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COMIDA CONTAMINADA

Homem que morreu após comer marmita era conhecido por defender colegas

O morador de rua Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, 37 anos, era conhecido por ser o protetor dos colegas que com ele dormiam em um posto de combustíveis desativado em Itapevi, na Grande São Paulo.Ele morreu na madrugada da última quarta-feira (22) apó

Imagem ilustrativa da notícia Homem que morreu após comer marmita era conhecido por defender colegas

O morador de rua Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, 37 anos, era conhecido por ser o protetor dos colegas que com ele dormiam em um posto de combustíveis desativado em Itapevi, na Grande São Paulo.

Ele morreu na madrugada da última quarta-feira (22) após comer uma marmita doada na noite do dia anterior por voluntários de uma igreja evangélica. José Luiz de Araújo Conceição, 61, consumiu o mesmo alimento, compartilhado com sua cadela de estimação, e ambos também morreram.

A pastora de 51 anos que preparou a comida servida aos moradores de rua garante que ela e seus familiares também se alimentaram das mesmas marmitas, supostamente contaminadas, e não passaram mal.

Cléber Viginóski, 36 anos, conhecia Oliveira há cerca de dez anos. Ele afirmou que ambos permaneciam grande parte do tempo nas ruas, em decorrência da dependência química e do alcoolismo. "Tanto ele como eu temos família na cidade, com casa onde podemos ir, mas não vamos por causa do nosso vício", explicou.

Viginóski acrescentou que há cerca de seis meses passou a dormir no posto de combustíveis, no bairro Vila Aurora, junto com Oliveira e outras pessoas em situação de rua. Segundo ele, o local também costuma receber visitas de estranhos que provocam e ofendem, principalmente de madrugada. "O Vagner não deixava quieto [as provocações]. Como ele era alto e forte, nos protegia de perigos e ameaças [de estranhos]."

Há cerca de 20 dias, Viginóski afirma que o amigo defendeu uma mulher, supostamente assediada por um homem que foi até o posto, durante a madrugada. "Ele [Oliveira] virou um 'rolo compressor' para ajudar nossa amiga. Eram dois caras, mas só um apanhou e o outro que tava com ele saiu correndo", relembra.

Por conta do comportamento protetor de Oliveira, Viginóski não descarta a possibilidade de que alguém tenha envenenado as marmitas dadas ao colega. "É engraçado que só as marmitas que deram pro Vagner que mataram ele, e o seu José, e também fizeram os dois 'de menor' passarem mal", afirmou, sobre o fato de Oliveira ter compartilhado quatro das cinco marmitas, doadas a ele, por volta das 22h da última terça-feira (21).

Viginóski disse ainda se lembrar somente do momento em que Oliveira começou a passar mal, já na madrugada de quarta-feira (22), após comer a comida da marmita. "Eu estava muito embriagado e não vi quando ele comeu e se alguém colocou alguma coisa dentro [da marmita] para matar o Vagner. Depois o Vovô [José Luiz de Araújo Conceição] também passou mal. Os dois morreram", afirmou emocionado, na tarde desta sexta-feira (24) à reportagem.

Outro morador de rua, de 32 anos e que pediu para não ter o nome publicado, disse que os amigos de Oliveira se sentem desprotegidos, desde a morte dele. "Eu acho que mataram nosso amigo por vingança, porque ele protegia a gente."

O CASO

A polícia investiga se as marmitas entregues a moradores de rua em Itapevi foram envenenadas no posto de combustíveis desativado, onde estavam as duas vítimas que comeram o alimento doado na noite da última terça.

Essa é uma das três linhas de investigação seguidas pela Polícia Civil da cidade. O caso, até o momento, está registrado como morte suspeita. Um menino de 11 anos e uma adolescente, de 17, permaneciam internados, com sinais de envenenamento, após comerem a comida que estava nas mesmas marmitas.

As outras duas hipóteses levantadas pela equipe de investigações são de que as marmitas tenham sido contaminadas no momento da preparação, ou ainda que as vítimas tenham consumido comida estragada.

O delegado Aloysio Ribeiro de Mendonça Neto, titular da delegacia de Itapevi, afirmou ao Agora que 50 marmitas foram distribuídas a moradores de rua pela mesma entidade religiosa que entregou ao menos cinco delas no posto de combustível desativado do bairro Vila Aurora. Imagens de câmeras de monitoramento mostram as distribuição da comida, por volta das 22h de terça.

A pastora evangélica Agda Lopes Casimiro, 51, procurou a polícia na quarta para dizer que preparou a comida doada aos moradores de rua e negou que houvesse problemas.

A pastora afirma que doa comida a moradores de rua há dez anos na região de Cotia (Grande São Paulo) e, desde o início de 2020, entrega marmitas a pessoas em situação de rua em Itapevi.

Duas das marmitas foram consumidas por Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, 37 anos e José Luiz de Araújo Conceição, 61, que morreram com sinais de intoxicação, já na madrugada de quarta. As outras três foram entregues por Oliveira ao vendedor de churros Flávio de Araújo, 42. A namorada dele, a adolescente de 17 anos, e o filho da vítima, de 11, passaram mal e foram internados.

Segundo atestado de óbito dos moradores de rua, a causa preliminar das mortes é intoxicação exógena (interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico). A polícia, no entanto, aguarda o resultado de exames para constatar o que provocou as mortes.

Além dos dois moradores de rua, a cadela Dalila, que tinha José Luiz de Araújo Conceição como tutor, também morreu com sinais de intoxicação, após o morador de rua compartilhar com o seu animal a comida da marmita.

As vísceras da cadela foram retiradas por um veterinário, a pedido da polícia, e encaminhadas para análise de toxicologia forense na capital paulista.

A reportagem apurou que o menino de 11 anos, que passou mal após comer a refeição de uma das marmitas, permanece internado no Hospital Geral de Pirajussara, em Taboão da (Grande São Paulo), respirando com a ajuda de aparelhos. Apesar disso, seu quadro de saúde é estável.

A adolescente de 17 anos se recupera no Hospital Regional de Osasco (Grande São Paulo) e passa bem.

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