“Na Madrugada Boladona” é o projeto de lives do cantor e compositor Antônio de Oliveira. O artista tem usado o próprio perfil no Instagram para dar voz a pessoas e vivências nos mais variados aspectos de sexualidade, gênero, cor, classe, música e artes em geral.
Há cerca de um mês no ar com transmissões pelo seu Instagram, o artista conta que a ideia do projeto surgiu a partir de duas situações, uma pessoal e outra profissional. “O objetivo principal das lives era que eu melhorasse enquanto pessoa, que pudesse ter um momento de desabafo e ainda de crescimento por meio das trocas de vivências com as pessoas, porque acredito que sempre que buscamos entender o outro, estar no lugar dele, a gente cresce, amadurece, melhora”, explica sobre a parte pessoal.
Já o objetivo profissional vem do fato que ele está em processo de produção de um disco novo e as lives nasceram nesta conjuntura. “Neste ano, vou fazer um disco pelo selo da Natura musical e eles sugeriram que eu fizesse lives com pessoas da comunidade LGBTQIA+ sobre as diferentes visões que eles têm de mundo. Depois, conversando com a Sammliz [cantora], a gente pensou em fazer lives de madrugada, que seria um momento de maior liberdade para conversar e trocar experiências. Fiz uma com a Sammliz e foi incrível. Foi bem um rolê olho no olho”, comenta.
O projeto começou reunindo amigos e foi se expandindo. “Os nomes escolhidos no começo foram de pessoas que eu já conhecia. Veio a fotógrafa Nay Jinknns e a minha irmã, que é da Liga de Vôlei, Naiane Rios. Também é importante dizer que os vídeos estão disponíveis na íntegra no IGTV com todos os bate-papos que já foram transmitidos no perfil”, ressalta. “É uma forma de gerar uma rede de solidariedade e de trocas de vivências, não apenas no meio do LGBTQIA+, como também uma maneira de gerar luta. Tem que agregar todo mundo contra a LGBTQIA+fobia, buscando formas de salvaguardar direitos. Nesta semana que se inicia vai ter o primeiro bate-papo com um homem cis hétero branco, o músico André Abujamra, e será uma semana de histórias e participações muito importantes neste meio, assim como já tive participações de personalidades do meio político, como o jornalista e político Jean Wyllys, e das artes em geral”, destaca ele, dizendo que já foram mais de 20 convidados neste primeiro mês de conversas.
Nesta segunda-feira Antônio recebe Enme Paixão, cantora e drag queen maranhense que vai falar sobre a luta que está travando pelo reconhecimento do primeiro quilombo urbano do Maranhão.Na terça, será a vez do já comentado André Abujamra,compositor, multi-instrumentista e ator brasileiro. Quarta-feira, a convidada é a cantora Aíla. Outros convidados serão Livia Mendes e Versus Polaris (PA), na quinta-feira, e para fechar a semana, na sexta, o projeto terá a participação da cantora Yara Canta, que é atriz e ativista travesti cearense.
Temas LGBTQIA+ e música dão o ritmo das conversas
O que começou de forma despretensiosa tomou forma e o “Na Madrugada Boladona” caiu no gosto do público. “Sinceramente, não esperava que fosse esse sucesso que tem sido. Agora o desafio é montar a programação, porque tem muita gente que quer participar”, comemora Antônio de Oliveira, em especial porque o propósito das lives tem sido alcançado. “O objetivo continua sendo o de melhorar como pessoa. Para mim, fazer música é fazer política, se posicionar. E no meu disco eu quero ter experiências, trocar ideias, gerar lutas e mudanças. Essas conversas me ajudam muito para entender a vida, melhorar minha consciência de classe”, considera.
Um projeto novo nasce de toda essa experiência, conta ele. “O nome do meu disco deve se chamar ‘Continente da Luz’, que está em fase de pré-produção, com parceria do Lucas Martins, que está coproduzindo comigo. Será um projeto de músicas autorais, parceria minha e com pessoas de fora. Haverá participação do ‘Noite Suja’ [coletivo drag queen de Belém], além de falar sobre lutas de terras no Pará e do universo LGBTQIA+, que eu faço parte”, antecipa.
Com a pandemia, ele diz que não tem data definida para que o projeto seja lançado. “Eu estava em São Paulo nesse processo de produção porque meu produtor é de lá. Mas tive de voltar correndo para cá devido a pandemia”, lamenta.
“Para mim, fazer música é fazer política, se posicionar. E no meu disco eu quero ter experiências, trocar ideias, gerar lutas e mudanças.”
PRÓXIMOS ENCONTROS
- Hoje - Enme Paixão (MA), cantora e drag queen maranhense.
- Terça, 30 - André Abujamra (SP), cantor, compositor, multi-instrumentista e ator brasileiro. Montou na década de 1980, junto com Maurício Pereira, a banda Os Mulheres Negras. Hoje atua em carreira solo, com três CDs lançados, “Infinito de Pé” (2004), “Mafaro” (2010) e “O Homem Bruxa” (2015).
- Quarta, 1° de julho - Aíla (PA), um dos expoentes da nova música produzida no Pará.
- Quinta, 2 de julho - Livia Mendes e Versus Polaris, projeto musical solo de Nathalia Lobato (PA). As artistas são representantes do gênero folk, que dialogam com outros ritmos, cada uma a sua maneira.
- Sexta, 3 de julho: Yara Canta (CE), cantora, atriz e ativista travesti cearense que passeia por diversas linguagens artísticas.
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