Francisco Weyl compartilha crônicas e poesias para alimentar alma na quarentena

O poeta Francisco Weyl iniciou em seu blog pessoal, o “Carpinteiro de Poesia”, dois microprojetos que colaboram com conteúdo novo para quem está em busca de algo para alimentar a alma e a mente durante o isolamento social. Em sua semanal “Terça Tríade”, ele compartilha poesias que “transbordaram as gavetas”, como o próprio descreve ao leitor. E, às sextas-feiras, apresenta ao público pequenas “Crônicas Bragantinas”, iniciadas na semana passada com a narrativa de um encontro com Mestre Romão.

“Esse projeto é o resgate de uma obra, que produzi ao longo dos anos, e que se refina nesse tempo, com esse momento de reflexão, de isolamento. Posso dizer que sou uma pessoa naturalmente isolada. O confinamento pra mim é natural, sou muito reservado ao meu quarto, onde tenho minha rotina escrevendo, lendo, digitalizando coisas. Mas agora, as pessoas estão dialogando sobre isso; e sobre essa ausência que sempre existiu, mas agora as pessoas começaram a perceber, a ausência de enterrar o defunto, de abraçar, de encontrar o outro”, comenta Weyl.

O projeto também é uma reocupação de seu espaço na internet como “O Carpinteiro”, essa espécie de avatar, que é dedicado a João Cabral de Moreira Melo, o mestre carpinteiro. “Eu deixei o blog à própria sorte por um longo tempo e tem um resgate nesse sentido, o resgate do Carpinteiro virtual apenas, porque tenho uma presença real com declamação, conferências, como artista de rua. Eu também venho do teatro, da periferia. Eu também me reencontrei com minha poesia”, afirma.

Weyl realiza seu doutoramento em Portugal e quando saiu de Bragança, em 2018, deixou uma mala de manuscritos, que só fez digitalizar porque era muito peso na bagagem. “Com a chegada da pandemia, em março, revisei esse material, observando coisas sobre poesia, ensaio, teatro, cinema, que eu também tenho revisto e usado agora para essa ocupação de espaço virtual do Carpinteiro. Eu estou tentando dar uma cara menos política e mais cultural, mais poética, artística, memorialística, resgatando a cultura de Bragança, de pessoas que fazem a cultura daquele município ser o que é”, diz.

Através de suas crônicas, às sextas-feiras, ele pretende ainda apresentar cenas da cidade, e questões presentes, como o grande preconceito contra gays e negros. “É a segunda cidade mais pobre do Brasil, mas que tem uma cara burguesa, com milhares de pessoas vivendo no campo, na periferia, invisibilizadas”, afirma. E tudo vai sendo dosado ao lado de postagens com sequência de três poemas ou prosas poéticas, que se correlacionam em temática. Na última semana, o autor traçou um diálogo com a filosofia, gerando “uma sensível rebeldia poética”, como descreveu.

OUTROS CANAIS

Em breve, Weyl também volta a ocupar outros ambientes virtuais, com leituras e declamações. “É uma mistura de leitura, declamação, uma narrativa lida. A minha ideia é fazer algumas aparições ao vivo, trazer leituras que já fiz, autorais e de outros poetas da Marambaia, bairro onde morei antes da mudança para Bragança, como Clay de Souza, Buscapé e Cuité. E quero também puxar um pouco da poesia visual, fazer espécies de haikais, coisa rápida com sensibilidade”, diz ele, que já começou a colocar alguns conteúdos no YouTube.

LEIA

Carpinteiro de Poesia - Francisco Weyl

Quando: Às terças e sextas-feiras.

Onde: carpinteirodepoesia.blogspot.com