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Priscila Zoghbi estreia coluna de literatura no Diário

Paraense faz sucesso no Instagram com o perfil Café na Biblioteca

Há dois meses, a paraense Priscila Zoghbi tem feito da Literatura um caminho para se conectar com as pessoas em meio a pandemia. Ela é a criadora do Instabook @cafenabiblioteca e, a partir desta quinta-feira, 15, também passa a ser a nova colunista do Caderno Você, do Diário do Pará. O tema não poderia ser outro senão os livros e todo o universo de assuntos possíveis a partir de cada obra que a encanta como leitora de clássicos como Machado de Assis e Shakespeare, até contemporâneos como Valter Hugo Mãe e Aline Bei.

“Vai ser minha primeira vez como colunista em um jornal. Tudo está sendo muito novo. Eu sempre escrevia pra mim e até tinha muita vergonha de mostrar meus textos. Faz algum tempo que comecei a mostrar no meu Instagram pessoal e a resposta das pessoas foi tão bacana que resolvi fazer um Instagram fora, só falando sobre livros. Com isso, peguei mais confiança e achei essa oportunidade legal, de colocar o que escrevo para um outro público. Acho que a gente tem que estar aberto às novas tecnologias, mas confesso que sou uma leitora à moda antiga, gosto do papel, do jornal impresso, esse prazer é muito grande”, diz.

Um leve spoiler da colunista foi nos adiantar o tema de sua primeira coluna: o ghosting. Este é um modo de acabar uma relação amorosa de forma inesperada, desaparecendo sem explicações e evitando qualquer tipo de comunicação posterior com o parceiro abandonado. O que se tornou muito mais comum com o surgimento de aplicativos de relacionamento. “Postas as devidas proporções, essa é a nova versão do homem que sai para comprar cigarro e não volta. Vou falar desse novo fenômeno a partir do livro ‘Copo Vazio’ (Natalia Timerman)”, antecipa.

Priscila diz que sua intenção não é apenas fazer resenha de clássicos literários, mas analisar o conteúdo de obras de acordo com o contexto atual, com o cotidiano de pessoas comuns, leitores como ela própria. “Eu sempre gostei muito de ler. Claro que o meu gosto literário foi mudando com o tempo, como é normal. E comecei a escrever no meu Instagram porque o mais legal é você trocar olhares. O mesmo livro para mim é diferente do que é pra você, e se você ler o mesmo livro daqui a dez anos também será diferente. Saber essas opiniões diferentes enriquecem a leitura”, considera.

Mas essa é uma descoberta que vem de antes do Instabook @cafenabiblioteca, quando Priscila também deu início ao próprio grupo de leitura chamado “Lemos Mulheres”. Ela conta que o projeto ainda passa por um ajuste logístico, mas já tem sido enriquecedor especialmente por focar na busca de autoras mulheres. “Em geral, convido as autoras para bater papo com a gente. Já tivemos convidada nacional, como a Aline Bei, que acabou de lançar livro, e também autoras de Ruanda, outra chilena, todas em encontros virtuais. Isso foi motivador para eu fazer o Instagram”, considera Priscila, convidando as pessoas a também beberem do prazer da boa leitura comentada e compartilhada.

Leia um trecho da coluna de estreia:

"Vivemos em um mundo de incertezas e, contraditoriamente, buscamos controle. Um fértil palco para essa dupla tão divergente e desconcertante é o campo do amor. Hoje fala-se muito do fenômeno de 'Ghosting', derivado de 'ghost', palavra em inglês para designar fantasma. Com nome atual, Ghosting ocorre quando um dos componentes do relacionamento some sem dar chance de despedida.

É esse o enredo do livro mais recente da autora e psiquiatra Natalia Timerman, 'Copo Vazio'. Lançado pela editora Todavia no começo de 2021, o livro conta a história da protagonista Mirela, uma profissional de sucesso, independente financeiramente, com família e amigos próprios. No entanto, ao se envolver com Pedro, que conhece pelo aplicativo de relacionamentos Tinder, a arquiteta se entrega de tal forma que, quando ele some sem direito a despedidas ou negociação, ela se vê completamente desnorteada. Pedro abandona Mirela e com ela todos os planos elaborados e sonhos compartilhados, deixando apenas um grande e fundo vazio.

Não teria como ler o livro e não lembrar de uma das histórias contadas pela minha avó: em um tom baixo e receoso, ela me falava sobre como um dos seus vizinhos havia 'ido comprar cigarro'. A expressão nada mais é do que um eufemismo para contar que o homem havia abandonado sua mulher – e, se a memória não me falha, os filhos também – e sumido sem dar satisfações.

Você pode estar se perguntando: mas qual a relação entre um fenômeno de nome tão atual, descrito em 'Copo Vazio' em uma linguagem moderna, e uma das histórias de minha avó? O ponto de tangência entre as narrativas é justamente o abandono. Esse sentimento que atinge Mirela em 'Copo Vazio' é o mesmo que atinge a esposa contada na história por minha avó. Aliás, é o mesmo que atinge a Medeia de Eurípedes, escrito tantos séculos atrás, a Olga de Helena Ferrante em 'Dias de Abandono', e vários outras personagens, fictícias ou reais, provando que o abandono tem raízes antigas".

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