Um levantamento sobre gastos públicos comparou a tarifa média paga em viagens de servidores públicos nos 10 principais trechos voados, em 2021, e qual foi a tarifa para essas mesmas passagens para o chamado público geral. E o resultado obtido foi que o governo federal paga quase três vezes mais do que a média por passagens aéreas.
As informações relativas às viagens a serviço de funcionários do Executivo federal estão no Portal da Transparência. Já a tarifa média em todos os voos entre dois aeroportos é disponibilizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo as informações, o trecho mais percorrido em viagens a trabalho pelo governo federal é entre Rio de Janeiro e Brasília. O valor médio pago pelo governo foi de R$ 844 em 2021. Já o preço pago pelo governo no trecho entre o Distrito Federal e o Rio Janeiro foi de R$ 780,53. A tarifa média geral para consumidores “comuns” entre as duas cidades, contudo, foi de R$ 267,17. Assim, os valores pagos pelo Executivo foram 215% e 192% maiores, respectivamente.
O terceiro e o quarto trecho mais voados por servidores federais envolvem o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e Brasília. Nesses casos, os preços médios pagos pelo governo foram de R$ 1.126,49 quando o voo sai de São Paulo, e R$ 1.190,51, quando a decolagem é no Distrito Federal. A ligação entre as duas cidades teve uma tarifa média geral de R$ 316,79. Os preços médios do Executivo foram 256% e 276% mais caros.
Questionado sobre as razões para isso, o Ministério da Economia apontou alguns fatores que levam o governo federal a pagar mais, em média, nas passagens que compra. Como primeiro fator, a pasta disse que “nossos voos ainda são intermediados por agências de viagens, o que faz com que paguemos valores superiores ao valor nominal da passagem aérea. Este é o principal ponto, que será solucionado com a compra direta de passagens aéreas”.
Há também questões mais difíceis de serem resolvidas já que dizem respeito à dinâmica das viagens a trabalho. “A média geral informada pela Anac considera os voos de qualquer horário, e, no caso dos deslocamentos a serviço, os voos são em horários específicos, para os quais normalmente não são disponibilizadas tarifas promocionais”, aponta a pasta.
Além disso, prossegue a pasta, “as promoções ofertadas pelas companhias aéreas, que fazem os valores serem mais baixos, geralmente se concentram nos períodos noturnos ou muito cedo”. “Aliado a isso, o horário da compra também influencia. A administração pública funciona em horário comercial, o que não nos permite usufruir dos famosos ‘madrugadões’ de promoções”, conclui.
A Controladoria Geral da União (CGU) apontou que “as compras feitas pelo governo são sempre intermediadas por agências de Viagens, o que acarreta cobranças de tarifas para intermediação junto às companhias aéreas. Isso é um entrave legal em decorrência da legislação tributária. O governo não pode comprar passagens diretamente das companhias aéreas”.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) apontou que “as políticas de preço são individuais e estratégicas de cada companhia aérea”. A reportagem do portal Metrópoles procurou as três maiores empresas do setor no Brasil – Azul, Gol e Latam – para entender como é formado o preço das passagens. Apenas a Latam respondeu até a tarde deste domingo (6).
A empresa explicou que, “assim como todo o setor aéreo, trabalha com o sistema de precificação dinâmica, que considera diversos fatores para oferecer a cada cliente o produto mais adequado”. “Isso permite oferecer tarifas atrativas para o consumidor de acordo com a época do ano, o tempo de viagem, a data de partida, conexões, entre outros fatores”, acrescentou.
Para obter preços menores, a companhia recomenda “programar as suas viagens e adquirir as suas passagens com antecedência para encontrar os preços mais atrativos. É possível encontrar as melhores tarifas domésticas no Brasil de 6 a 2 meses antes do voo pretendido. No caso de viagens ao exterior, esta antecedência gira em torno de 8 a 4 meses”.
Em março, ao falar sobre a queda no preço médio das passagens aéreas durante a pandemia, a Azul disse que “os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com alguns fatores importantes, como trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros”.
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