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SAÚDE

Governo Federal pagou por vacinas que ainda não recebeu

Os dados estão no Portal da Transparência, alimentado pelo governo federal. Depois de atrasos na atualização dos dados pela CGU (Controladoria-Geral da União), as informações ficaram disponíveis.

Imagem ilustrativa da notícia Governo Federal pagou por vacinas que ainda não recebeu camera O governo Bolsonaro vem fornecendo aos estados apenas as vacinas desenvolvidas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz. O presidente chegou a se opor à Coronavac, a vacina do Butantan que garantiu o início da imunização. | Agência Brasil

O governo Federal Jair Bolsonaro já desembolsou bastante dinheiro por vacinas que ainda não recebeu. As autorizações para os pagamentos ocorreram três dias após o anúncio da assinatura dos contratos, mas não há data para a entrega de imunizantes, apesar dos depósitos feitos.

Ao todo, R$ 1,7 bilhão foi pago às farmacêuticas Pfizer e Janssen por vacinas contra a Covid-19.

O Ministério da Saúde autorizou ainda os pagamentos de R$ 2,3 bilhões, a outras duas farmacêuticas que fecharam parcerias para a entrega de vacinas, mas cujos imunizantes não receberam aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): a União Química, fornecedora do imunizante russo Sputnik V, e a Precisa Medicamentos, responsável pela indiana Covaxin. Nesses casos, a fase da despesa é o empenho, uma autorização para gastos futuros.

Os dados estão no Portal da Transparência, alimentado pelo governo federal. Depois de atrasos na atualização dos dados pela CGU (Controladoria-Geral da União), as informações ficaram disponíveis.

As novas inserções permitem saber como o governo está gastando parte dos R$ 20 bilhões liberados de forma emergencial para a compra de vacinas. O dinheiro foi destravado por uma MP (medida provisória) assinada por Bolsonaro em dezembro.

Os dados sobre pagamentos foram confirmados ainda no Siga Brasil, o sistema do Senado com informações sobre a execução orçamentária federal, baseadas no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira).

Pará é o 2º Estado que melhor aproveitou as vacinas

O governo Bolsonaro vem fornecendo aos estados apenas as vacinas desenvolvidas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz. O presidente chegou a se opor à Coronavac, a vacina do Butantan que garantiu o início da imunização.

O governo também rejeitou uma proposta da Pfizer de agosto de 2020 que previa 70 milhões de doses até o fim de 2021, com 500 mil doses já para dezembro. Pressionado a acelerar a vacinação -até agora, apenas 4% da população recebeu as duas doses-, o governo retomou as negociações com a farmacêutica.

Em 19 de março, o Ministério da Saúde comunicou a assinatura de contratos com a Pfizer e com a Janssen. A primeira deve entregar 100 milhões de doses. A segunda, 38 milhões -a vacina da Janssen é em dose única.

A pasta tornou público o contrato com a Pfizer. O pagamento antecipado está previsto no item 3.2: "O comprador efetuará um pagamento antecipado de US$ 200.002.140,00 (calculado a US$ 2/dose multiplicado pelas doses contratadas) no prazo de dez dias a contar do recebimento de uma fatura da Pfizer".

O Ministério da Saúde autorizou R$ 1,86 bilhão à farmacêutica em 22 de março. No dia 31, houve o pagamento de R$ 1,13 bilhão, conforme os registros do Portal da Transparência. A observação na ordem bancária é a seguinte: "Pagamento adiantado US$ 200.002.140,00. Cotação R$ 5,6910." Cada dose custou US$ 10, segundo o contrato. O pagamento efetuado mostra que o valor pago, na moeda brasileira, foi R$ 56,30.

Na prática, o governo antecipou pagamentos correspondentes a 20% do contrato.

Uma cláusula contratual prevê a possibilidade de escassez do produto e de fornecimento insuficiente dentro do cronograma acertado. Há a previsão de que a vacina seja fornecida a "outro mercado", conforme o contrato.

O cronograma mais recente prevê 15,5 milhões de doses da Pfizer até junho e o restante até setembro. A vacina tem registro da Anvisa desde fevereiro.

Graesp distribui vacinas contra a covid-19 pelo Pará

Em nota, a Pfizer afirmou que um acordo de confidencialidade impede que comente "detalhes das negociações". "O contrato estabelecido com o governo brasileiro está em linha com os acordos fechados em outros países da América Latina e do mundo."

O contrato com a Janssen também é sigiloso. Em 25 de março, o Ministério da Saúde pagou R$ 536,7 milhões pela aquisição de vacinas. "Pagamento inicial US$ 95.000.000. Cotação R$ 5,6495", registra a ordem bancária. Cada dose saiu por R$ 56,30, segundo o mesmo documento.

A Janssen não tem um cronograma para a entrega dos 38 milhões de doses. O uso emergencial da vacina está autorizado desde o dia 31 de março.

A empresa não quis fazer comentários sobre pagamento e contrato "por questões de confidencialidade". "O valor do imunizante será o mesmo globalmente, independentemente do país ou da sua faixa de renda", afirmou.

Fornecedor da Coronavac, o Instituto Butantan já recebeu R$ 1,9 bilhão do governo federal, referentes a 32,9 milhões de doses entregues ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Cada dose custa R$ 58,20.

Falta pagar por outros 7,9 milhões de doses já fornecidos. Os pagamentos ocorrem em até 30 dias após a emissão das notas fiscais, feita no momento da entrega. Não há, portanto, pagamento antecipado.

Já União Química e Precisa Medicamentos não têm, até agora, aval da Anvisa para fornecer as vacinas acertadas com o governo federal. A primeira ainda não apresentou documentos suficientes para provar qualidade, eficácia e segurança da Sputnik V.

Em 12 de março, o Ministério da Saúde anunciou a assinatura de um contrato para a compra de 10 milhões de doses da vacina russa. Antes disso, a pasta já havia empenhado R$ 693,6 milhões para o imunizante. A nota de empenho diz que o valor se refere à aquisição de 5 milhões de doses, "componentes 1 e 2". Cada dose sairá por R$ 69,36. A União Química não respondeu às perguntas da Folha.

A autorização para pagar a Precisa Medicamentos, que deve entregar 20 milhões de doses da Covaxin, também ocorreu em 22 de fevereiro. O valor é de R$ 1,6 bilhão. Cada dose, segundo a nota de empenho, custará R$ 80,70.

"É correto o governo reservar doses para combater a pandemia", disse a Precisa. "O governo federal não pagou nenhum real adiantado, diferentemente do que preveem contratos com outros laboratórios, que têm previsão de pagamento antecipado e entrega prevista só para o segundo semestre." Segundo a empresa, o cronograma de entregas está condicionado a uma aprovação da Anvisa.

Secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Marcelo Queiroga, Rodrigo da Cruz afirmou que os pagamentos antecipados à Pfizer e à Janssen estão amparados em lei de 10 de março que prevê "medidas excepcionais" para a compra de vacinas.

As cláusulas dos contratos são sigilosas, disse. "No mundo inteiro, a prática é essa com esses laboratórios."

Cruz espera 1 milhão de doses da Pfizer até o fim de abril e todas as doses da Janssen nos últimos três meses do ano.

Sobre as autorizações de pagamentos à União Química e à Precisa, Cruz afirmou que, por determinação legal, há necessidade desse amparo orçamentário. "Cláusulas contratuais condicionam os pagamentos à autorização pela Anvisa."

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