Diante da prisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella (Republicanos), nesta terça-feira (22), o Palácio do Planalto tem
procurado blindar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas reconhece que
é difícil evitar o desgaste com a narrativa de mais uma derrota do chefe do
Executivo federal.
Além de ter apoiado a candidatura derrotada de reeleição de Crivella –a internet já recuperou até vídeo dos dois dançando durante a campanha–, dois dos três filhos políticos do presidente migraram para o Republicano: o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (RJ).
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Mourão (PRTB) minimizou o impacto para o governo, dizendo que se trata de uma
"questão policial" e que "segue o baile aí".
"O governo não tem impacto nenhum, pô. Não tem nada a ver com a gente. Sem impacto, zero impacto", disse Mourão nesta manhã.
Ao ser lembrado de que Bolsonaro apoiou a tentativa de
reeleição de Crivella, o vice-presidente insistiu em minimizar a operação desta
terça-feira.
"A gente apoia tanta candidatura aí, pô, não tem nada a
ver."
Crivella foi preso preventivamente nesta terça, em operação
da Polícia Civil e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Ele é
apontado como chefe do suposto grupo criminoso que teria instituído um esquema
de cobrança de propina na prefeitura.
Aliados de Bolsonaro não se manifestaram publicamente até a
publicação desta reportagem.
Nos bastidores, auxiliares do presidente admitem que o
desgaste é inevitável. No início do ano, Bolsonaro foi aconselhado a não apoiar
candidaturas justamente para evitar desgastes com eventuais derrotas ou
problemas judiciais que seus aliados poderiam enfrentar. Na reta final, porém,
ele escolheu alguns nomes para pedir votos.
No caso de Crivella, Bolsonaro acabou ficando com derrotas
nas duas frentes, já que o prefeito perdeu para Eduardo Paes (DEM), eleito em
outubro, e agora foi preso.
Com a ajuda de Bolsonaro, Crivella tentou se cacifar na
campanha como o principal candidato do campo conservador, mas o alto índice de
rejeição que acumulava impulsionou sua derrota para Eduardo Paes, que teve 64%
dos votos válidos no segundo turno.
Uma pessoa próxima à família disse à Folha de S, sob
reserva, que acredita que a prisão de Crivella pode antecipar a migração de
Bolsonaro para um partido, movimento que ele pretendia fazer apenas em março.
O entendimento deste auxiliar é que o presidente pode querer
levar ao menos o filho Flávio para esta outra legenda na tentativa de se
afastar um pouco mais da sigla de Crivella.
Flávio já enfrenta dificuldades na Justiça por causa da
investigação que apura esquema de rachadinha no gabinete do hoje senador quando
ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Crivella se tornou réu depois que a desembargadora Rosa Helena
Penna Macedo Guita, do Tribunal de Justiça do Rio, aceitou denúncia do
Ministério Público contra ele. O órgão acusa Crivella e outras 25 pessoas de
organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
Bolsonaro está em Santa Catarina, sem agenda oficial, e
ainda não se manifestou sobre a prisão do aliado.
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