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CÍRIO DE NAZARÉ

Símbolos do Círio representam um pouco a mais de fé

A devoção mariana a Nossa Senhora de Nazaré faz do Círio de Belém uma das maiores romarias católicas do Brasil. A crença manifesta-se de muitas formas, tendo os símbolos do Círio entre os principais instrumentos dessa devoção. Corda, manto, imagem e tanto

A devoção mariana a Nossa Senhora de Nazaré faz do Círio de Belém uma das maiores romarias católicas do Brasil. A crença manifesta-se de muitas formas, tendo os símbolos do Círio entre os principais instrumentos dessa devoção. Corda, manto, imagem e tantos outros ícones dão um significado religioso especial à festa, transformando a romaria em uma imensa caminhada de louvor e fé na padroeirados paraenses.

IMAGEM ORIGINAL

A chamada imagem “Original” de Nossa Senhora de Nazaré é uma escultura em estilo Barroco confeccionada em madeira, e que foi encontrada por Plácido José de Souza, em 1700. Ela possui 28 cm de altura e apresenta traços de uma senhora portuguesa. Já foi reformada três vezes, sendo a última em 1846, quando foi novamente enviada a Portugal. A imagem fica guardada no Glória, na Basílica Santuário de Nazaré, e só desce por ocasião do Círio.

IMAGEM PEREGRINA

Em 1968, atendendo pedidos dos fiéis, que alegavam ser a imagem do Colégio Gentil bastante diferente da imagem original, o então Pároco de Nazaré, Padre Luciano Brambilla, resolveu encomendar uma réplica da imagem para que fosse utilizada nas procissões e cerimônias oficiais. As cores e detalhes da pintura são praticamente as mesmas. A principal diferença está no burel (manta que cobre o Menino) que na imagem original possui detalhes em prata e na peregrina em ouro. Passou a ser utilizada a partir do Círio de 1969 e fica na sacristia da Basílica.

A autônoma Suely Lima, 59, também tem uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Nazaré em sua casa há vários anos. A imagem fica exposta na sala para abençoar a casa, a família e os visitantes. A santa sai do local uma vez ao ano para ser benzida na Igreja de Fátima e peregrinar nas casas vizinhas no período do Círio. “Ela é a grande protetora da minha família. Diante de Nossa Senhora faço minhas orações e peço proteção ao meu filho que é policial”, diz dona Suely.

MANTOS

Pesquisadores divergem quanto ao fato de a imagem que foi encontrada por Plácido estar ou não portando um manto. Alguns relatam que não, mas os que dizem que sim afirmam que era adornada por um manto azul brilhante ainda preservado como se estivesse em um templo, e outros de que estaria desgastado pelas intempéries, já que a imagem fora encontrada em meio à floresta.

Entre pessoas mais conhecidas pela confecção de mantos está irmã Alexandra, que pertencia à Congregação Filhas de Sant’Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava os mantos anualmente, com material doado por promesseiros. Foi assim até sua morte, em 1973. Depois a missão foi assumida pela ex-aluna da escola e sua ajudante na tarefa de bordar as peças, Esther Paes França, que chegou a confeccionar 19 mantos. A partir daí, vários católicos e estilistas famosos se revezam na produção do manto da Imagem Peregrina.

BERLINDA

A berlinda começou a ser utilizada no Círio a partir de 1882, por sugestão do Bispo Dom Macêdo Costa. Até então a imagem era conduzida no colo pelo capelão do Palácio do Governo, como era tradição desde o primeiro Círio, em um palanquim, uma espécie de liteira fechada presa a um varal levado no ombro por quatro ou seis homens, veículo comumente utilizado à época por pessoas abastadas e autoridades.

A partir da utilização da berlinda, puxada por cavalos, a imagem passou a ser levada sozinha. Em 1885 foi introduzida a corda. No ano de 1926 a berlinda foi substituída por um andor e assim permaneceu até o Círio de 1930, quando retornou. A berlinda atual é a quinta da história. Foi confeccionada em 1964, pelo escultor João Pinto. Ela tem estilo barroco e foi produzida em cedro vermelho. Conforme a tradição é ornamentada com flores naturais, sendo utilizada no Círio e na trasladação.

CARROS DE ANJOS E DEPROMESSAS

Além da berlinda, outros treze carros acompanham a procissão do Círio: o Carro de Plácido, Barca da Guarda, a Barca Nova, Carro dos Anjos 1, Cestos de promessas, Carros dos Anjos 2, Barca com Velas, Carro dos anjos 3, Barca Portuguesa, carro dos Anjos 4, Barca com Remos, Carro Dom Fuas, Carro da Santíssima Trindade. Eles são um símbolo importante da devoção mariana incorporados à procissão ao longo da história da Festa, seja para recolher os ex-votos (elementos de promessa) ou levando as crianças vestidas de anjos.

CORDA

A corda é parte do Círio desde 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo ao Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão, fazendo com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la. Para desatrelar os animais um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis puxassem a berlinda. A partir daí a corda então foi introduzida no Círio e ao longo de sua permanência já foi alvo de diversas polêmicas, sendo inclusive abolida da festa entre 1926 e 1930, pelo Arcebispo Dom Irineu Jofily.

Atualmente é um dos maiores ícones da festa, utilizada na Trasladação e no Círio. Confeccionada em cisal torcido, possui 400 metros de comprimento e duas polegadas de diâmetro. Até 2003, o formato era de “U” com as duas extremidades atreladas à berlinda. A partir de 2004, por motivos de segurança, a corda ganhou formato linear dividida em cinco estações confeccionadas em duralumínio que ajudam a dar tração à corda e ritmo às romarias.

Foi a corda o símbolo do Círio que a diarista Sônia Moraes, 58, escolheu para pagar a promessa. Devota de Nossa Senhora de Nazaré, ela atribui à Santa, a cura de dois cânceres que sofreu aos 22 anos de idade. Pagou a promessa descalça na corda durante 4 anos, chegou a cair durante a procissão, machucou as pernas e quase quebrou os braços, mas nada disso diminuiu a sua fé. Hoje, ela acompanha o Círio com uma manto branco e segurando uma réplica da imagem da padroeira. “Estamos sempre pedindo algo pra ela e é uma graça atrás da outra, por isso quero pagar minha promessa enquanto tiver forças”, afirma Sônia.

CARTAZ

É uma das tradições mais antigas e conhecidas do Círio de Nazaré. Os fiéis costumam fixar cartazes do Círio nas portas, como forma de homenagem a Senhora de Nazaré. Trata-se de um instrumento de evangelização e divulgação da festa. O primeiro Cartaz foi confeccionado em Portugal no ano de 1826. Inicialmente as peças eram elaboradas à mão para impressão. Atualmente o Cartaz é produzido a partir de fotografias e tem a concepção elaborada por uma agência de publicidade voluntária.

EX-VOTOS OU OBJETOS DE PROMESSAS

São os elementos levados pelos devotos como sinal do agradecimento pelas graças recebidas de Nossa Senhora. Os mais comuns são os objetos em cera como velas normais ou de metro e partes do corpo, além de tijolos, miniaturas de barcos e casas, réplicas da berlinda e de imagens de Nossa Senhora de Nazaré.

Os ex-votos são depositados nos carros dos milagres ou mesmo em um local especialmente destinados a eles na própria Basílica. As peças em cera são revendidas e a renda é revertida para os projetos sociais mantidos pelas Obras Sociais da Paróquia de Nazaré. Brinquedos e outros elementos são encaminhados para doação e os mais inusitados são repassados ao Museu do Círio e o Espaço Memória de Nazaré.

(Leidemar Oliveira/Diário do Pará)

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