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CRISE

'Nosso barco pode estar indo em direção a um iceberg, pro fundo', diz Bolsonaro em reunião

Em uma defesa inflamada de seu governo, Jair Bolsonaro (sem partido) cobrou lealdade de seus ministros na reunião do dia 22 de abril, afirmando que sua gestão pode estar indo na direção de um iceberg.Ao dizer que não sofrerá impeachment por "frescura"

Imagem ilustrativa da notícia 'Nosso barco pode estar indo em direção a um iceberg, pro fundo', diz
Bolsonaro em reunião camera Marcos Corrêa/PR

Em uma defesa inflamada de seu governo, Jair Bolsonaro (sem partido) cobrou lealdade de seus ministros na reunião do dia 22 de abril, afirmando que sua gestão pode estar indo na direção de um iceberg.

Ao dizer que não sofrerá impeachment por "frescura" ou "babaquice", deixou claro que pode haver uma crise institucional caso seja alvo de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de forma isolada.

"O nosso barco tá indo, mas não sabemos ainda [...] esse vírus, pra onde tá indo nosso barco. Pode tá indo em direção a um iceberg. A gente vai pro fundo. Então vamos se ligar, vamos se preocupar. Quem de direito, se manifesta, com altivez, com palavras polidas, tá? Mas coloca uma posição! Porque não pode tudo, tudo, veio pra minha retaguarda, tudo tá? E vocês têm que apanhar junto comigo, logicamente quando tiver motivo pra apanhar, ou motivo pra bater", afirmou o presidente aos ministros.

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Essas palavras foram ditas logo após ele se referir à suposta libertação de estupradores em decorrência da Covid-19, indicando que cobrava uma postura mais firme de Sergio Moro. Seu então ministro da Justiça deixaria o governo poucos dias depois, acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.

Em vários momentos, Bolsonaro fala da ameaça de sofrer impeachment e, ao mesmo tempo, cobra ação efetiva de seus ministros em sua defesa. "Acordem para a política e se exponham, afinal de contas o governo é um só. E, se eu cair, cai todo mundo".

Ele ainda insinua rupturas institucionais ao afirmar que pode não aceitar eventual decisão desfavorável vinda do STF.

"E, espero que eles não decidam, ou ele, né? Monocraticamente, querer tomar certas medidas porque daí nós vamos ter um... uma crise política de verdade. E eu não vou meter o rabo no meio das pernas. Isso daí... zero, zero. Tá certo? Porque, se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro, dinheiro na conta na Suíça, porrada sem problema nenhum. Vai pro impeachment, vai embora. Agora, com frescura, com babaquice, não!"

Uma das frescuras que cita é a cobrança judicial para que apresentasse seus exames sobre a Covid-19. Ele indica ter receio de sofrer sanções por ter usado nomes de outras pessoas.

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"Paralelamente a isso tem aí OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] da vida, enchendo o saco do Supremo, pra abrir o processo de impeachment porque eu não apresentei meu ... meu exame de ... de ... de ... de vírus, essas frescurada toda."

Ao se dirigir aos ministros de forma geral, ele ressalta a importância de "cuidar da política", sempre no intuito de não ser destituído por meio de um processo de impedimento.

"É cuidar do seu ministério nessas questões que estamos tratando aqui, é tratar da questão política também. Tá certo? Então é ... essa é a preocupação temos que ter, porque a luta pelo poder continua. A todo vapor", afirma, classificando como "terreno fértil" para isso "o desemprego, caos, miséria, desordem social e outras coisas mais".

"Não é 'tá bom?', o ministério fatura, 'deu merda?', no colo do presidente. Não pode ser assim", elogiando o ex-senador Magno Malta (ES), que chegou a ser cotado para ser seu vice ou ministro. "Politicamente, ele nunca me deu uma alfinetada e sempre tá defendendo com os problemas que ele tem. "

Bolsonaro prosseguiu afirmando que não deixaria de visitar regiões do país mesmo com a orientação de distanciamento social.

"Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseado em filigranas, eu vou em qualquer lugar do território nacional e ponto final! O dia que for proibido de ir. .. pra qualquer lugar do Brasil, pelo Supremo, acabou o mandato."

O presidente menciona ainda sua ida a atos antidemocráticos e ressalta que irá cumprir o artigo 142 da Constituição, cuja interpretação equivocada é sempre citada por defensores da ditadura miliar,

"Eu sou o chefe supremo das forças armadas. Ponto final. O pessoal tava lá, eu fui lá. Dia do Exército. E falei algo que eu acho que num tem nada demais. Mas a repercussão é enorme. "Ó, o Al-5". Cadê o Al-5? O AI-5 não existe, não existe ato institucional no Brasil mais. É uma besteira. Artigo um, quatro, dois. É um pessoal que não sabe interpretar a Constituição. Agora em cima disso fazer uma onda?", questiona Bolsonaro.

O artigo 142 estabelece, em seu caput: "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem."

Segundo Bolsonaro, havendo necessidade, qualquer um dos Poderes pode recorrer ao artigo. "Pedir as forças armadas que intervenham pra restabelecer a ordem no Brasil, naquele local, sem problema nenhum. Agora, todos, né? Tem que se preocupar com a questão política, e a quem de direito, tira a cabeça da toca, porra! Não é só ficar dentro da toca o tempo todo não! 'Tô bem, eu tô cuidando da minha imagem, a imagem tá aqui, eu sou bonitinho, e o resto que se exploda'", exalta-se Bolsonaro.

Nesse ponto, ele diz não ter amor pela cadeira de presidente -"Zero, zero!"- e que não está preocupado com reeleição. "Eu tô me lixando com a reeleição. Eu quero mais que alguém seja eleito, se eu vier candidato, tá? Pra eu ter. .. eu quero ter paz no Brasil, mais nada. Porque se for a esquerda, eu e uma porrada de vocês aqui tem que sair do Brasil, porque vão ser presos. E eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos por homofobia."

Paulo Guedes (Economia) também fala sobre possível impeachment de Bolsonaro, dizendo que "não tem jeito de fazer impeachment se a gente tiver com as contas arrumadas."

"Todo mundo tá achando que tão distraído, abraçaram a gente, enrolaram com a gente. Nós já botamos a granada no bolso do inimigo. Dois anos sem aumento de salário. Era a terceira torre que nós pedimos pra derrubar. Nós vamos derrubar agora, também. Isso vai nos dar tranquilidade de ir até o final. Não tem jeito de fazer um impeachment se a gente tiver com as contas arrumadas, tudo em dia. Acabou! Não tem jeito. Não tem jeito", afirmou Guedes na reunião.

Por diversas vezes em sua fala, Guedes trata a classe política como adversária e critica os que estejam interessados em questões eleitorais.

Em resposta, Bolsonaro diz estar fora do pleito municipal inicialmente previsto para outubro desde ano, mas que deve ser adiado devido à pandemia.

Ao falar sobre arrumar as contas, Guedes diz que eram necessários três passos para destruir o que ele chama de "três torres dos inimigos": corte de gastos previdenciários, corte dos juros e congelamento dos salários do funcionalismo público.

Incomodado, Guedes fala que os governadores estão "querendo fazer a festa" e que alguns ministros, sem citar nomes, querem aparecer interessados em questões eleitorais.

A menção é uma indireta a seu ex-auxiliar, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), com quem divergiu recentemente sobre investimentos públicos como forma de saída da crise.

"São governadores querendo fazer a festa, são às vezes ministros querendo aparecer, tem de tudo", disse.

"Se a gente quiser acabar igual a Dilma, a gente segue esse caminho", afirmou.

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