A produção industrial brasileira emendou o quarto mês
seguido de alta após tombo recorde causada pela pandemia da Covid-19 no Brasil,
mas ainda não conseguiu recuperar as perdas do pior período da crise.
O crescimento em agosto foi de 3,2% em comparação com o mês
anterior, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
Nos quatro meses de recuperação, o setor ainda não compensou
a perda de 27% entre março e abril, quando a pandemia atingiu o país e levou ao
fechamento de comércio, bares, restaurantes e shoppings, a fim de promover o
isolamento social para conter o avanço do coronavírus.
No pico da Covid-19, com tombos de 9,1% em março e 18,8% em
abril, a produção industrial brasileira atingiu o pior patamar da história.
Diante desse cenário, o setor ainda continua 2,6% abaixo do nível de fevereiro,
período pré-pandemia. No acumulado do ano, a indústria brasileira recuou 8,6%.
Já na comparação com agosto do ano passado, a queda foi de
2,7%, a décima consecutiva, o que mostra mais os efeitos da pandemia, que
atingiu seu sexto mês influenciando os resultados da pesquisa.
O gerente do IBGE André Macedo vê o setor em recuperação,
mas ainda com partes de sua produção a serem resgatadas. "Há uma
manutenção de certo comportamento positivo do setor industrial nos últimos
meses. É um avanço bem consistente e disseminado entre as categorias",
apontou.
Todas as grandes categorias avançaram em agosto na
comparação com julho. O maior crescimento foi de bens de consumo duráveis, com
18,5%. Nos últimos quatro meses, a expansão da produção do segmento foi de
524,5%. Apesar do número expressivo, o setor ainda está 3% abaixo do nível de
fevereiro.
A maior influência foi do ramo de Veículos automotores,
reboques e carrocerias, com alta de 19,2%. A alta de 901,6% desde maio ainda
não é o suficiente para alcançar o nível pré-pandemia. Atualmente, a produção
está 22,4% abaixo do patamar de fevereiro.
Segundo André Macedo, a produção dos automóveis impacta não
só dentro da categoria de Bens de consumo duráveis, mas no setor industrial
como um todo. "Porque nflui na confecção de autopeças, caminhões e carros
em geral", explicou.
indústria foi o setor da economia com maior queda no PIB (Produto
Interno Bruto) do segundo trimestre, quando recuou 12,7%, o maior tombo desde
que o IBGE começou a calcular o PIB no formato atual, em 1996.
No trimestre, o PIB brasileiro caiu 9,7%, também um tombo
inédito na história da pesquisa.
Para economistas, o ritmo da retomada vai depender da
recuperação do mercado de trabalho, que ainda não deu sinais de reação à crise
provocada pela pandemia.
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