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TENSO

NBA vive briga nos bastidores após sucesso da temporada

Jogadores, treinadores e donos de times discutem como amenizar problema antigo

Atletas da NBA, donos de equipes e executivos da liga se juntaram para construir o que foi um sucesso, a finalização da temporada 2019/20 em uma bolha de proteção contra o coronavírus. Concluída a difícil tarefa, eles voltaram ao cabo de guerra que tem sido a disputa por poder no basquete norte-americano.

A cada ano, os principais jogadores do campeonato vêm puxando a corda, ganhando cada vez mais controle sobre seus destinos e sobre a formação dos elencos. Os proprietários dos times reagem com diferentes estratégias, e agora é o Houston Rockets que está sendo testado, diante da insatisfação do craque James Harden.

Eleito melhor da competição em 2018 e cestinha de suas últimas três edições, o armador de 31 anos ainda tem dois de contrato com a equipe do Texas. Ele recusou uma renovação antecipada que lhe renderia US$ 103 milhões (R$ 532 milhões), avisou à direção que pretende ser negociado e apontou exatamente aonde quer ir: o Brooklyn Nets.

O dono dos Rockets, Tilman Fertitta, e seu gerente-geral, Rafael Stone, agora têm duas opções: liberar sua principal pela estrela, extraindo o que for possível no negócio, ou negar o pedido de Harden, mantê-lo no grupo e apostar na possibilidade de fazer o relacionamento funcionar novamente.

As transações entre equipes na NBA, de maneira geral, não envolvem o pagamento de dinheiro. Para ceder o armador ao Brooklyn ou a qualquer outro time, o que o Houston pode exigir em troca são jogadores e escolhas das próximas edições do draft, como é chamado o sistema de recrutamento de calouros.

O problema é que, como ficou muito claro o desejo de Harden, os Nets praticamente não têm concorrentes, o que diminui o poder de barganha dos Rockets. Qualquer outra equipe que se arrisque a levar o jogador poderá se ver na mesma situação do Houston, buscando soluções para um craque insatisfeito.

Fertitta e Stone, por enquanto, não se mostraram dispostos a negociar a estrela por um preço baixo. Eles trocaram o outro incomodado do grupo, Russell Westrbook, e acertaram a chegada de John Wall. Com a mudança, esperam criar outra dinâmica no time e mostrar que é possível brigar pelo título.

De qualquer maneira, semanas antes do início da temporada 2020/21, marcado para 22 de dezembro, está desenhado o cabo de guerra.

Ele não é inédito -Kareem Abdul-Jabbar, por exemplo, pediu para ser trocado em 1974-, porém os principais nomes da NBA vêm mudando o conceito e estabelecendo o que tem sido chamado de "a era do empoderamento dos jogadores".

Esse movimento foi inaugurado em 2010, quando LeBron James decidiu se juntar aos amigos Dwyane Wade e Chris Bosh para formar um supertime no Miami Heat. Mais recentemente, Anthony Davis solicitou sua saída do New Orleans Pelicans e chegou aonde queria: o Los Angeles Lakers, onde foi campeão com o próprio LeBron.

Nas trocas forçadas, existia uma lógica estabelecida até o ano passado. O jogador só era negociado, e em geral só brigava para ser negociado, quando faltava uma temporada para o término de seu contrato. Assim, o time o liberava em uma transação para não perdê-lo pouco tempo depois sem nada como contrapartida.

Em 2019, porém, as maquinações dos próprios atletas, agindo quase como dirigentes, tomaram novas proporções. Livre no mercado, Kawhi Leonard decidiu que gostaria de assinar com o Los Angeles Clippers, mas só se a equipe também acertasse a chegada de Paul George -que embarcou na ideia, mas ainda tinha dois anos de compromisso com o Oklahoma City Thunder.

Nessa situação, o Thunder conseguiu uma troca que considerou favorável, recebendo um jovem talentoso, um experiente talentoso e múltiplas escolhas de draft. Os Clippers comemoraram o negócio, mas basicamente hipotecaram o futuro com base nos pedidos de Kawhi -cujo contrato tem uma cláusula de conclusão já no próximo ano.

A saída forçada de George duas temporadas antes do término de seu acordo foi uma mudança de paradigma. Harden quer o mesmo agora, e todo esse movimento está incomodando os donos das equipes, sobretudo aqueles que operam em cidades menores dos Estados Unidos, sem grandes mercados, menos atraentes para as grandes estrelas.

Eles também carregam responsabilidade, porém, pelos momentos de fraqueza que vêm tendo no cabo de guerra. Por causa de alguns longos e desastrosos contratos que atrapalharam os times até a década passada, as regras mudaram e os acordos passaram a ser mais curtos. A movimentação dos atletas no mercado, assim, cresceu.

Jogadores como LeBron aproveitaram a brecha para assumir parte do controle que, julgam, é seu por direito. Para eles, não é que os atletas estejam tomando de assalto as rédeas da liga e desequilibrando as forças. Na visão dos grandes nomes do campeonato, a balança só está se equilibrando um pouco.

"Existe uma percepção de que os donos têm direitos e os jogadores, não. Em alguns níveis, ainda vemos os jogadores como propriedade, não como pessoas. Então, se você é propriedade do time, o dono pode fazer o que quiser com você", disse a executiva da associação de atletas da NBA, Michele Roberts.

"Ninguém fala uma palavra quando acontece de um time precipitadamente trocar uma pessoa, especialmente um homem de família. Ninguém fala sobre as consequências disso. Gastamos tempo criticando as decisões dos jogadores, mas não questionamos a decisão do time de transferir uma pessoa", acrescentou Roberts.

Os principais atletas da NBA chegam a ela pelo draft, sem escolher seu destino e assinando um contrato de praxe de quatro anos. Ao fim desse período, seu time tem o direito de igualar qualquer oferta para uma renovação por mais três. Na prática, geralmente é só após sete temporadas na liga que os grandes jogadores têm maior controle sobre seu futuro.

Mesmo depois de escolher o próprio destino e firmar um compromisso, eles podem ser despachados a qualquer momento, sem consulta prévia -exceção feita aos raríssimos atletas que cumprem os requisitos para ter cláusula de veto. Portanto, dizem, ganhar algum poder de definir os rumos é apenas uma resposta.

Há ainda mais um argumento usado pelos principais craques e seus empresários. Com o teto salarial estipulado pela liga, eles recebem menos do que ganhariam em uma situação de livre mercado.

Diante de tantas limitações, os jogadores têm uma grande arma, que é a exigência de serem negociados. Harden está tentando fazer uso dela. O Houston Rockets, por enquanto, resiste.

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