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FOLCLORE

Sexta-feira 13: relembre uma conversa com Walcyr Monteiro e veja as principais lendas de Belém

Um dos representantes mais sólidos da cultura paraense, principalmente de Belém, Walcyr Monteiro deixa como legado histórias e narrativas que passaram por gerações

Imagem ilustrativa da notícia Sexta-feira 13: relembre uma conversa com Walcyr Monteiro e veja as principais lendas de Belém camera Reprodução

No dia 22 de agosto é comemorado o Dia do Folclore. A data foi oficializada em 1965 pelo Congresso Nacional Brasileiro, com o intuito de valorizar as histórias e personagens do imaginário e da cultura popular do nosso país.

No Brasil, a data é marcada por várias comemorações, principalmente nas escolas e centros culturais.

O folclore nacional é representado por danças populares, que variam de acordo com cada Região e também por mitos e lendas, como o saci, cobra-grande, mula-sem-cabeça, etc.

O DOL conversou, no dia 22 de agosto de 2018, com o escritor, jornalista e antropólogo Walcyr Monteiro, que é autor de “Visagens e Assombrações de Belém”, um dos livros mais conhecidos sobre o folclore local. A obra é uma compilação de diversos contos e histórias sobrenaturais que povoam o imaginário popular da região amazônica, sobretudo da Região Metropolitana de Belém.

DOL: O que lhe motivou a pesquisar sobre o assunto?

Walcyr: O grande amor que tenho pela Amazônia, pelo Pará, por Belém! Antigamente, as pessoas colocavam as cadeiras defronte das portas das casa e contavam lendas, mitos e histórias de visagens, assombrações e encantamentos, tanto de Belém, como de toda Amazônia. Aquela altura Belém não tinha edifícios, e, à noite, só as programações de cinemas, ou seja, não havia a vida noturna que há hoje. Então contar e ouvir histórias era uma grande diversão. E isto aconteceu até chegar a televisão. Quando esta chegou em Belém, foi uma febre só: quem tinha dinheiro, comprou televisão, quem não tinha, virou televizinho, ou seja, ia ver televisão na casa do vizinho. E as cadeiras saíram defronte das casas para defronte da televisão, que "roubou" a atenção de todos para as telenovelas. E com isto deixou-se de contar as histórias. Pensando que ia desaparecer esse traço cultural tão fascinante da Região (e muitas histórias, por falta de registro, realmente desapareceram!), comecei a publicar aos domingos, no jornal "A Província do Pará", as visagens e assombrações de Belém, que foi o passo inicial para os livros que se seguiram depois.

DOL: Qual a importância do folclore (sobretudo o local) para a sociedade?

Walcyr: O folclore (que significa sabedoria, conhecimento do povo), não se constitui só de lendas e mitos, mas também das músicas, das danças, dos folguedos, da medicina popular, enfim, de todos os seguimentos do conhecimento humano, que, antes de ser científico, foi primeiramente popular. Então o folclore representa um importantíssimo ramo da Cultura, que precisa e deve ser conhecido por todos, pois representa as nossas próprias raízes.

DOL: O senhor acha que um dia essas histórias podem "cair no esquecimento?

Walcyr: Acho que pode sofrer modificações, como acontece com todo o saber humano, mas desaparecer, "cair no esquecimento" mesmo, jamais!

DOL: Como o governo ou a sociedade podem incentivar o folclore regional?

Walcyr: Com a sua divulgação nas universidades, nas escolas, nos diversos tipos de agremiações (além dos grupos folclóricos e parafolclóricos!) e através de eventos específicos, como já vem acontecendo. Basta você pensar no Festival de Bois, de Parintins-Amazonas, no Sairé (Festival de Bôtos), em Altér-do-Chão, Santarém-Pará, no Festival das Tribos, em Juruti-Pará, e em vários outros eventos, como os que vemos durante a quadra junina, com apresentações e concursos de quadrilhas, de bois-bumbás, de pássaros, etc.

WALCYR MONTEIRO (in memorian)

Jornalista profissional, colaborou com diversos jornais e profissionalmente no Jornal do Dia. Professor de nível médio e superior, trabalhou no Instituto do Desenvolvimento Econômico e Social do Pará- IDESP, na Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo-SECDET, no Centro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa do Estado do Pará - CEAG-Pará, no Instituto de Terras do Pará - ITERPA, por onde se aposentou. Fez parte de várias organizações culturais, entre as quais o Centro Paraense de Estudos do Folclore, da Academia Paraense de Jornalismo, do Instituto Histórico e Geográfico co Pará.

Recebeu condecorações e honrarias, destacando-se Medalha do Mérito Cabanagem, da Assembléia Legislativa do Pará, A Medalha D. Pedro II (a mais alta condecoração do Bombeiro Militar do Pará), a do Mérito Judiciário, no Grau de Comendador, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, a Medalha Brasileira Folclorista Emérito, da Comissão Nacional de Folclore, além de Títulos de Cidadão de cinco municípios paraenses.

Walcyr Monteiro deixou este mundo no dia 29 de maio de 2019, aos 79 anos.

O Pará e a região amazônica têm um folclore rico. De expressões artísticas, como a música e a dança a lendas, é possível encontrar uma miscelânea de costumes distintos dos povos dessa área do Brasil.

Veja algumas:

SACI

A história do Saci-Pererê tem origem nas tribos indígenas do Brasil. A criatura é um menino que usa gorro, tanga vermelha e fuma cachimbo.

Originalmente, o Saci era um personagem negro e endiabrado, que tinha as duas pernas e um rabo. Mas a influência africana fez com que ele perdesse uma perna lutando capoeira e adquirisse o hábito de fumar.

Curiosamente, o gorrinho vermelho advém do folclore português. Era usado pelo personagem lendário Trasgo, que também possuía poderes sobrenaturais.

É um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro.

Dizem que ele costuma trocar os ingredientes das cozinheiras, fazendo-as errar nas receitas e preparando um prato com sabor suspeito.

COBRA GRANDE

“Lenda da Cobra Grande” é muito popular nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. A origem do mito se deve à existência da sucuri, uma cobra que pode passar dos 10 metro de comprimento e que habita os rios brasileiros, principalmente da Amazônia.

A lenda também tem outros nomes: Cobra Honorato, Norato ou Boiuna e pode ter várias versões.

Em uma delas, reza a lenda que uma índia teve dois filhos com aparência de cobra. Assustada, a mãe decidiu jogá-los no rio. Um se chamava Honorato e outra Maria Caninana.

A irmã de Honorato ficou revoltada e, vez ou outra, derrubava embarcações, assustava e atacava pessoas, enquanto seu irmão era pacífico. Um dia, cansado das maldades de Maria, Honorato decide matá-la e trazer de volta a paz aos moradores.

Ele virava humano nas noites de lua cheia, mas depois voltava à sua forma de réptil.

A maldição só seria quebrada se alguém desse um golpe na cabeça de Honorato, enquanto ele era uma “cobra”, e colocasse leite em sua enorme boca. Um dia, um soldado corajoso conseguiu o feito e libertou o rapaz da maldição.

BOTO

A“Lenda do Boto” tem origem indígena. Ela é contata geralmente para justificar uma gravidez aonde a progenitora não sabe quem é o pai.

Dizem que o animal se transforma em humano, durante as festas juninas, e seduz as moças desacompanhadas. Após consumar o ato, ele volta para seu habitat, na forma de cetáceo, quando não leva a moça junto e a mata afogada.

Curiosamente, os golfinhos e botos têm o hábito de “estuprar” seres humanos. Ele é um dos poucos animais que fazem sexo por prazer e há diversos casos registrados em vídeos dos animais tentando ter relações sexuais com um humano.

MOÇA DA TÁXI

Na Belém dos tempos em que ainda não havia chegado sequer televisão, passeavam pelo imaginário do povo belenense as visagens e assombrações que cruzaram gerações através das histórias contadas, à noite, nas portas das casas. Diante de uma cidade tranquila e sem grandes programações noturnas, os casos narrados na época davam conta de fantasmas que passeavam de táxi pela cidade, perambulavam próximo a igarapés e até mesmo rezavam diante de cruzeiros. São crendices que permanecem vivas e que ajudam a contar parte dos 402 anos de história da cidade das mangueiras.

A história de Josephina Conte, a moça do táxi, é contada até hoje (Foto: Ricardo Amanajás)

Em um dos corredores principais do Cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá, o nome grafado no mármore da sepultura retilínea é apenas o de Josephina Conte, jovem que morreu aos 16 anos de idade. Para muita gente, porém, o túmulo é onde repousa a famosa ‘Moça do Táxi’.

O conto diz que por volta de 22h de certa noite, em Belém, um taxista pegou uma passageira na avenida Independência que pediu para seguir até a avenida José Bonifácio, em frente ao cemitério de Santa Izabel. Ao chegar no local, a passageira pediu que, na manhã seguinte, o taxista se dirigisse ao endereço da família – anotado em um papel - para que recebesse pela corrida.

Quando chegava no dia e endereço marcado para cobrar o serviço, o taxista era informado que a moça a que ele se referia – reconhecida pelo motorista através de um retrato – já havia falecido. A passageira em questão seria Josephina Conte.

O ESTRANHO CASO DO DR. X

Conta a história de um médico que viveu em Belém nos tempos áureos da borracha e que, em determinada noite, foi acordado por um homem que bateu a sua porta pedindo ajuda para realização de um parto. A história que segue é recheada por mistérios tanto no que diz respeito às pessoas a quem ajudou, quanto ao local para onde foi levado com vendas nos olhos – um quarto luxuoso decorado no estilo do século XVII.

O IGARAPÉ DAS ALMAS

O chamado “igarapé das almas” ficava onde hoje se encontra o canal da avenida Visconde de Souza Franco. Muitas das histórias de visagens contadas antigamente em Belém têm o local como cenário. O igarapé recebeu este nome depois que pessoas relataram ter visto fantasmas de cabanos – pessoas que lutaram durante a Cabanagem – que procuravam pelas armas que teriam escondido no local ainda em vida.

Na história “A Porca do Reduto”, também era para o igarapé que corria uma porca que surgia e sumia misteriosamente depois de circular pelo bairro.

NOIVADO SOBRENATURAL

Conta a história de um rapaz que, durante uma noite de tempestade, conhece uma moça e a pede em noivado. O homem descobre, porém, que a moça em questão já havia morrido: ele encontrou a aliança dada à mulher diante da lápide que indicava a data da morte em 1918.

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