Há exatos 197 anos , o então príncipe regente, Dom Pedro I, proclamou a Independência do Brasil, rompendo os laços coloniais com Portugal, naquele 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, na cidade de São Paulo. A história conta que lá foi bradado o famoso grito de: “Independência ou Morte!”. Atos cívicos e manifestações populares de movimentos sociais marcam hoje a celebração da data em todo o País.
O fato histórico, no entanto, não aconteceu repentinamente. Foi um processo que, na época, culminou com o rompimento das relações políticas entre Brasil e Portugal, conforme explica o historiador Michel Pinho. Segundo ele, existiu um contexto social-político anterior ao 7 de setembro que estava diretamente ligado à insatisfação das classes políticas da região sudeste do Brasil em relação ao domínio português.
“Quando Dom Pedro I declara a Independência ele não faz sozinho. Existia um corpo político que era favorável à separação do Brasil de Portugal, com um interesse muito forte de estabelecer o fim do pacto colonial”, afirma. “Eles buscavam uma liberdade para firmar as relações comerciais de seu interesse.
E declarar a Independência seria dar poder político a essas classes, porque a administração política brasileira servia aos seus interesses”, acrescenta Pinho.
Parte da corte política que estava no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, incentivou Dom Pedro I e foi beneficiada do ponto de vista político.
Com o ato oficializado, uma parte considerável dos portugueses que possuíam cargos na administração brasileira perdeu esses postos que foram transferidos para brasileiros.
Para o historiador Michel Pinho, a declaração de independência brasileira é indiscutível. Contudo, diversas questões fizeram com que esse processo não fosse completo. “A primeira delas é a questão econômica. Declaramos a Independência política, mas economicamente os nossos laços ainda eram de servidão com a Inglaterra, por exemplo. Consumíamos os produtos industrializados ingleses, o que gerou essa dependência”, exemplifica.
PATRIOTISMO
Pinho diz ainda que a formação da identidade nacional não surgiu com a proclamação da Independência. Na visão do historiador, ela começa a ser construída na segunda metade do século 19, mais especificamente com a Guerra do Paraguai, já que, com a guerra houve a convocação de todas as províncias brasileiras. “A guerra evoca esse sentimento de nacionalismo”, complementa.
Contextualizando com o panorama atual do País, o historiador acredita que nacionalismo é mais do que levantar a bandeira ou fazer uso de cores e objetos que expressem o sentimento patriota do brasileiro: é defender um projeto político que inclua a democracia. “Não dá para pensar num nacionalismo autoritário. O acesso ao trabalho, à educação e à justiça social são desafios da constituição de 1988 que não foram resolvidos até hoje. A nossa soberania nacional foi conquistada, mas a justiça social não”, pondera.
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