12ª Primavera dos Museus começa hoje em todo o Brasil e tem extensa programação em Belém

Ainda em luto pelas perdas sofridas durante o incêndio que atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, instituições museológicas de todo país se unem para a chegada da 12ª Primavera dos Museus. Com o tema “Celebrando a Educação em Museus”, esta edição propõe uma reflexão sobre a função do museu em educar e contribuir no despertar de interesse para diferentes áreas do conhecimento, a vida em sociedade e a importância das memórias. Ao longo desta semana, as instituições oferecem diversificadas programações expositivas, oficinas, palestras, assim como a abertura de seus portões para incentivar as pessoas a ocuparem seus espaços. Em Belém, destaca-se a agenda de atividades do Museu da UFPA, que oferece três oficinas gratuitas, com inscrição no local.

Com o museólogo Wanderson Amorim, os participantes poderão conhecer de perto como funcionam os processos de aquisição, documentação, conservação e exposição das obras do Museu da UFPA. A oficina estará disponível de segunda a sexta, das 14h30 às 18h, recebendo até 15 pessoas por dia. A professora Marcela Cabral mostrará a mais difundida forma de comunicação dos museus: as exposições. Em sua oficina, que ocorre de segunda a sexta, das 9h às 13h, recebendo até 15 pessoas por dia, ela mostrará que existe uma série de atividades que antecedem a exposição, como concepção, planejamento e montagem.

“Novos materiais e suportes, bem como novos recursos expográficos são adotados ou desenvolvidos para melhor expor e comunicar ao público uma série de informações”, destaca Marcela. Deste modo, a oficina tem por objetivo produzir uma reflexão sobre o papel da exposição nos museus e suscitar um novo olhar sobre os materiais e suportes utilizados, desenvolvidos e possíveis de serem adaptados para a apresentação dos objetos na exposição.

A terceira oficina será com a restauradora Tânia Veloso, abordando os principais elementos utilizados na restauração e conservação de obras. “Vamos abordar sobretudo o restauro de telas”, destaca a restauradora, que promove sua explanação nas tardes de segunda a sexta, para grupos de até 10 pessoas por dia. O processo, que envolve desde a entrada da obra no Museu até sua documentação fotográfica, avaliação de danos, a proposta de tratamento e sua restauração, pode ser de interesse para profissionais de museu se o público em geral. “Muitos profissionais que atuam em museu se veem diante de uma obra com problema e não têm noção do que pode ser feito. Assim, acabam contratando alguém sem critério para isso. E, de modo geral, essas oficinas ocorrem para deixar visíveis as ações dos bastidores dos museus.

Muitas pessoas ainda pensam que o museu é um lugar de guardar coisas velhas quando, na verdade, ele guarda uma memória coletiva, de todos nós, para que a gente se aproprie e valorize”, afirma Tânia.

Patrimônio que precisa ser coletivo

No Museu da UFPA, programação inclui visita guiada ao Palacete Augusto Montenegro e mostras do acervo (Foto: Ney Marcondes)

Se aproximar dos bastidores de um museu e compreender a importância do que está lá e de como tudo precisa de um grande cuidado pode ser fundamental para evitar situações como a que ocorreu com o Museu Nacional. “Os profissionais do museu no Brasil, de modo geral, têm esse comprometimento de se virar para preservar nossa memória mesmo com tantas dificuldades. Quando um museu chega a um estágio tão degradante como se viu no Museu Nacional, por falta financiamento, mostra justamente essa necessidade de sensibilizar as pessoas que patrocinam, os gestores públicos, para a importância de preservar a memória, de se usar materiais adequados, de investir na proteção desses acervos”, defende a restauradora Tânia Veloso.

Daí a importância de incluir toda a sociedade nesse debate e na apropriação desses acervos como um patrimônio coletivo a partir das ações da 12ª Primavera dos Museus.

A programação do Museu da UFPA dentro do evento também inclui uma exposição do próprio acervo da instituição até o próximo domingo, 23, das 10h às 17h, com entrada franca. Também haverá uma ação educativa – com agendamento de escolas – no mesmo horário da exposição, contando a história do Palacete Augusto Montenegro (que abriga a instituição) e do Museu da UFPA através de um percurso de visitação do espaço, buscando trabalhar valores patrimoniais e artísticos. No sábado, 22, das 8h às 12h, ocorre uma oficina e uma roda de capoeira nos jardins do museu. A programação encerra no domingo, 23, com uma feirinha de artesanato local, das 9h às 17h, também nos jardins do museu.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)