João de Deus: como anda o caso após 1 ano das primeiras denúncias?

Dia 7 de dezembro completou um ano das primeiras denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus durante tratamentos espirituais na sua casa de atendimento Dom Inácio de Loyola. Mas, como está o caso hoje? As informações são da Cláudia Abril.

Após as primeiras denúncias feitas em programas e jornais, o o Ministério Público foi procurado por mais de 300 mulheres. João de Deus foi acusado de crimes sexuais ocorridos desde a década de 80 até o ano passado, incluindo sua filha.

Médium João de Deus se manifesta sobre acusação de abuso sexual

O perfil de João de Deus, segundo a advogada criminal Luiza Eluf, que atua na defesa de mais de 10 das vítimas paulistas, eram mulheres "bonitas, mais jovens e humildes". Ela garante ainda, que o médium "era auxiliado por uma equipe" para essa seleção.

João de Deus teve a prisão decretada e se entregou para a polícia no dia 16 de dezembro, em uma estrada de terra próximo a Abadiânia (GO), onde fica a casa de atendimento. Após buscas na casa e no local de trabalho do médium foi apreendendo mais de R$ 1,2 milhão, além de armas, pedras preciosas e medicamentos.

Ele também foi denunciado por usar substâncias para dopar as vítimas e de que era líder em uma possível organização internacional de tráfico de bebês. João de Deus responde também por falsidade ideológica, corrupção de testemunha e coação e posse ilegal de armas de fogo.

Por 4 votos a 1, João de Deus consegue habeas corpus

No final do ano passado foi concedido a ele o direito à prisão domiciliar no caso do porte ilegal de armas, mas João de Deus continuou preso em regime fechado no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, devido aos casos de abuso.

Ana Keyla Teixeira, esposa do médium, também era ré no processo, mas foi absolvida. Sandro Teixeira, filho de João de Deus, também foi preso acusado de coagir testemunhas dos assédios sexuais cometidos por seu pai, mas pouco mais de um mês depois, conseguiu um habeas corpus e foi solto.

VIOLAÇÃO SEXUAL E ESTUPRO DE VULNERÁVEL

O médium foi denunciado pela primeira vez por por violação sexual e estupro de vulnerável pelo Ministério Público. Até agora foram feitas outras 10 denúncias, acusando João de Deus de estupro de vulnerável contra quatro mulheres do Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal.

O caso é tratado como estupro de vulnerável, pois as vítimas estavam em situações de fragilidade e sofriam de doenças graves, como câncer, epilepsia e depressão severa.

Mulheres denunciam abusos sexuais do famoso médium João de Deus

Apesar das denúncias de muitas mulheres que foram abusadas por João de Deus, boa parte delas não poderá ir a julgamento. Tudo porque os casos ocorreram antes de 2010 e, por isso, prescreveram.

A prescrição se caracteriza pela a perda do direito de punir do Estado pelo transcurso do tempo. Neste caso, a prescrição ocorreu em razão da idade do réu, que tem 78 anos.

A partir dos 70 anos de idade, o prazo prescricional cai pela metade, ou seja, de 20 anos passa para 10. Ainda assim, todas as vítimas foram ou serão ouvidas para melhor entendimento do caso.