Paraense é selecionado em festival de cinema argentino

Uma reverência ao simples ato de tomar café e a tentativa de relembrar momentos de guerra. Esses são os enredos contados em dois curtas produzidos pelo paraense Pedro Secco que são finalistas do festival de cinema argentino “Bueiff Channel”. Os filmes selecionados, “Pó Preto” e “Auschwitz”, concorrem na categoria experimental.

Diretor e proprietário da produtora Pô Pô Pô Filmes, responsável pelos vídeos, Pedro conta que a ideia de “Pó Preto”, de apenas dois minutos, surgiu de uma brincadeira em outubro do ano passado, dentro de casa, ao experimentar os efeitos de uma câmera que havia comprado recentemente. “Peguei xícaras da cristaleira da minha avó e fiz uma brincadeira com o pó de café, fazendo um café, misturando o açúcar e servindo numa xícara. Tem câmera lenta, uma música no fundo. Daí surgiu o filme que remete ao prazer de tomar um café, já que muitas pessoas gostam”, detalha. O filme aparece na lista número 5, no site o festival, juntamente com outros quatro trabalhos de diversas partes do mundo. No ano passado, o curta entrou na seleção do “New York Tri-State International Film Festival”.

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Na lista número 7 está “Auschwitz”, filme de apenas um minuto. A partir de imagens e outros vídeos encontrados na internet, ele tentou transmitir cenas de guerra, com direito a áudios de tiros e bombardeios, também inspirados em registros sobre Hitler. “O curta não tem diálogo algum. Foi uma experimentação, mas, sem querer, o vídeo criou um efeito de ilusão de ótica, dando a impressão que as fotos se movem. Achei interessante e montei esse pequeno vídeo em novembro”, detalha.

Pedro Secco diz que as produções não surgiram de roteiro totalmente organizado previamente, “elas vão surgindo a partir de ideias aleatórias na hora das gravações”. Nesses dois trabalhos, os primeiros da produtora, não há conteúdo regional, no entanto o diretor planeja que o próximo filme seja mais elaborado e com elementos paraenses, até para estar de acordo com o nome da produtora, que remete aos pequenos barcos da região.

Ele conta que o desejo de registrar situações nasceu ainda na infância. Atualmente engenheiro civil e arquiteto, Pedro começou a realizar as filmagens como um hobby, o que despertou o que estava adormecido. “Como sempre gostei de cinema, montei a produtora no primeiro semestre do ano passado com câmera e drone. É um trabalho paralelo à minha profissão”, comenta Pedro.

Para ele, emplacar projetos iniciais em festivais internacionais é um reconhecimento que o impulsiona a continuar trabalhando. “É surreal, representa uma conquista minha de algo que estava preso dentro de mim quando criança. Talvez se não tivesse sido selecionado, eu teria parado. Acendi um pavio”,comemora. “Espero ir ganhando outras coisas, fazer contatos profissionais, crescer e fazer produções mais elaboradas”, aposta. Os dois filmes estão disponíveis no canal da produtora no YouTube, e o resultado final do festival ainda não foi divulgado.