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Diaristas sofrem com corte de dias de trabalho por crise do coronavírus

Os próximos meses serão de angústia em dobro para parte substancial dos trabalhadores brasileiros: os informais - como podem ser as diaristas, por exemplo. De um lado a pandemia causada pelo novo coronavírus, que deve atingir o pico de casos no país em

Imagem ilustrativa da notícia Diaristas sofrem com corte de dias de trabalho por crise do
coronavírus camera Menor demanda dos serviços já é sentido nos bolsos dos trabalhadores informais | Reprodução

Os próximos meses serão de angústia em dobro para parte substancial dos trabalhadores brasileiros: os informais - como podem ser as diaristas, por exemplo. De um lado a pandemia causada pelo novo coronavírus, que deve atingir o pico de casos no país em meados deste ano, de outro, a diminuição na renda desses profissionais, causada pelo cancelamento forçado de dias de trabalho.

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Para se ter uma ideia do que isso representa, de acordo com o IBGE, os informais somam 41,1% da mão de obra ativa e são maioria em 11 estados do país -o equivalente a 38,4 milhões de pessoas.

São considerados informais os trabalhadores sem carteira assinada, trabalhadores domésticos também sem carteira assinada, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar.

Diarista, sem carteira assinada, e sem nenhum tipo de contrato de trabal​ho, Maria dos Santos, 42, já conta com R$ 300 a menos em sua renda mensal de cerca de R$ 1.500 desde esta semana. "Por enquanto são R$ 300, mas não sei como vai ficar nas próximas semanas. Os outros vão continuar pagando?", diz ela que mora em Francisco Morato, na Grande São Paulo, com a filha e o marido.

De um dos apartamentos em que trabalha quinzenalmente, Maria foi dispensada -a princípio temporariamente- enquanto durar a pandemia que até esta quarta-feira (18) havia infectado 291 pessoas e causado três mortes no país, além de mais de 8.000 casos em investigação. "Fazer o que? Ficar sentada no sofá esperando o dinheiro chegar é que eu não vou", afirma.

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Trabalhadores domésticos, como Maria, são mais de 6 milhões no Brasil, de acordo com o IBGE.

Ao lado da irmã, Sueli Cícera dos Santos, 40, também diarista, ela trata de vender cosméticos de uma marca popular. As idas ao local da faxina são assim substituídas por saídas para entregar os produtos que anuncia em suas redes sociais.

Para o sociólogo Ruy Braga, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic) o desmonte das políticas de proteção social cobrarão seu preço agora durante a crise causada pela pandemia. "Os trabalhadores informais serão os mais prejudicados e o pacote anunciado pelo Guedes [ministro da Economia] não prevê nada para essas pessoas", diz.

Na segunda-feira (16), Guedes anunciou um pacote de medidas para minimizar os efeitos do novo coronavírus. Em conjunto com ações anunciadas na semana passada, as propostas têm impacto de R$ 147,3 bilhões.

O pacote é uma tentativa do governo de dar fôlego à economia enquanto o país passa pela crise do coronavírus. A pandemia já levou o governo a revisar a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano de 2,4% para 2,1%. As previsões do mercado captadas pelo Banco Central estão em 1,68%.

Braga afirma que programas de renda mínima poderiam criar um colchão social para esses quase 39 milhões de brasileiros, e que assim como Maria, o caminho dos informais dispensados do trabalho será um só: ir para as ruas procurar outra ocupação e fonte de renda que possa substituir a queda de seus rendimentos. "Esses que dependem das vias públicas para ganhar a vida não têm como ir para casa", diz.

Sueli, que há cerca de dois meses foi demitida de um emprego formal de vigilante, dessa vez teve mais sorte que a irmã mais velha. Ela foi dispensada de algumas casas em que faz faxinas semanais, mas continuará a receber de todas como se fossem dias trabalhados.

O mesmo ocorreu com Elda Lindalva de Souza, 43. Mãe de dois filhos, um deles com autismo, ela se divide em dois empregos. Das 8h às 12h, faz faxina em um escritório na Vila Olímpia, na zona sul. Das 15h45 à 0h10, trabalha na conveniência de um posto de combustíveis, em Perdizes, na zona oeste.

Quando a empresa multinacional da Vila Olímpia, onde ela trabalha como autônoma, anunciou que os funcionários fariam home office e que ela deveria escolher um dia para ir ao local apenas para retirar o lixo e limpar o banheiro, temeu que parte importante de sua renda, quase 50%, se perdesse.

Ela, no entanto, foi surpreendida pelo empregador que fez questão de manter seus vencimentos. "O dono é muito humano, além de pagarem o INSS, férias e 13º porque querem, quando precisei ser operada repentinamente, o RH me ligou para dizer que estavam depositando meu salário", diz.

Nas redes sociais, campanhas tentam convencer os empregadores informais de diaristas a manterem o pagamento dessas pessoas, impedidas de trabalhar pela segurança dos patrões e delas mesmas. "A gente que é diarista não tem culpa desse vírus ter chegado aqui, e nem desse governo que está aí", diz Maria.

Apesar dos casos de Sueli e Elda e de campanhas que pedem a manutenção dos pagamentos das diárias, não só os trabalhadores informais sofrem os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus.

Autônomos como a fisioterapeuta Edna Silva Neves, 44, também já sentem no bolso o impacto da pandemia. Dos 15 clientes que ela atenderia entre segunda e terça-feira em uma sala alugada por R$ 1.000 como uma colega esteticista, apenas três compareceram aos horários marcados.

Cerca de 50% de seus atendimentos, porém, são realizados nas casas dos clientes. Nos dois primeiros dias úteis desta semana, Edna não atendeu nenhum.

Com renda mensal que varia entre R$ 4.000 e R$ 5.000, ela acredita em queda de cerca de 80% nos próximos meses. "Se continuar assim, consigo arrastar por uns três meses, no máximo", diz.

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