Comportamentos machistas de paraense e amigos no BBB 20 provocam reações e reflexões

As lutas - inclusive por direitos básicos - das mulheres estão cada vez mais evidentes, alcançando inclusive a mídia, em programas populares como o Big Brother Brasil (BBB).

Possuindo um histórico recente de ganhadores claramente preconceituosos, o BBB 20 novamente reúne pessoas com posturas "complicadas", em geral homens, brancos, de classe média e heterossexuais.

Com um elenco de homens machistas, com discursos sólidos que atacam mulheres para destruí-las e/ou diminuí-las no jogo, as estratégia deles veio à tona na formação do último paredão, mas resultou em reações, como em maior união das mulheres.

Mesmo os homens negando que tenham dito, vale lembrar que na última semana o paraense Hadson disparou na casa: “É isso que a gente está fazendo. Estamos usando o Lucas para distrair, para que as mulheres que são casadas lá fora sedam". A ideia eram seduzir as mulheres casadas para que elas ficassem com eles e fossem julgadas pelo público.

Hadson falando que o Lucas e o Guilherme são iscas para as meninas, principalmente para a Bianca que ele é fraca em relação a fidelidade. @WebTVBrasileira #BBB20 pic.twitter.com/OIfdKYeENt

— SAD (@leonarda_saad) January 29, 2020

As mulheres vão ser tachadas de loucas mas aqui está o video do Petrix assumindo junto ao Lucas que o plano de seduzir as mulheres pra queimá-las é real. Repassem. #BBB20

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— Giceler (@nathaliaisback) February 3, 2020

Em uma ocasião, ele sugeriu que Guilherme era "veado" por respeitar Boca Rosa.

O plano revelado para Gizelly e Marcela chocou as sisters, que precisaram pensar em uma nova estratégia para defender as mulheres da casa.

No paredão com o ginasta Petrix, outro “rejeitado pelo público”, a mobilização é para que o paraense fique, mesmo que também não seja bem visto pelo público. O esportista segue como o mais "perigoso" na casa, já tendo se envolvido em polêmicas o "assédio" que cometeu com Boca Rosa e Flayslane, além claro, de ser acusado de empurrar Pyong ao atender o Big Fone.

Na manhã desta segunda-feira (03), a enquete do UOL apontava Petrix com 72,27% para sair e Hadson com 24,31%.

Flay é a única mulher da casa que tem coragem de enfrentar os homens,que isso fique claro.#BBB20 pic.twitter.com/mDIyJI5tYJ

— . (@prasempreclau) February 3, 2020

PAREDÃO

Após a formação do paredão, Hadson se revoltou com os 8 votos da casa que levou. Chegou a chamar Petrix de otário, alegando que ele teria manipulado a casa para que votassem nele Inclusive. "Ele foi muito covarde", afirmou.

Em paralelo, Gizelly, Thelma, Gabi, Rafa, Marcela, Manu Gavassi e Mari se uniram e conversaram sobre o plano do paraense e de Felipe e Lucas para eliminá-las. Confusão formada.

"Não sei que conversa é essa. Eu não disse nada e que alguém prove que eu disse. O único plano é que familia JJ não vota em JJ, e que ia tentar manter os anônimos aqui. A gente tinha um acerto, que não votava no nosso grupo. Me acuse do que quiser que eu tenha falado, não do que acham que eu falei", mentiu o jogador, negando o que pode ser visto no vídeo acima.

Na ocasião do plano, ele sugeriu ainda que as mulheres dos Brothers concedessem o perdão após a saída da casa.

"Aprende quando você sair, assiste a todos os vídeos e vê o quanto é machista", confrontou Rafa Kalimann. Sem negar, Hadson não se conteve e disparou: "Só não coloca palavras na minha boca".

Independente se você assiste o BBB ou não, esse é um recado pro mundo: reveja seus atos para aprender a ser um pouquinho menos machista.
As mulheres dessa edição se uniram e deram um recado pro Hadson. Quem acompanha sabe que mais gente deveria ter ouvido esse papo reto da Rafa. pic.twitter.com/FhIZMCbJRQ

— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) February 3, 2020

Em seguida, o paraense conversou com Bianca Andrade e mentiu mais uma vez: "O Lucas tem mulher, como vou colocar o dele na reta? Botar em risco o casamento dele, não existe isso. E ele não seria doente mental de se colocar em risco. Elas estavam perdidas em quem votar. Elas só entenderam errado, estão fazendo tempestade em copo d'água. As meninas se perderam".

Felipe confirmou o plano, mas disse que era brincadeira de Hadson.

O BRASIL PROVA HADSON! #BBB20 pic.twitter.com/eUuHRX6OUD

— emer (@emerzou) February 3, 2020

🙄 COMEÇOU O SHOWZINHO DE VITIMIZAÇÃO: Hadson diz que não aceita ser chamado de machista e revela que tem uma mulher esperando um filho dele fora da casa #BBB20 #RedeBBB pic.twitter.com/OAkIDFy0Xi

— VemBigBrother (@VemBigBrother) February 3, 2020

OPINIÃO

A espectadora Adriana Pereira, que acompanha todas as edições do programa se posicionou sobre este novo modelo. “O Big Brother Brasil 20, na atual discussão de empoderamento feminino e no combate às agressões contra mulheres, mostra que não é mais aceitável que piadas e 'gracinhas' como vêm sendo feitas por um grupo de homens do reality, não são mais toleradas. As palavras ditas também não são mais esquecidas. É preciso discutir e combater. Machistas não mais passarão”, opinou.

“Em menos de um mês no ar é extremamente preocupante que comportamentos como esses sejam compartilhados e que pessoas saiam de um reality como esse como ídolos. Estamos em um momento em que mulheres estão mais unidas e atitudes machistas não são mais toleradas. E, isso deve ser reverberado muito mais em todos os espaços”, acrescentou.

Sobre o paraense Hadson e a “obrigatoriedade” de torcer por um conterrâneo. Adriana é taxativa: “Poderíamos ter uma representatividade positiva de um participante de nossa região, mas lamentavelmente não vem acontecendo. Depois de Hadson dizer que foi um blefe, a articulação em votar nas mulheres, em nenhum momento ele se desculpou por ter inventado a história ou algo parecido. É mais uma forma desrespeitosa de tratar as mulheres”.

A nutricionista Bianca Laina também questiona o machismo de Hadson, mesmo achando que esse é o perfil escolhido pelo programa. “Até ontem eu achava ele insuportável, agora continuo achando, mas acho que tem muito do estereótipo. Ele é super machista e fala muita besteira, mas os outros homens não ficam atrás, só que como ele não é do eixo sul/ sudeste, foi mais fácil gritar só com ele e passar pano para o resto. ‘Na hora de gritar com o machista vamos gritar com o Hadson e deixar o Lucas de fora’”, avaliou.

Bianca ainda acrescentou: “Não me sinto nem um pouco obrigada a torcer por ele. Nem se fosse meu vizinho torceria...”, finalizou.

ESPECIALISTA

Presidente da Comissão da Mulher da OAB, Natasha Vasconcelos, não vê o BBB como algo evoluído. “O que eu acho que aconteceu é que existe um diálogo intenso com o público da internet e esse sim virou um espaço de voz das minorias políticas. É fato que o feminismo está sendo discutido, que a gente chama de midiático, flerta com o feminismo liberal, foca muito no empoderamento feminino individual que tem uma adesão a jargões do tipo: meu corpo, minhas regras' e 'lugar de mulher é onde ela quiser'”, explicou.

Sobre o feminismos, enquanto movimento de luta política, Natasha acredita que não houve a escolha de mulheres ‘engajadas’ e sim que as sisters são mulheres privilegiadas, do ponto de vista de raça, classe e sobretudo inseridas em um certo padrão de beleza. “Elas são super inteligentes e articuladas que ao meu ver tomaram pra si o papel de desconstruir ali dentro alguns estereótipos de gênero que gerou opressões em mulheres de outras edições”, opinião.

A Presidente da Comissão da Mulher da OAB acredita que esse debate sobre o machismo precisa ocorrer com urgência, principalmente pela mídia. Já que em paralelo a isso, vemos no próprio BBB 20 a discussão sobre assédio. Julgada pelo programa como algo que não era grave, esperando que as vítimas, que estão vivendo em pressão, denunciassem o caso.

“A sociedade tem medo do feminismo quando deveria ter medo do machismo, que é ele que mata mulheres todos os dias. É o machismo que faz com que um participante como o Petrix seja um ídolo no esporte e fale abertamente que assedia mulheres enquanto dançam porque para ele não existe diferença entre paquera e assédio, ele, e pelo visto a direção do programa, não compreendem a importância do debate sobre importunação sexual a partir da perspectiva feminista”, avaliou.

“Naturalizar assédio em rede nacional é o que nós historicamente estamos acostumadas a ver. Mas agora nossas vozes estão sendo ouvidas e a gente não pode abrir mão disso”, finalizou Natasha.

marcela: “louca é um termo que as pessoas usam pra nao validar a opinião das mulheres”

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— thiago (@manilegion) February 3, 2020