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HISTÓRIA

Belém 404 anos: Conhecendo o passado para celebrar o presente

Ao completar 404 anos, Belém continua a despertar paixões em turistas que estão descobrindo a cidade, mas principalmente entre seus moradores. Um deles é o professor e historiador Michel Pinho, que por iniciativa própria começou a fazer, há 17 anos, passe

Imagem ilustrativa da notícia Belém 404 anos: Conhecendo o passado para celebrar o presente camera Michel Pinho faz passeios pela cidade para moradores e turistas. | Irene Almeida/Diário do Pará

Ao completar 404 anos, Belém continua a despertar paixões em turistas que estão descobrindo a cidade, mas principalmente entre seus moradores. Um deles é o professor e historiador Michel Pinho, que por iniciativa própria começou a fazer, há 17 anos, passeios pela cidade para que outros moradores possam conhecer melhor a história do lugar onde vivem e, incentivar, quem sabe, novas paixões pela capital do Pará.

“As pessoas só cuidam daquilo que elas conhecem, por isso, é importante que elas possam ter o pertencimento do local em que vivem”, justifica. Ele lembra que a ideia de disseminar a história da cidade onde nasceu, surgiu na sala de aula. “Como professor via que os alunos não conheciam a cidade onde moravam”, diz. “Nasci em Belém e morei por dois anos do bairro de São Brás. Mas logo em seguida, fui morar no município de Marituba e a capital para mim passou a ser um lugar de encantamento”, recorda.

Depois de formar-se em História, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Michel residiu em Marabá, e foi lá que começou a pôr em prática a ideia de promover passeios para contar a história de Belém. “Procurei a diretora da escola onde dava aulas e mostrei o projeto para ela, onde pedia um ônibus para trazer os alunos para capital para conhecerem melhor a cidade, depois de constatar que eles não conheciam praticamente nada da capital”, conta ele, destacando que seu encanto engloba também o estado do Pará e a Amazônia como um todo.

De volta para Belém, o professor resolveu, em 2003, promover os passeios não só para seus alunos, mas estendê-los para todos os moradores da cidade. “Acabei abrindo para que os meus alunos trouxessem seus familiares e amigos e o projeto acabou crescendo, porque cada um foi chamando o outro e o movimento foi crescendo”, conta.

EDUCAÇÃO

O projeto que, somente nos últimos dez anos, contou com a participação de cerca de nove mil pessoas, segundo o historiador, desenvolve ações na área de educação patrimonial, a partir de suas pesquisas sobre a história de Belém, a construção da sua memória imagética e suas relações com o patrimônio edificado e imaterial.

Michel Pinho faz passeios pela cidade para moradores e turistas.
📷 Michel Pinho faz passeios pela cidade para moradores e turistas. |Irene Almeida/Diário do Pará

E é caminhando pelas ruas da cidade, munido de um megafone e acompanhado sempre por um grupo de pessoas, que facilmente chega a cem interessados, que o professor vai desnudando a cidade para seus moradores e também para turistas. E foi nesse projeto que ele descobriu, particularmente, o que mais lhe encanta na cidade. “Sem dúvida é a história das pessoas, como elas vivem e percebem esses espaços do local onde moram”, afirma. O professor mostrar curiosidade sobre a cidade. Uma delas é sobre a primeira rua de Belém. “Ela se chamava Rua do Norte e data de 1617, iniciava no Forte do Presépio e seguia até a Igreja do Carmo, com cerca de 400 metros, e atualmente se chama rua Siqueira Mendes. A Ladeira (que é tida por muitos como a primeira rua da cidade) na verdade foi estabelecida no século 19”, explica.

E é justamente na rua Siqueira Mendes com a travessa Félix Rocque, esquina emblemática no bairro da Cidade Velha, onde está localizado a Casa Rosada, que tem traços arquitetônicos atribuídos ao arquiteto italiano Antônio Landi, o local escolhido pelo professor para falar da cidade.

Bairros

Nos últimos anos, o professor conta que tem procurado diversificar seus passeios, apresentando a cidade a partir de outros pontos periféricos, mas não menos importantes que os já tradicionais bairros da Cidade Velha e da Campina. “Ainda tem muita coisa para ser mostrada. Tem histórias para contar para o resto da vida. Ainda precisamos explorar bairros como o Jurunas, Reduto, Guamá, Condor, entre outros”, cita.

A cidade redescoberta em todos os seus aspectos

Foi também graças a paixão pela cidade, que a professora Maria Goretti Tavares criou há nove anos, o projeto Roteiros Geo-Turísticos, realizado pelo Grupo de Pesquisa de Geografia do Turismo da UFPA. “A inspiração veio de um projeto que já existia no Rio de Janeiro, do professor João Baptista Ferreira de Melo, da Uerj, chamado Roteiros Geográficos”, conta.

O projeto carioca promove caminhadas na área central da cidade, que descortinam a geografia, a história, a arquitetura, a religiosidade, as artes e a cultura da capital, com vistas à promoção da autoestima dos moradores. Em Belém, o projeto segue esse formato, tendo como embrião pesquisas sobre o assunto que já eram feitas na Universidade.

Maria Goretti criou o roteiro geo-turístico há 9 anos.
📷 Maria Goretti criou o roteiro geo-turístico há 9 anos. |Irene Almeida/Diário do Pará

O roteiro que inaugurou o projeto iniciou pelo bairro da Cidade Velha. “Foram selecionados pontos desse bairro por professores e alunos dos cursos de Geografia e Turismo e um dos diferenciais desse roteiro é que fazemos uma contextualização da expansão da cidade, incluindo questões como a histórica e a cultural”, informa.

Segundo a professora, o projeto procura mostrar a cidade em todos os seus aspectos, incluindo problemas, como a questão do lixo. “Trabalhamos em nossos roteiros muito essa questão do pertencimento, essa necessidade de cuidar daquilo que é nosso e nesse sentido, a situação do lixo na nossa cidade é uma coisa muito séria. Por isso, procuramos falar sim do patrimônio histórico e geográfico da nossa cidade, mas também precisamos mostrar os problemas que marcam o cotidiano das pessoas que vivem aqui”, explica.

CIDADANIA

Para ela, é fundamental mostrar os contrastes que fazem parte da cidade. “Temos uma Belém pobre economicamente, com uma população com uma média salarial muito baixa, mas por outro lado, temos uma cidade com um patrimônio histórico e cultural riquíssimo, por isso, o nosso projeto tem uma dimensão política e de cidadania, de forma a fazer com que as pessoas reflitam sobre qual o papel delas enquanto moradores de Belém”, analisa.

Atualmente o projeto conta com 11 roteiros, que incluem Mosqueiro e Icoaraci, além de outros elaborados a partir de parcerias, que incluem Outeiro e roteiros ligados a outros municípios. “Queremos fazer ainda outros roteiros que incluam bairros periféricos de Belém, como o Jurunas, Cremação, Condor, Guamá e Terra Firme, a partir de parcerias com a própria comunidade organizada desses bairros”, destaca.

A professora calcula que cerca de nove mil pessoas já tenham participado dos diversos roteiros, sendo 95% delas moradores de Belém. “Fico feliz com o resultado que alcançamos até aqui, com as parcerias que conseguimos firmar, como com o Iphan e o Projeto Circular, apostando sempre que a cidade só será boa para o turista, se ela for boa primeiro para o morador”, afirma a professora, acrescendo que o projeto já foi agraciado pelo Prêmio Rodrigo de Melo Franco, em 2016, destinado a ações sobre patrimônio e acabou de ganhar uma publicação, o livro “Geografia – Patrimônio & Turismo. Projeto Roteiro Geo- Turístico em Belém do Pará”, organizado pela professora e pelos também professores, Hugo Serra e Agenor Sarraf.

Para comemorar o aniversário de Belém, o projeto promove, hoje (12), o Roteiro Geo-Turístico pela Cidade Velha, a partir das 8h30, com saída em frente ao Forte do Presépio, em parceira com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult). “O que a cidade precisa para celebrar seu aniversário é de ações de amor, de ações ligadas a conscientização com relação ao descarte de lixo, de que os seus moradores cobrem ações de amor pela cidade daqueles que elas elegeram. Acredito muito no poder das ações da sociedade civil organizada em prol da cidade”, afirma.

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