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Adeptos adimplentes do Nação Azul e Sócio Bicolor não sabem se continuam ou não em dia com suas mensalidades

Com a bola parada e os campeonatos suspensos há pouco mais de dois meses, os clubes brasileiros vão, cada vez mais, acumulando prejuízos. Um cenário que, com raríssimas exceções, se verifica em quase todos os ramos da economia. As perdas no futebol, no en

Imagem ilustrativa da notícia Adeptos adimplentes do Nação Azul e Sócio Bicolor não sabem se continuam ou não em dia com suas mensalidades camera Walter “Papão” diz que não tem condições de ser associado, mas pede para que os demais não deixem de pagar | Jorge Luiz/Paysandu

Com a bola parada e os campeonatos suspensos há pouco mais de dois meses, os clubes brasileiros vão, cada vez mais, acumulando prejuízos. Um cenário que, com raríssimas exceções, se verifica em quase todos os ramos da economia. As perdas no futebol, no entanto, possuem duas faces. Não são apenas as agremiações que são afetadas pela crise causada pela pandemia de Covid-19. Os filiados adimplentes dos programas de sócios-torcedores dos clubes, entre eles, Clube do Remo e Paysandu, também se sentem prejudicados, já que estão pagando por um produto não recebido.

O acesso aos jogos dos times sem pagar ingressos pelos torcedores de Leão e Papão que são agregados aos planos Nação Azul e Sócio Bicolor, respectivamente, é, sem dúvida, o principal benefício oferecido pelos programas. Com a suspensão do Parazão, os poucos filiados que mantêm suas mensalidades em dia estão contabilizando prejuízo. Muitos desses associados, porém, podem não resistir por muito tempo, destinando o valor da mensalidade dos planos ao pagamento de prioridades para as suas sobrevivências. “Existe uma cobrança por parte dos familiares, que acham que eu deveria interromper o pagamento e só voltar a pagar quando o campeonato voltar”, revela Luiz Augusto Medeiros, pequeno comerciante, que se diz filiado ao Nação Azul.

Para os clubes, a situação é complicada. Como o principal atrativo dos planos é justamente o acesso liberado ou o barateamento no valor dos ingressos dos jogos, em outros planos, os departamentos de marketing até aqui não conseguiram encontrar uma solução para o problema. Sem alternativa para convencer os filiados a se manterem fieis ao pagamento de suas mensalidades, não é de se estranhar que Leão e Papão tenham partido para o lançamento de outras fontes de receita de forma emergencial, capazes de ao menos amenizar a infecção causada pela Covid-19 às suas combalidas finanças.

SUGESTÕES

Torcedores do Clube do Remo e do Paysandu, filiados ou não aos projetos de sócio-torcedor dos clubes, apontam soluções para que o número de filiados dos programas não venha a ter déficit ainda maior causado pelo prolongamento da pandemia e, consequentemente, da falta de jogos dos times. Umas delas é sugerida por Olavo Martins Pantoja. “Já que não estamos tendo jogos, o clube deveria baixar o valor das mensalidades. Seria uma forma de evitar um prejuízo maior para os clubes e facilitar para o torcedor que não quer abandonar o projeto”, recomenda.

Já para o torcedor Adalcir Walter Rodrigues da Costa, os clubes deveriam buscar outras formas de arrecadação, abarcando torcedores que, por dificuldade financeira, não podem pagar o plano de sócio-torcedor. “A abertura de conta com depósito de R$ 5, R$ 10 por parte do torcedor seria uma boa ajuda”, ensina Walter “Papão”, como é mais conhecido, figura presente nos jogos do Paysandu e, principalmente, no aeroporto de Val-de-Cans sempre que o time bicolor parte ou chega de algum jogo fora de Belém.

Walter “Papão” é uma espécie de torcedor símbolo do clube, mas admite não reunir condições de se filiar ao Sócio Bicolor. “Infelizmente, no momento, tenho essa dificuldade, mas estou sempre incentivando o time da maneira que posso. Recomendo a quem tem condições e paga o sócio não deixar de pagar”, pede o torcedor, que teve participação no filme da história do clube, denominado de “Paysandú, 100 anos de Payxão”.

Sócio vive de altos e baixos

Em época não tão distante, o projeto Sócio Bicolor, lançado em 2013, na gestão do ex-presidente Vandick Lima, representou senão a principal fonte de receita do Paysandu, ao menos uma das mais importantes delas. Mas, antes mesmo do surgimento da pandemia de Covid-19, o número de associados do programa já vinha caindo por causa do rebaixamento do time à Série C do Brasileiro, em 2018. Com a paralisação do Parazão, a curva descendente de filiados ganhou contornos ainda mais fortes, com um elevado número de inadimplentes e quase nenhuma nova adesão.

O déficit ocorre justamente no momento em que o clube mais precisa da arrecadação para fazer frente a falta de faturamento nas bilheterias dos jogos. O Sócio Bicolor já chegou perto de dez mil filiados em dia com suas mensalidades. Hoje, os agregados do programa são pouco mais de 2.500. O clube tenta atrair novos filiados e, ao mesmo tempo, convencer os inadimplentes a reativar suas contas, mas sem os jogos da equipe fica difícil. “Fui sócio bicolor, mas parei de pagar desde a queda para a Série C”, conta Juliano Farias de Oliveira Martins. “Com a paralisação do Estadual, aí é que não volto mesmo a pagar, pois sei que não terei nada em troca. Prefiro gastar meu dinheiro com algo que traga benefícios para o meu dia a dia”.

Clubes buscam alternativas

O sucesso dos projetos alternativos lançados por Leão e Papão para tentar minimizar a debandada de associados do Nação Azul e do Sócio Bicolor causa, de certa maneira, surpresa a seus idealizadores, os departamentos de marketing dos clubes.

Pelo lado azulino, por exemplo, a venda, até a última quinta-feira (21), de cerca de 15 mil máscaras de proteção à Covid-19 com a logomarca do clube, surpreende o diretor de marketing, Renan Bezerra, há quase um ano no clube. “A gente não esperava esse volume todo de venda”, admite Bezerra. “Só para se ter uma ideia, a primeira remessa de máscaras acabou em menos de duas horas”, detalha Bezerra.

Junto com a venda da máscara, o clube também lançou a venda de camisa, álcool gel e jogos eletrônicos, entre outros produtos, todos com boa aceitação pelo público. “As inscrições para o torneio de jogos foram encerradas em 20 minutos”, festeja o dirigente. As vendas, inicialmente feitas em sistema de drive thru, prosseguem agora como delivery por causa do lockdown determinado pelo Governo do Estado. Os pedidos são feitos pelo site do clube.

No Paysandu, os projetos alternativos também são sucesso total. O Jogo da Vida, por exemplo, teve grande acolhida do público. “O arrecadado só não foi anunciado ainda porque muitos boletos ainda não foram compensados”, informa a assessoria do Papão, que também vende máscaras.

O programa Nação Azul, do Remo, tem cerca de 22 mil inscritos, mas menos de 10% dos torcedores estão em dia
📷 O programa Nação Azul, do Remo, tem cerca de 22 mil inscritos, mas menos de 10% dos torcedores estão em dia |Divulgação

Embora os projetos alternativos estejam sendo sucesso total no Paysandu, a prioridade, segundo o executivo de Marketing do clube, Marcone Barbosa, continua sendo a manutenção dos filiados do Sócio Bicolor. “Estamos fazendo um trabalho forte e individualizado junto ao sócio para que ele mantenha sua contribuição em dia”, conta Barbosa, informando que os inadimplentes também estão sendo contatados para voltar a pagar a mensalidade.

Programa tem cerca de 1.500 adimplentes

Da mesma forma que seu arquirrival, o Clube do Remo sente o golpe na queda de associados adimplentes do Nação Azul. De acordo com o diretor do programa, Rodrigo Salim, o cálculo gira em torno de uma perda de 40% de arrecadação. O dirigente, que está no cargo há pouco mais de um ano, informa que o Nação tem cerca de 22 mil cadastrados, mas que 2.500 estão inadimplentes e só 1.500 estão em dia com seus débitos, pagando valores que variam de R$ 14,90 (plano mais barato) a R$ 120 (mais caro, mensal).

Salim assegura que o clube procura meios para tentar reconquistar os inadimplentes e, ao mesmo tempo, manter os torcedores com mensalidade em dia. “Já traçamos alguns caminhos a seguir e, consequentemente, objetivos a serem alcançados”, explica, revelando o lançamento de um plano que tenta reconquistar filiados inadimplentes desde o ano passado. “A gente está tendo uma boa aceitação desse plano”, afirma. Salim aponta os alvos dos planos do Nação Azul.

“Vamos tentar contemplar tanto o sócio que segue pagando em dia, mesmo não tendo jogo, como aqueles que mesmo sendo grandes parceiros deixaram de pagar por causa dessa pandemia”, diz. Alguns dos inadimplentes, conforme salienta o diretor, são pessoas de renda mais baixa. “Temos alguns torcedores que são ambulantes, profissionais autônomos e que, claro, neste momento estão priorizando suas famílias. Não vamos virar as costas para esses torcedores”, finaliza o dirigente azulino.

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