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RELAXAMENTO

Com UTIs lotadas, Manaus reabre academias e serviços não essenciais

A capital do Amazonas vem relaxando gradativamente as restrições e decidiu reabrir academias e serviços não essenciais

Imagem ilustrativa da notícia Com UTIs lotadas, Manaus reabre academias e serviços não essenciais camera Ascom/Ministério da Saúde

Enquanto estados e capitais adotam lockdowns e medidas restritivas por causa do avanço das mortes no Brasil, Manaus vem relaxando gradativamente as restrições e decidiu reabrir academias e serviços não essenciais.

Com taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para Covid-19 em 88% e cem pacientes ainda na fila por uma vaga nos hospitais públicos, a capital do Amazonas viveu colapso em janeiro, com falta de oxigênio para pacientes.

Como a Folha publicou no mês passado, Manaus apresenta o quíntuplo de mortes por milhão de habitantes da média das capitais brasileiras neste ano. Procurado para comentar sobre a reabertura de atividades não essenciais, o governo do Amazonas não se manifestou.

A capital reabriu o comércio em geral, shoppings e restaurantes há uma semana e, na última segunda (1), autorizou o funcionamento das academias em horário reduzido, de 6h às 11h, e metade da lotação máxima.

Também foram liberados serviços de beleza em domicílio, obras de reparo e manutenção em prédios, além do funcionamento das indústrias e da construção civil.

Na prática, a cidade voltou à rotina dos congestionamentos, ruas comerciais lotadas e descumprimento de protocolos sanitários, inclusive, no transporte público, com pessoas com máscara embaixo do nariz e aglomerações nas paradas e dentro dos ônibus.

Na segunda, primeiro dia de reabertura, o especialista e sistemas Rafael Rocha, 35, às 6h em ponto estava na academia onde malha, com a roupa de treino e máscara.

Ele conta que não se importa em adaptar a rotina para acordar às 4h, poder chegar na academia às 6h e estar no trabalho às 7h30. "Quando as academias fecharam, eu tentei as aulas on-line, mas não me adaptei. Sem gastar energia, não conseguia dormir, ficava irritado, ansioso. Quando eu soube da reabertura já ajudou no psicológico. Ontem fui para a academia e já dormi melhor, acordei bem".

A personal trainer Marília Soares, 51, aprovou a reabertura das academias, mas com ressalva. "O horário está muito reduzido. Além de não encaixar na agenda de muitos clientes, como os que trabalham durante o dia ou têm compromissos pela manhã, isso sim vai provocar aglomeração", afirma.

"Se fosse até as 16h ou 18h seria melhor", disse, por telefone, enquanto organizava o início de uma aula particular na casa de uma cliente.

Foi assim que ela se adaptou ao fechamento das academias: dando aulas nas salas, garagens, quintais, quadras e áreas de lazer de prédios.

Mas nem todos tiveram a mesma sorte. Também personal trainer, Ana Rita Amorim, 39, "perdeu" todos os alunos durante a última restrição, que começou no fim de dezembro. A maioria dos clientes dela eram crianças e idosas. "Minhas alunas cancelaram as aulas por medo e nenhuma delas pretende retornar agora".

Com o clube onde dá aulas de natação e hidroginástica fechados desde dezembro, o profissional de educação física Plácido Ferreira, 47, está vivendo de trabalhos esporádicos como pedreiro e eletricista.

Para ele, a reabertura das academias de 6h às 11h não resolve o problema. O horário, de calor forte, não ajuda a atrair os alunos para as piscinas, em sua maioria crianças e idosos. "Com o clube fechado, hoje estou sem nenhuma fonte de renda fixa. Me cadastrei no auxílio emergencial mas não preenchi os requisitos".

A professora universitária Ingrid Costa, 39, que frequenta academia há dois anos e, nos últimos meses, transferiu as aulas para o celular, defende que ainda é cedo para reabrir tudo, inclusive as academias.

"Não custa nada a gente esperar mais um pouco para não sofrer uma outra onda. Não há necessidade de agonia para voltar à academia, nossa agonia é para vacinar. Não posso ser imprudente. Eu perdi muita gente. Eu e milhares."

O empresário Felipe Dedonno, 29, optou por não descongelar o pacote da academia. Apesar dela fazer parte da rotina de lazer e de trabalho dele -ele é dono de uma empresa de refeições saudáveis congeladas que tem nos frequentadores das academias boa parte de sua clientela-, Felipe decidiu não retomar os treinos presenciais agora.

Ele, que quase perdeu o pai para a Covid após sete longos dias de internação no início de janeiro, conta que se adaptou bem às aulas em grupo on-line e pretende seguir com elas. "Não concordo com a reabertura, acho que estamos em uma situação que ainda não permite arriscar. Entendo a necessidade, mas acredito que é uma responsabilidade social minha, em me manter seguro, manter seguro o outro também."

Apesar da disseminação da variante do vírus ter agravado a pandemia, a flexibilização às restrições nesta segunda onda em Manaus ocorre mais cedo do que a retomada pós primeira onda, pelo menos do ponto de vista da taxa de ocupação dos hospitais.

No dia do início das flexibilizações, em 22 de fevereiro, a taxa de ocupação de leitos de UTI era de 90%, com 130 pessoas na fila de espera por uma vaga nos hospitais de Manaus. Após a primeira onda, quando o plano de reabertura gradual foi anunciado, dia 15 de junho, a taxa de ocupação dos leitos de UTI era de 50%, segundo a secretaria de saúde do Amazonas.

Para o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, a reabertura é prematura. Segundo o pesquisador, a média de mortes diárias em Manaus, em junho de 2020, era de 11. Já no fim de semana que antecedeu a reabertura em fevereiro, a média de mortes era de 70 por dia.

Ele ainda aponta a lentidão na vacinação -que, em Manaus, atingiu 5,7% da população até esta terça (2)- e o período sazonal de chuvas, que vai até meados de maio, como fatores que podem contribuir para que a epidemia volte a se agravar.

"Quando você vacina as pessoas por um longo período, você aumenta as chances de novas mutações. Some a essa pressão natural da população viral o retorno precoce das atividades e a circulação massiva de pessoas e você volta a criar um ambiente favorável não só para a circulação, como também para a mutação de novos vírus. E agora com novos elementos: temos uma variante nova e estamos no pico da circulação viral na região, por conta das chuvas."

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