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Mortos pelo coronavírus no Brasil chegam à marca de 50 mil

 O Brasil atinge neste sábado (20) a marca de 50 mil mortes em decorrência da Covid-19, inédita entre todos os países do mundo exceto os Estados Unidos.Da morte do porteiro Manoel Messias Freitas Filho em São Paulo, primeira vítima da doença, ao moment

Imagem ilustrativa da notícia Mortos
pelo coronavírus no Brasil chegam à marca de 50 mil camera Altemar Alcantara/Semcom

O Brasil atinge neste sábado (20) a marca de 50 mil mortes em decorrência da Covid-19, inédita entre todos os países do mundo exceto os Estados Unidos.

Da morte do porteiro Manoel Messias Freitas Filho em São Paulo, primeira vítima da doença, ao momento em que os mortos oficialmente atribuídos ao novo coronavírus são suficientes para lotar o estádio do Corinthians, em Itaquera, passaram três meses e quatro dias. É como se, em menos de cem dias, toda a população de Campos do Jordão (SP) sumisse.

Até este sábado (20), mais de 1 milhão de pessoas contraíram a doença no Brasil. Os dados foram aferidos pelo consórcio jornalístico integrado por Folha de S. Paulo, G1, O Globo, Extra, Estadão e UOL com as secretarias de Saúde estaduais.

Como se tratam só de casos registrados e há gargalos na testagem e na certificação das causas, além de indícios de subnotificação, o número provável de vítimas é maior.

A evolução letal no Brasil é mais lenta do que a ocorrida nos EUA, onde a marca de 50 mil mortes foi alcançada em 55 dias após o primeiro óbito.

Mas a curva americana de vítimas, que só recentemente perdeu fôlego, é a que mais se assemelha à brasileira. Juntos, os países respondem por mais de um terço (37%) dos óbitos da doença no mundo, ainda que perfaçam menos de 7% da população global.

Embora no Brasil a Covid se interiorize rapidamente, arriscando uma calamidade ainda maior em rincões do país onde a rede de saúde é mais deficitária, o Sudeste e o Nordeste respondem por três quartos dos mais de 1,04 milhão de casos e dos 50 mil mortos. Em São Paulo, estado mais populoso do país, mais de 210 mil adoeceram –metade deles na capital– e mais de 12 mil morreram. No Rio de Janeiro, já são quase 100 mil casos e 9.000 mortos.

Consideradas as populações, a Covid-19 se mostrou muito mais letal no Norte, onde a incidência chegou a 1.099 para cada 100 mil habitantes, segundo dados do governo federal, e as mortes, a 46,2 para cada 100 mil pessoas.

No Sudeste, essa mortalidade é, por ora, de 25,7 mil para cada 100 mil; e no Nordeste, de 27,4. No Centro-Oeste, são 6,3 mortes por grupo de 100 mil, e no Sul, 3,6. A taxa dos EUA, para comparação, é de 38 mortes por 100 mil habitantes, e a da Argentina, de 2,2.

O governo federal deixou de informar os dados dos mortos por sexo, idade e raça. Mas, até quando o fez, no mês passado, morriam mais homens do que mulheres; mais sexagenários e septuagenários do que pessoas em outras faixas etárias; e tantos negros quanto brancos –a raça de 29% das vítimas, contudo, era ignorada.

A letalidade da doença vinha avançando mais rapidamente entre negros do que entre brancos e entre pessoas de menor renda do que entre aquelas mais ricas, estrato primeiro atingido, por fazer viagens internacionais.

Observou-se, na cidade de São Paulo, que a subnotificação de casos tende a ser maior em regiões mais pobres, onde se alastra a suspeita da doença sem a certificação dos testes.

O Brasil, aliás, ainda testa muito pouco para Covid-19. Até o último dia 10, segundo o Ministério da Saúde, 632 mil exames sorológicos foram feitos na rede pública, ou 3 para cada 1.000 habitantes Os EUA, em igual período, haviam testado parcela 22 vezes maior.

O país também carece de política pública coordenada para enfrentar a doença. Com duas trocas de ministro da Saúde durante a pandemia –saíram o bem avaliado Luis Henrique Mandetta e o breve Nelson Teich, para dar lugar a um interino, o general Eduardo Pazuello– não há estratégia federal de combate ao coronavírus, e o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) frequentemente se choca com o de governadores e prefeitos.

Sem parâmetros para traçar política pública contra a doença nem diretrizes sobre a recomendação de isolamento social enquanto perdurar a ascensão dos casos, assiste-se hoje a uma trôpega tentativa de reabrir o comércio na maior parte dos estados, arriscando o repique da doença antes mesmo da estabilidade. Escolas, por sua vez, estão há três meses fechadas.

Enquanto isso, segundo o levantamento mais recente da Folha de S. Paulo, nos últimos dias 8 e 9, nove estados tinham suas UTIs públicas com ocupação acima de 80%, patamar que deixa pouca margem de manobra para o caso de rápido crescimento de casos.

Em vez de coordenar a distribuição de insumos como ventiladores pulmonares e equipamentos de segurança, o governo dedicou-se ao debate sobre o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada no combate ao novo coronavírus, como possibilidade de cura.

Na oratória de Bolsonaro, que ao longo desses quase quatro meses duvidou de números, questionou a necessidade de medidas preventivas e referiu-se à doença, no começo da pandemia, como "gripezinha", a cloroquina virou promessa de solução mágica, contraposta às medidas profiláticas de isolamento social, estas sim com efeito comprovado e apoio de 60% dos brasileiros, segundo pesquisa do Datafolha em 26 de maio.

Nem tudo, porém, é desalento. Na última semana, o Brasil, que chegou a ter a maior taxa de transmissão da Covid-19 no mundo, finalmente registrou índice próximo a 1 (1,05) após três semanas de queda. Um índice igual ou menor que 1 indica que a transmissão está controlada naquele momento, e é possível desenhar protocolos de retomada das atividades.

Para a Organização Mundial da Saúde, emergem os primeiros sinais de que a pandemia começa a se estabilizar no país. O momento, entretanto, é de redobrar a cautela e de reforçar o distanciamento e as medidas de higiene, adverte.

Em outros países, erros de cálculo na reabertura levaram um incipiente controle da doença a se converter, rapidamente, em novo avanço.

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