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CINEMA

Em cartaz em Belém, longa de André Ristum fala da solidão nas grandes cidades

O diretor e roteirista André Ristum começou a trabalhar com cinema em 1991, incluindo a atividade de assistente de direção em vários filmes, entre os quais “Beleza Roubada” (1995), de Bernardo Bertolucci. E vem construindo uma carreira de projetos premiad

O diretor e roteirista André Ristum começou a trabalhar com cinema em 1991, incluindo a atividade de assistente de direção em vários filmes, entre os quais “Beleza Roubada” (1995), de Bernardo Bertolucci. E vem construindo uma carreira de projetos premiados desde 1998 ao dirigir curtas-metragens como “De Glauber para Jirges”, selecionado para o Festival de Veneza de 2005, e seu primeiro longa-metragem “Meu País”, que recebeu seis prêmios no Festival de Brasília e foi escolhido como melhor filme do ano no prêmio Sesi-Fiesp 2012.

Hoje, o cineasta estreia em Belém e outras duas cidades brasileiras o seu terceiro longa de ficção, “A Voz do Silêncio”, em cartaz em outras capitais desde a semana passada. Vencedor do prêmio de melhor direção e melhor montagem no Festival de Cinema de Gramado, o filme traz um olhar atento sobre a cidade grande e suas pessoas anônimas. No elenco, nomes como Marieta Severo, Ricardo Merkin, Arlindo Lopes e Claudio Jaborandy. Em entrevista ao Você, o diretor explica que o filme partiu de sua própria observação do cotidiano.

“Morei oito anos no bairro da Bela Vista, em São Paulo, e via gente passando na rua, tinha gente que encontrava eventualmente, e foram surgindo ao longo de meses, anos até, ideias de histórias e personagens, alguns mais ficcionais, outros mais próximos da realidade. Fui fazendo anotações dos personagens, mas eu não tinha uma história ainda”, conta. Em determinado momento, André percebeu que os personagens tinham semelhanças, algo que os unia: a solidão da vida na cidade grande, a dificuldade dos relacionamentos nesse lugar.

Inspirado em filmes dos quais era fã, como “Magnólia” (1999), de Paul Anderson, decidiu construir essa narrativa em que, através do entrelaçamento da vida de vários personagens, contasse uma história só, a história da vida na cidade de São Paulo. “E o filme basicamente nasce assim”, diz ele, explicando que, ponto de vista de construção do roteiro e de ritmo de filme, ter muitos personagens é sempre um desafio no cinema. “Mas por ser um desafio, me interessava tentar fazer. Gosto muito de escrever esse tipo de filme”, comenta.

E a maior dificuldade, talvez, seja manter o espectador conectado. “Mas nesse caso a gente também não estava contando várias histórias - tínhamos vários personagens contando uma história única. Então, seja no roteiro ou montagem, tentamos fazer uma amarração que, passando de um personagem para outro, o sentido fosse mantido, não como se você tivesse pulando de uma história para outra”, explica.

Longos passeios pelas imagens

Voz do Silêncio (Foto: Divulgação)

Na premiada montagem de “A Voz do Silêncio”, planos longos permitem uma observação mais profunda das relações, possibilitando o desenvolvimento do trabalho dos atores e a consistência dos personagens. “Foi uma escolha deliberada”, afirma André. O próprio título traz essas contrariedades.

“A cidade tem a questão do silêncio e do barulho. Do mesmo jeito tem a vida frenética e a vida muito vazia, solitária. A gente faz esse contraponto de várias maneiras na história. A ideia de apresentar a narrativa em planos longos de certa maneira vem disso, e também de sentir a vida dos personagens, ficando o menos artificial possível”, detalha.

A música também foi muito bem demarcada, de forma a não entrar para pontuar emoções ou situações, mas apenas fazer parte da vida das pessoas na grande metrópole. “O filme é justamente sobre as relações, afetos e a solidão no ambiente urbano. O foco é mostrar o quanto as relações humanas e afetivas têm forte impacto pela vida na grande metrópole, e como essa metrópole afasta, desgasta relações, distancia as pessoas”, reforça o diretor.

“A Voz da Silêncio” fez sua estreia na competição oficial do Festival de Málaga 2018 e abriu o Festival de Tucuman, na Argentina, onde foi lançado comercialmente em junho. A chegada ao cinema comercial brasileiro já com as premiações em Gramado ajuda a criar boas expectativas para o diretor. “Foram prêmios de peso para o filme, então isso dá um carimbo de qualidade que pode abrir um pouco a perspectiva comercial, sem dúvida. Claro que a gente está falando de um público que assiste ao cinema brasileiro, não é um grande percentual. Mesmo assim, acredito que pode, sim, ampliar um pouco o respiro e percurso do filme”, finaliza.

Veja

“A Voz do Silêncio” (Brasil/2018. 98 min. Ficção. 16 anos)
Direção: André Ristum. Com Marieta Severo, Ricardo Merkin, Arlindo Lopes e Claudio Jaborandy.
Sessões: Cinépolis Parque - 14h20, 16h30, 18h50 e 21h10

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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