plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 25°
cotação atual R$


home
PANORAMA PREOCUPANTE

Brasil só conseguiu vacinar um terço das pessoas nos grupos prioritários até agora

Segundo os pesquisadores, é necessário vacinar 70% de toda a população para se ter mais segurança. No entanto, somente 30%, apenas dos grupos prioritários, foram vacinados até o momento...

Imagem ilustrativa da notícia Brasil só conseguiu vacinar um terço das pessoas nos grupos prioritários até agora camera Inicio da Campanha de vacinação contra a gripe para idosos em Curitiba. Na imagem Cícero Nascimento, 82 anos na Rua da Cidadania do Cajuru - Curitiba 23/03/2020 - Foto: Daniel Castellano / SMCS | Daniel Castellano

O Brasil só conseguiu vacinar até agora um terço das pessoas que integram grupos classificados como prioritários para a vacinação contra a Covid-19 e que já foram chamados para tomar a primeira dose, segundo um estudo feito por pesquisadores com base em dados do Ministério da Saúde.

Ligados à Rede de Pesquisa Solidária, os especialistas calculam que 32% dos integrantes desses segmentos da população já receberam a primeira aplicação, e somente 10% a segunda, considerados os registros compilados pelo ministério nos primeiros 49 dias da vacinação, até o último dia 6.

Os dados mostram que apenas 56% dos profissionais de saúde, 54% das pessoas com mais de 80 anos de idade e 55% dos indígenas conseguiram receber a primeira dose até agora, embora todos nesses grupos tenham lugar garantido na frente da fila desde o começo da vacinação, em janeiro.

Em segmentos que foram classificados como prioritários desde o início, mas só recentemente foram chamados para tomar a vacina, a cobertura ainda é reduzida. Somente 12% dos brasileiros entre 75 e 79 anos e 3% dos que têm entre 70 e 74 anos receberam a primeira aplicação até o início deste mês.

"Falta vacina, mas falta também organização", diz o professor Guilherme Loureiro Werneck, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Temos dificuldades para alcançar até mesmo grupos que são relativamente pequenos numericamente".

O estudo considerou 9 grupos que já foram chamados para a vacinação, de um total de 29 inicialmente classificados como prioritários pelas autoridades. Novos segmentos foram incluídos na lista desde o início do ano, aumentando de 49 milhões para 77 milhões o número de pessoas com preferência, pouco mais de um terço da população do país.

Os grupos que já podem tomar a vacina, que reúnem cerca de 22 milhões de pessoas, são considerados mais vulneráveis ao coronavírus por causa da idade e de outros fatores, ou por estarem muito expostos a riscos, como médicos e enfermeiros que trabalham no enfrentamento da pandemia.

Parte do problema é a inconsistência dos critérios para estabelecer prioridades, dizem os pesquisadores. Embora todos os profissionais da saúde possam entrar na fila, a insuficiência de vacinas tem levado prefeituras e governos estaduais a vacinar primeiro os mais velhos ou que estão na linha de frente.

O levantamento também aponta grande desigualdade regional nos resultados alcançados até aqui. Quase dois terços das pessoas com mais de 80 anos de idade já receberam a primeira dose no Norte e no Centro-Oeste. No Nordeste e no Sul, a cobertura ainda é inferior à metade do grupo populacional.

Até a primeira semana de março, o Ministério da Saúde distribuiu 18 milhões de doses de dois imunizantes, desenvolvidos pela AstraZeneca e pela Sinovac, que começaram a ser produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Instituto Butantan no Brasil, com matéria-prima importada da China, respectivamente.

O Ministério da Saúde já anunciou outros 183 milhões de doses para os próximos meses, incluindo as que serão fabricadas pelos dois institutos públicos e as que poderão ser importadas de outros laboratórios, alguns ainda em negociação com o governo. As previsões têm sido revistas com frequência.

Nos cálculos dos pesquisadores, isso seria mais do que suficiente para aplicar duas doses nos 77 milhões de pessoas dos grupos considerados mais vulneráveis, mas não para atingir o grau de cobertura que seria necessário para proteger o conjunto da população em idade adulta contra a Covid.

Considerando a eficácia das vacinas que já foram aprovadas para distribuição no país, os especialistas calculam que seria necessário vacinar 70% da população para alcançar esse nível de segurança, o que exigiria cerca de 320 milhões de doses, ou seja, muito mais do que o governo prevê conseguir.

"Teremos mais vacinas nos próximos meses, mas não conseguiremos alcançar a cobertura necessária com rapidez se continuarmos fazendo as coisas sem coordenação", afirma Werneck, que trabalhou no levantamento com Ligia Bahia, da UFRJ, e Mário Scheffer, da Universidade de São Paulo (USP).

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Brasil

Leia mais notícias de Notícias Brasil. Clique aqui!

Últimas Notícias