Desde que o ex-jogador Dudu comandou o Palmeiras na
conquista do Campeonato Paulista de 1976, só um treinador levou o time ao
título da competição. Em mais de 40 anos, apenas Vanderlei Luxemburgo teve a
sensação de conduzir a equipe alviverde à taça estadual, algo que ele voltou a
experimentar neste sábado (8).
Campeão do torneio de novo, o treinador repetiu os feitos
obtidos no clube em 1993, 1994, 1996 e 2008. Ele também levantou o troféu por
Bragantino (1990), Corinthians (2001) e Santos (2006 e 2007), com um total de
nove triunfos que agora o coloca como líder absoluto entre todos os técnicos
que disputaram o certame desde o início do século passado.
Ficou para trás Lula, que era o responsável pelo Santos de
Pelé e venceu o campeonato oito vezes nos anos 1950 e 1960. Mais de uma década
após seu último êxito, Luxemburgo voltou a terminar o Estadual de São Paulo
vitorioso, algo que parecia distante da realidade do fluminense de Nova Iguaçu
nos últimos anos.
Pouco a pouco, após a porção de sua carreira mais fértil em
resultados positivos, ele foi se distanciando dos grandes clubes do futebol
brasileiro. Demitido pelo Sport em 2017, passou quase dois anos sem trabalhar
até ser acionado pelo Vasco, liderar uma campanha satisfatória no Campeonato
Brasileiro de 2019 e voltar a chamar a atenção do Palmeiras.
"Acho que me rotular como ultrapassado foi uma
sacanagem que fizeram comigo. É só no futebol que se fala que o velho está ultrapassado",
disse Luxemburgo, que foi reapresentado na equipe alviverde aos 67 anos e
completou 68 em maio. "Estou aqui porque tenho longevidade, experiência e
qualidade", afirmou no reencontro.
Ele logo quis dar sua cara ao time e mexeu em uma peça que
causara problemas a comandantes anteriores. Luxemburgo conversou com o veterano
Felipe Melo, que chegou em junho aos 37 anos, e o convenceu a trocar a cabeça
da área pela defesa, uma possibilidade antes refutada pelo atleta.
O treinador teve tato com o jogador. E foi bem recebido
pelos torcedores, que, além da longa lista de triunfos estaduais, tinham na
memória as conquistas do Torneio Rio-São Paulo de 1993, em cima do Corinthians,
do Campeonato Brasileiro 1993, contra o Vitória, e do Campeonato Brasileiro de
1994, de novo em um duelo com o arquirrival.
As recordações eram bem-vindas, já que os embates com o
grande inimigo vinham pendendo bastante para o lado alvinegro. Estava
especialmente fresca a lembrança da derrota na decisão do Paulista de 2018, a
primeira entre Palmeiras e Corinthians no Allianz Parque, com festa preta e
branca na nova casa alviverde.
A conquista de 2020 representa, portanto, uma redenção
dupla. Após uma década de dérbis saborosos para o oponente -estão na lista os
decisivos dos Brasileiros de 2011 e de 2017-, o Palmeiras voltou a machucar o
adversário. E Luxemburgo pôde bradar que tinha razão quando dizia que não
estava ultrapassado.
Não é que a equipe tenha apresentado um futebol de qualidade
refinada, como, por exemplo, sua versão de 1996. Mas o treinador também teve de
lidar com dificuldades na construção do time e limitações de orçamento -ainda
bem superior ao dos rivais- que seus antecessores não precisaram enfrentar.
Dudu, o principal jogador do clube por cinco anos, foi
embora durante o período em que a pandemia do novo coronavírus interrompeu as
competições. Luxemburgo, aliás, foi infectado pela Covid-19, mais um obstáculo
que precisou encarar em uma jornada improvável para seu nono título paulista.
Esse caminho teve uma derrota para o Corinthians na primeira
fase, resultado que deu sobrevida ao adversário no campeonato e reacendeu as
críticas à capacidade do comandante alviverde.
Elas ficaram para trás, ou ao menos para depois, agora que o Palmeiras e Luxemburgo são novamente campeões.
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