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Imagem do Parazão suja de lama

A situação crítica dos gramados dos estádios locais é recorrente e a federação nunca mexeu um dedo para mudar isso, pelo contrário, sequer acatou as recomendações feitas pelo especialista que fez a vistoria.

Imagem ilustrativa da notícia Imagem do Parazão suja de lama camera Jogar num campo como esse gera prejuízos em série aos clubes e põe em risco a integridade física dos atletas | FOTO: WAGNER SANTANA

O problema é antigo: entra ano, sai ano e os gramados de alguns dos estádios de cidades do interior continuam os mesmos, sem oferecer condições para se praticar um futebol decente. O pior é que as prefeituras responsáveis pelas praças esportivas de seus municípios não mostram a menor disposição para solucionar a deficiência. Com isso, a imagem do futebol paraense, tão admirado lá fora, por conta da paixão de seus torcedores, acaba ficando maculada, virando alvo de críticas e até chacota, como ocorreu por ocasião do jogo entre Castanhal e Paysandu, pelo Parazão, e que culminou com a interdição do estádio Maximino Porpino Filho.

O veto de uso do Modelão, que, pelo menos em termos de gramado, não serve como modelo para nada, não foi algo inédito no Estadual. Antes do estádio da cidade de Castanhal, o Navegantão, em Tucuruí, também já havia sido condenado, mas só depois de o Independente ter disputado dois jogos em sua casa. A recusa do Paysandu em atuar no local, acabou provocando uma inspeção no gramado, que não passou no teste de qualidade, como qualquer leigo no assunto já podia prever. Os pisos do Modelão e do Navegantão acabaram colocando em xeque a vistoria que é feita nos estádios locais todos os anos antes do início da competição.

Embora a deficiência dos gramados dos estádios do interior seja comprovada a olho nu desde que o Estadual passou a acontecer no primeiro semestre do ano - período de inverno na Região Norte -, a Federação Paraense de Futebol (FPF), gestora do campeonato, nunca deu a merecida atenção ao caso. Prova disso é que só a partir de 2021 a entidade passou a incluir na comissão de inspeção das praças um engenheiro agrônomo. Ainda assim, sem exigir, por parte das prefeituras, o cumprimento das recomendações passadas pelo técnico especializado no assunto.

No ano passado, o agrônomo Raimundo Nonato Mesquita, de 70 anos, visitou os estádios locais antes do começo do campeonato. O engenheiro condenou a utilização de um deles e aconselhou obras de melhoria em outros dois, justamente, Modelão e Navegantão. De volta aos dois estádios este ano, já com o Parazão em andamento e devido ao lamaçal no qual se transformaram os gramados, Mesquita constatou que em uma das praças nada do que ele havia recomendado tinha sido feito e na outra a orientação foi seguida, mas de maneira errada, para descontentamento do engenheiro.

É possível que uma inspeção mais rigorosa em outros estádios interioranos utilizados no campeonato culminasse com o veto de alguns ou de todos eles no tocante às condições do campo de jogo. Mas aí a desaprovação, com toda a certeza, desagrada à FPF, que parece mais interessada em ver a competição sendo disputada, sem se importar de que maneira.

+REPERCUSSÃO

l O presidente do Castanhal, Hélio Júnior, um dia após a partida contra o Paysandu, pela 8ª rodada do Estadual, disputada no Maximino Porpino, num verdadeiro lamaçal, reconheceu as condições inadequadas do local. “A gente sabe que o gramado não está em boas condições”, admitiu, colocando, em seguida, a culpa no período chuvoso enfrentado pela região. “Estamos jogando no inverno amazônico. Se querem mudar, o campeonato precisa passar para o segundo semestre”, afirmou o cartola, lembrando, também, que o Modelão não pertence ao clube que dirige. “Apenas mandamos nossos jogos lá”, observou.

l O meia Ricardinho, do Paysandu, criticou a utilização do local para jogos do campeonato. “Não dá para entender como a federação permite um jogo naquele estádio, onde a perna afundava e a lama ia até a metade da canela”, disparou.

l O treinador da Tuna Luso, Emerson Almeida, foi outro a se manifestar sobre o caso. “Estamos num período chuvoso, então acho que os gramados devem ser avaliados minutos antes dos jogos”, recomendou. Alguns torcedores responsabilizam a FPF pela situação. Caso de Carlos Augusto Souza, bicolor de coração. “Não é ela que promove a vistoria?”, indaga. “Então a responsabilidade é da federação”.

Futebol paraense vira um produto desvalorizado

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Jogar num campo como esse gera prejuízos em série aos clubes e põe em risco a integridade física dos atletas
📷 Jogar num campo como esse gera prejuízos em série aos clubes e põe em risco a integridade física dos atletas |FOTO: WAGNER SANTANA

CONSEQUÊNCIAS

O marqueteiro Philippe Fernandes, 33 anos, proprietário de uma empresa de marketing esportivo, não tem nenhuma dúvida em apontar as péssimas condições de alguns gramados utilizados no Parazão, sobretudo em cidades do interior, como sinônimo de prejuízo ao futebol local, notadamente aos clubes envolvidos na competição. “O futebol é apresentado hoje como um produto e quando você não apresenta um bom produto para o cliente, que no caso do futebol é o torcedor, consequentemente esse produto não vai ter a valorização que, teoricamente, deveria ter”, salienta Fernandes.

O problema, de acordo com o marqueteiro, acaba causando prejuízo financeiro aos clubes. “Ao deixar de apresentar um bom produto, o futebol acaba afastando patrocinadores, antigos e novos torcedores e provoca uma série de outros prejuízos”, diz Fernandes. Ele salienta que o problema se reflete até mesmo na contratação de jogadores pelos clubes locais. “Aqueles atletas de um nível técnico melhor acabam se recusando a vir para o nosso futebol, que é disputado num período chuvoso, sem que os nossos campos estejam preparados para enfrentar a situação, como acontece em outros lugares”, justifica.

Fernandes salienta que os clubes mais prejudicados são sempre os de maiores portes, que no caso do futebol local, se traduz em Clube do Remo e Paysandu. “São eles que contratam os jogadores mais caros, têm uma folha de pagamento mais alta e, consequentemente, precisam de uma receita maior, que acaba acontecendo em razão do afastamento do torcedor e dos patrocinadores, afinal as empresas não querem associar suas marcas a um produto ruim e o torcedor quer ver jogos de qualidade”, argumenta.

O marqueteiro dá como exemplo, no caso dos patrocinadores, a questão dos gramados enlameados. “Qual o anunciante que vai aceitar colocar o nome da empresa dele na camisa de um clube se jogando em um campo com tanta lama a logomarca da empresa acaba desaparecendo? É um produto que acaba não tendo uma boa entrega”, comenta Fernandes, lembrando, em seguida, que a situação se reflete, também, na carteira de sócio torcedor dos clubes. “Não existindo jogos de qualidade, esse cliente acaba se afugentando em busca de algum espetáculo melhor como divertimento”, encerra.

Absurdos se naturalizaram ao longo do tempo

É CULTURAL!

O engenheiro agrônomo Raimundo Nonato Mesquita, de 70 anos, ex-craque de Tuna Luso, Clube do Remo e Paysandu, afirma já ter visto as mais absurdas situações em estádios locais. Ele cita como exemplo, sem dar o nome da praça esportiva, “por uma questão de ética profissional”, um estádio que não possuía sequer a distância regulamentar da marca do pênalti para o gol, bem como a altura e a largura das traves dentro do que manda a regra do futebol. “E os dirigentes ainda pretendiam incluir esse estádio como local dos jogos do time da cidade no campeonato. Um absurdo”, diz Mesquita.

Mesquita recomenda que, para exterminar o problema, os estádios sejam submetidos a uma rígida vistoria em seus gramados, o que não tem acontecido. “Algo que dê amplas condições para que o jogador possa desenvolver bem a sua arte e brindar o torcedor com partidas de qualidade”, comenta o engenheiro.

Além de uma inspeção mais profunda no palco dos jogos, os estádios deveriam contar com profissionais gabaritados para as suas manutenções. “Normalmente o que acontece é que as prefeituras dos municípios pegam qualquer funcionário, muitas vezes sem conhecer sequer a bola, e colocam para trabalhar nas praças de esportes”, aponta. “Não há a mínima preocupação das prefeituras em dar condições amplas aos atletas. Talvez isso ocorra por falta de verba. Deveria ter um valor no orçamento dessas prefeituras destinado à boa preparação e manutenção dos estádios, mas isso não existe”, argumenta.

Mesquita observa que as inspeções até certo tempo estiveram voltadas somente para outros fatores, como, por exemplo, segurança e condições sanitárias. “Só de um tempo pra cá o gramado passou a receber uma atenção um pouco maior. Tudo bem que as outras condições devem ser cumpridas, mas sem que o campo de jogo, onde realmente acontece o futebol, seja esquecido. Felizmente é uma situação que está começando a mudar. Por algum tempo vinha questionando isso e agora parece que meus apelos estão sendo atendidos, ainda que o caso exija uma transformação maior e mais rápida possível”, arremata.

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