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MEIO AMBIENTE

Em 404 anos, Belém precisa de mais arborização urbana

Belém tem pouco o que comemorar quando o tema é arborização urbana. A cidade que completa 404 anos ocupa um péssimo lugar nesse assunto, segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo foi realizado em 96,9%

Imagem ilustrativa da notícia Em 404 anos, Belém precisa de mais arborização urbana camera O Bosque Rodrigues Alves tem um ampla área verde, mas espaços como este ainda são poucos em Belém. | Irene Almeida/Diário do Pará

Belém tem pouco o que comemorar quando o tema é arborização urbana. A cidade que completa 404 anos ocupa um péssimo lugar nesse assunto, segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo foi realizado em 96,9% dos domicílios urbanos com o objetivo de conhecer a infraestrutura urbana brasileira e mostrou que a capital do Pará é a que está em pior situação nesse quesito entre 15 cidades brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes.

O percentual do IBGE considera as árvores presentes em face aos domicílios. Por esse motivo, segundo os pesquisadores, um percentual baixo não significa necessariamente que uma área não tenha árvores, mas que elas podem estar concentradas em regiões específicas.

Por conta disso, nem sempre ver áreas verdes no centro da cidade como no Bosque Rodrigues Alves, Parque Estadual do Utinga, localizado na Área de Preservação Ambiental de Belém (APA-Belém) e Museu Paraense Emílio Goeldi significa que o local possui uma arborização urbana adequada. Em outras palavras, mesmo extremamente importantes, esses locais não são suficientes para suprir a necessidade do verde da população de toda a cidade.

ÁRVORES

“É importante que se diga que a arborização urbana está relacionada as árvores que estão presentes próximo às vias, permitindo uma sensação de conforto térmico para as pessoas. É importante sim que se tenha áreas verdes na cidade. Sem elas tudo poderia ser muito pior, mas é também fundamental que, ao longo das vias, elas sejam arborizadas”, explica o professor Sérgio Brazão e Silva, doutor em geologia e geoquímica pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre em agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e engenheiro agrônomo especialista em arborização.

E, nesse aspecto, Belém vive um verdadeiro contraste, onde infelizmente pesa mais as áreas com pouca arborização. “Enquanto vemos um túnel de árvores, na avenida Nazaré, temos a avenida Almirante Barroso com bem poucas”, compara o professor que é autor do livro “Belém e o Ambiente Insular”, onde trata da questão da arborização da cidade.

“É preciso preservar as áreas verdes que restam”

Ausência de árvores é problema evidente também em outras avenidas que passaram por recentes trabalhos de reestruturação e pavimentação, mas onde essa questão da arborização urbana, embora extremamente importante para o bem-estar dos habitantes, foi deixada de lado. “Observamos isso na avenida Perimetral, que passou recentemente por obras, mas onde não foi feito nenhum plano de arborização”, observa.

O professor ressalta que parte dessa questão se deve a um crescimento desordenado da cidade. “Houve um primeiro planejamento, onde se pensou nas vias e na arborização, como ocorreu em bairros como Nazaré, Cidade Velha, Batista Campos, Campina, São Brás, Nazaré e até mesmo em parte de Icoaraci. Mas a questão é que a cidade continuou crescendo e, já sem planejamento, as pessoas foram ocupando espaços onde antes havia vegetação nativa, que não foram replantadas”.

Contraste: avenida Nazaré com muitas árvores e abaixo, avenida Perimetral com bem poucas.
📷 Contraste: avenida Nazaré com muitas árvores e abaixo, avenida Perimetral com bem poucas. |Irene Almeida/Diário do Pará
Em 404 anos, Belém precisa de mais arborização urbana
📷 |Irene Almeida/Diário do Pará

Com isso, bairros como Curió, Terra Firme, Guamá, Bengui e Tenoné praticamente foram crescendo sem arborização de suas vias. “Em Belém ocorreu justamente o oposto do que ocorre na maioria das cidades. Enquanto muitas acabam perdendo o verde no centro por conta da urbanização e as áreas periféricas mais distantes acabam conservando esses espaços um pouco mais, o que vemos aqui é justamente o contrário. As áreas periféricas vão perdendo cada vez mais o verde das árvores”, explica.

O estudioso chama atenção ainda para áreas que precisam urgentemente de políticas públicas de preservação. “Temos alguns locais como a área do Paracurí, em Icoaraci, Mosqueiro, a área de Marinha, no bairro da Marambaia, a Floresta do Redentor, em Outeiro, a Ilha de Cotijuba e as região das Ilhas em frente a Belém. Todas essas áreas estão sofrendo com a ocupação irregular e é fundamental que ações de conservação possam ser feitas agora, porque esses espaços são de muita importância para o meio ambiente e estão sofrendo bastante com o fluxo migratório”, alerta. “É preciso preservar as áreas verdes que restam, as APAs e estabelecer políticas para a arborização urbana”, completa.

PLANTIO

Assim como existe um crescimento urbano desorganizado, o professor destaca que também há um movimento natural partindo da própria população de plantar árvores pela cidade, que precisa ser melhor orientado. “Na capital temos um total de 134 espécies de árvores, a maioria delas plantadas pela população, sem nenhuma técnica. Para se ter uma ideia dessa questão, o bairro do Guamá é um espaço com grande influência de águas e que, por isso, as espécies que são plantadas lá, por exemplo, precisam aceitar essa condição. Porque, na prática, cada local pode requerer um tipo de espécie diferente”, justifica.

Então antes de sair plantando árvores pelas ruas da cidade, é preciso seguir alguns passos e o professor dá algumas orientações. “É fundamental procurar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas), ela é órgão responsável por essa questão e poderá orientar sobre a maneira correta de fazer isso e qual tipo de árvore se adequa melhor ao solo”.

Além disso, a Semmas é também a responsável por verificar a saúde das árvores que já existem na cidade, assim como as podas. “Como são seres vivos, elas seguem o ciclo da vida, nascem, crescem e depois morrem. Mas isso não ocorre de uma hora para outra. Por isso, é importante que o poder público haja antes que uma árvore caia, por exemplo. E, para isso, é necessário haver uma constante fiscalização sobre o estado de saúde desses vegetais”.

Mangueiras

Das 134 espécies dispostas pela capital, a mangueira não é a mais comum. “A espécie mais comum na cidade é o fícus, que infelizmente não é uma das espécies mais adequadas para a arborização urbana da nossa cidade, seguida da oiti, depois temos as castanholas e em quarto lugar, as mangueiras”, enumera o professor.

Apesar de não ser a espécie mais comum na cidade, o professor acredita que o título de “Cidade das Mangueiras”, não esteja ameaçado. “É mais uma questão de simbologia e não de quantidade, apesar de termos sim uma grande quantidade de mangueiras na cidade”, diz.

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