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Vaias, destaque carioca e a mesma Bolívia: o único jogo de Copa América no Morumbi

Palco da abertura da Copa América de 2019 entre Brasil e Bolívia nesta sexta-feira, o Morumbi tem um longo histórico recebendo a Seleção Brasileira. Desde a inauguração do estádio em 1960 até o último jogo disputado na casa são-paulina, foram 29 apresenta

Palco da abertura da Copa América de 2019 entre Brasil e Bolívia nesta sexta-feira, o Morumbi tem um longo histórico recebendo a Seleção Brasileira. Desde a inauguração do estádio em 1960 até o último jogo disputado na casa são-paulina, foram 29 apresentações da Amarelinha. Apesar do número alto de partidas, a maioria esmagadora se concentrou em amistosos e compromissos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. No contexto continental, o estádio só recebeu um jogo de Copa América, há 40 anos atrás, contra o mesmo time boliviano.

O ano era 1979, entre o título inédito do Guarani e a conquista invicta do Internacional no Brasileirão, o Brasil disputava seu último torneio sob comando de Cláudio Coutinho. Após a frustrante derrota no Mundial de 1978, a Seleção acumulava oito anos sem triunfos e estava no grupo B do torneio sul-americano, com Argentina e Bolívia. Diferente da edição de 2019, a Copa América não tinha sede fixa, e as equipes faziam confrontos de ida e volta em cada país.

Após derrota de 2 a 1 na altitude de La Paz para os bolivianos na estreia, a Amarelinha se recuperou com vitória em clima de revanche contra a Argentina, em novo 2 a 1, no Maracanã. Já com um revés na conta, o time de Coutinho tinha a obrigação de vencer a Bolívia para para eliminar a equipe da Bolívia e se manter vivo para o confronto contra os argentinos em Buenos Aires.

Com o empurrão de quase 110 mil pessoas, a Seleção entrou em campo favorita, confiante, mas inquieta. Os mandantes atacaram, atacaram e nada de bola na rede. 0 a 0 no intervalo para a impaciência dos espectadores e Coutinho. “O culpado desse empate no 1º tempo foi o juiz e a falta de sorte. Só isso”, relatou o então pressionado comandante ao jornal Gazeta Esportiva. O técnico reclamava da benevolência do árbitro com os adversários, que faziam duras faltas nos brasileiros e não eram punidos com o cartão amarelo.

(Foto: Arte/Gazeta Esportiva)

Com o empate persistindo até o intervalo, entrou em cena um ritual até então comum nos estádios de São Paulo ao receber a Seleção: as vaias. A homenagem infame normalmente vinha para jogadores de outros estados, principalmente cariocas. Mas sem balançar a rede contra a Bolívia, sobrou até para Nilton Batata, principal meia do Santos na época.

Já preocupados com o resultados, os jogadores reclamaram na saída do gramado. À Gazeta, Nilton falou que as vaias não aconteciam em outras partes do Brasil, ainda mais quando jogavam no Maracanã. O zagueiro Edinho saiu em defesa do colega: “eu não entendo a razão dessas vaias. Eles mal esperam a nossa entrada em campo e assim que a partida começou, as vaias começaram. Será que essa gente não torce para o Brasil? Em vez de ajudar a nossa Seleção, os torcedores ajudam o time da Bolívia”, bradou.

Toninho (direita) e Nílton Batata (esquerda), jogadores da Seleção Brasileira, durante o treino preparatório para a partida contra a Bolívia, válida pela Copa América de 1979 (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Para completar a receita do caos, o campo do Morumbi estava duro e mal tratado. O gramado sofria com as geadas que acometeram São Paulo no inverno de 1979 e atrapalhavam o bom seguimento do jogo, ainda mais para quem queria ganhar o jogo.

Mas o futebol é dinâmico. Com um minuto de segundo tempo veio o alívio: gol do Brasil. Júnior cobrou falta da esquerda para o meio da área; sem marcação, Tita se esticou e alcançou com a ponta da chuteira a bola, que matou o goleiro e entrou no canto esquerdo da meta. Ironia com a torcida paulista, o desafogo começou e terminou com jogadores do Flamengo.

“Esse jogo seria o meu segundo jogo com a Seleção. Eu tinha estreado uma semana antes contra a Argentina, tinha feito o gol da vitória. O Nilton Batata era o titular e não pôde jogar contra a Argentina e aí nós viemos para jogar esse jogo em São Paulo”, relembra Tita em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

(Foto: Acervo/Gazeta Esportiva)

“Eu estava no banco de reservas, porque o Nilton Batata tinha se recuperado de uma dor nas costas. Ele jogou o primeiro tempo, o Coutinho me chamou porque quando ele chegou no vestiário viu que não podia continuar e pediu para sair. Eu estava no banco junto com o Nelinho e falei ‘pô Nelinho, eu vou entrar nesse jogo aí, vou fazer um gol e vou dedicar para você cara’. Aí eu entrei e no meu primeiro toque na bola foi o lance do gol”, relembrou com gosto.

“Foi uma falta pela esquerda. O Júnior bateu no centro da área e eu entrei de carrinho, meti o pé na bola e fiz 1 a 0. Se você for ver esse gol, vai ver que eu vou no banco de reservas comemorar com o Nelinho. A partir desse lance o estádio começou a apoiar a Seleção. O Brasil era sempre muito cobrada em São Paulo”, disse o ex-atacante.

Mesmo mais aliviados, os espectadores seguiram esperando mais. Queriam uma goleada e o placar seguia magro. O auge das vaias aconteceu no meio da segunda etapa, com a impopular troca de Zenon, então no Guarani, por Palinha. A torcida pedia a saída de Zico.

Zenon, jogador da Seleção Brasileira, durante partida contra a Bolívia, válida pela Copa América de 1979 (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Como a noite era mesmo de ironias, o Brasil chegou ao segundo gol já nos acréscimos, com Zico e assistência de Palinha. O substituto de Zenon cobrou escanteio e os bolivianos vacilaram e deixaram o camisa 10 da Seleção livre da área. O craque do Flamengo emendou um sem-pulo de primeira para garantir a vitória.

Após o gol, os bolivianos se desentenderam com os brasileiros. A confusão se generalizou e demorou alguns minutos para ser resolvida. Com o 2 a 0 no placar, a Seleção garantiu a vantagem do empate na Argentina devido ao saldo de gols, superior ao da Bolívia. Uma semana depois, o Brasil empatou por 2 a 2 em Buenos Aires e garantiu a vaga do grupo. A última campanha de Coutinho à frente da equipe, porém, não durou muito mais. A Amarelinha caiu logo depois, nas semifinais, para o Paraguai, após derrota por 2 a 1 em Assunção e empate por 2 a 2 no Maracanã.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 2X0 BOLÍVIA

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 17 de agosto de 1979, quinta-feira
Árbitro: José Vergera (Venezuela)
Assistentes: Ramires (Chile) e Martinez (Peru)
Público: 109.735

BRASIL: Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Junior; Baptista, Zico e Zenon (Palinha); Nilton Batata (Tita), Sócrates e Zé Sérgio. Técnico: Cláudio Coutinho.

BOLÍVIA: Jumenez; Vargas, Espinoza, Vaca (Delfim) e Del Llano; Gonzales, Romero e Aragonez; Borja, Reynaldo e Aguillar. Técnico: Ramon Blacutt.

Gols: Tita, no primeiro minuto do 2º tempo, e Zico, aos 46 minutos do 2º tempo (Brasil).

*Especial para a Gazeta Esportiva

Fonte: Gazeta Esportiva

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