e as escolas então vão se adequando a essas exigências mínimas a partir das suas realidades”.

Sobre o distanciamento social, a presidente considera “mais um desafio educacional que as escolas terão que trabalhar. Estamos vendo alternância de horários de entrada e saída, previsão de inexistência de intervalos, pelo menos fora de sala de aula”, exemplifica. “Há todo um trabalho de convencimento e de capacitação feita com professores e funcionários para que eles sejam multiplicadores junto aos alunos, para que a gente consiga estabelecer esse novo padrão de relações que a pandemia exige”, afirma.

“Até sobre as exigências sanitárias as escolas estão trabalhando capacitações para seus professores e funcionários, os momentos adequados, como agir, como proceder. Isso faz parte do planejamento do retorno das atividades escolares. É um trabalho que está sendo feito em todo o sistema privado de ensino com acompanhamento do sindicato”, destaca.

A NOVA ESCOLA

- Cumprimento obrigatório para a rede privada e pública de todos os segmentos de ensino no Pará

- Organizar o transporte escolar para evitar aglomerações.

- Revisar planos de ensino e adequá-los ao Enem.

- Treinamento prévio das equipes para identificação dos sintomas da Covid-19.

- Adotar medidas presenciais e não presenciais para cumprimento da carga horária.

- Adotar regime domiciliar para alunos que testarem positivo para Covid-19.

- Distanciamento de 1,5 metro entre alunos, lotação máxima de 35% dos espaços em salas e laboratórios.

- Retorno gradativo dos estudantes na proporção 25%, 75%, 100%, com intervalos de 15 dias.

- Acolhimento de estudantes e familiares para minimizar impactos psicológicos.

- Realizar limpeza e desinfecção das instalações, objetos e áreas abertas.

- Higienizar espaços antes e depois de cada turno.

- Acolhimento e reintegração social dos professores, com preparação para o trabalho pós-pandemia.

- Estabelecer horários alternados para entrada e saída das turmas.

- Proibir atividades coletivas que resultem em aglomerações (bibliotecas, teatros...).

- Limitar uso da sala dos professores, sem permanência coletiva.

- Uso obrigatório de máscaras.

- Garantir equipamentos para medição de temperatura, máscaras e materiais de higiene e limpeza, em condições adequadas para lavagem das mãos.

(Fonte: Principais tópicos adaptados da Nota Técnica do Conselho Estadual de Educação nº 01/2020.)

“São medidas indispensáveis”

Com base na Nota Técnica do Conselho Estadual de Educação, Kleidione Carvalho, diretora pedagógica da escola Step by Step, voltada para educação infantil e fundamental, já organiza o futuro retorno dos 250 alunos matriculados. “Entendemos que a subdivisão de turmas, mantendo as salas com no máximo 10 alunos, é fundamental para garantir o distanciamento social nas salas de aula”, avalia.

Kleidione Carvalho, diretora pedagógica da escola Step by Step
📷 Kleidione Carvalho, diretora pedagógica da escola Step by Step |Wagner Santana

A unidade também terá verificação de temperatura corporal, higienização de sapatos, uso de máscaras por parte dos alunos e colaboradores. “São medidas indispensáveis”, diz Kleidione, que informa a parceria da escola com um laboratório para a testagem ao novo coronavírus nos funcionários e o incentivo do mesmo procedimento entre estudantes e familiares.

A preocupação com que os estudantes respeitem o distanciamento de segurança também é lembrado pela educadora. “Rodas de conversa e o apoio da psicologia escolar serão primordiais para que compreendam, do jeito deles, as necessidades atuais”, conta, destacando ainda que os pais têm sido chamados para reuniões, onde ficam a par das novidades e podem opinar.

O cuidado com o corpo docente é outro fator levado em conta. “Os professores estão se reinventando, buscando novas formas de ensinar e aprendendo muito com isso. Eles merecem atenção e apoio”, analisa Kleidione.

Rede pública estadual

Com 927 unidades de ensino e um universo de 575 mil estudantes, a rede pública estadual suspendeu as aulas presenciais no último dia 18 de março. A expectativa é que o retorno às salas de aula aconteça no segundo semestre, como informa a secretária de Estado de Educação, Elieth de Fátima Braga.

Secretária de Estado de Educação, Elieth de Fátima Braga
📷 Secretária de Estado de Educação, Elieth de Fátima Braga |Marco Santos/Arquivo

“O retorno às aulas presenciais tem um indicativo de 1º de agosto. O ensino integral vai voltar a sua normalidade, só que todo o retorno se dará a partir da liberação das autoridades sanitárias e cumprindo todas as normas de segurança, garantindo o distanciamento”, pontua. “A escola de tempo integral também será adaptada dentro das novas normas de higiene e sanitária”, destaca.

O QUE MUDA

“É a segurança desse aluno. A forma de contato, a forma da distribuição da merenda, o distanciamento obedecendo um metro e meio para cada carteira. Nós teremos um retorno gradativo. Esses alunos não irão voltar todos de uma vez. Tem que estar de máscara. Temos que ofertar à escola condições para que ela possa ter condições sanitárias ideais. É isso que a Seduc vem planejando e preparando para o retorno às aulas”, diz.

DIFERENÇAS

“Cada escola é uma escola. É muito difícil você fazer um padrão para todas. Mesmo com estrutura física comprometida, haja vista que nós temos quase mil escolas e recebemos este Estado com muitas delas sem nenhuma condição, no entanto, a condição sanitária é essencial para o retorno às aulas. Ela é, na verdade, uma condicionante, então a lavagem das mãos, distribuição de máscara, distanciamento de um metro e meio e a higienização dessas escolas são critérios que serão exigidos, implantados em todas do Estado”, destaca.

CONSCIENTIZAÇÃO

“A partir, provavelmente, de 15 de julho, nós já iremos iniciar as atividades para fazer a sensibilização de pais, professores, alunos. É necessário para que esse pai tenha segurança e possa levar esse filho nas nossas escolas. Dependendo de como se comporte o contágio do coronavírus, se tiver condições ideais de entrar na escola, nós iremos entrar para fazer esse trabalho de conscientização para todos”, informa.

CONTEÚDO

“Esse conteúdo programático, de fato, está prejudicado em razão dos dias em que estamos sem aula. No entanto, teremos todo um trabalho para fazer esse resgate, para que não haja prejuízo de conteúdo. Vai ser complementado através de atividades de suporte pedagógico, cadernos de exercício, extensão das horas das horas-aulas. Isso vem sendo construído com o Sindicato de Professores e com o Conselho de Educação”.

BELÉM

Em Belém, segundo a prefeitura, se o índice de contágio seguir em queda na região metropolitana, o retorno das aulas presenciais está previsto para o dia 16 de julho, também com planejamento face ao novo coronavírus.

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