Em busca da sequência perfeita
O dilema do PSC está não apenas nas dificuldades normais de uma competição equilibrada. É visível que o time, além de vencer adversários, precisa superar seus próprios problemas. Da determinação que a equipe mostrou para conquistar o Campeonato Estadual restou muito pouco.
As sucessivas trocas de treinadores minaram ainda mais a confiança do elenco. Saiu Hélio, veio Matheus, que ficou por um mês. Depois, Niehues assumiu interinamente e, por fim, chegou João Brigatti com a missão de fazer os ajustes necessários para entrar na briga pela classificação.
A estreia de Brigatti contra o Manaus teve aspectos positivos, mas reforçou algumas preocupações. O primeiro tempo foi satisfatório, com boa troca de passes e jogadas trabalhadas com apoio dos laterais. Ficou faltando, porém, finalizar mais, problema que acabaria tornando o jogo dramático no final.
Seria precipitado esperar um funcionamento mais azeitado do time logo na primeira partida com o novo treinador, mas as falhas de finalização sinalizam para um problema crônico, que se tornou um dos empecilhos a empreender uma campanha estável na Série C.
Com Nicolas visivelmente desgastado, tanto física quanto tecnicamente, o setor ofensivo perde metade de sua força. O artilheiro é também um dos principais articuladores, propiciando chances de gol aos companheiros.
A coisa se tornou mais complexa porque nas últimas rodadas o PSC passou a conviver com a iminente saída de Vinícius Leite, segundo melhor jogador do time e responsável pelas jogadas mais inspiradas, ao lado de Nicolas. Sem substitutos, o time continuou a ter Vinícius, sem tê-lo na plenitude.
Para enfrentar o Jacuipense, domingo, a dúvida no ataque adquire contornos mais sérios, a começar pela escalação ou não de Vinícius, que estará a três dias do fim de contrato. Sem ele, Brigatti terá que utilizar um dos três atacantes disponíveis – Elielton (foto), Vítor Feijão ou Erik Bessa.
O baixo rendimento do ataque poderia também conduzir a uma mudança de esquema tático, saindo do 4-3-3 atual para o 4-4-2, que daria mais poder de marcação ao meio-campo, principalmente para um compromisso fora de casa, diante de adversário que também luta pela classificação.
São situações que devem ser bem pesadas, mas é fato que o enfrentamento às próprias inseguranças do elenco é um dos aspectos mais importantes da missão de Brigatti. Para concretizar a sonhada sequência de vitórias, é necessário estar bem em campo e com a cabeça no devido lugar.
Erro de arbitragem contra o Corinthians é apenas descuido
A mídia paulistana, sempre tão sensível quanto o assunto se refere ao Corinthians, lamenta até agora a marcação de um pênalti no fim do jogo pela Copa do Brasil em favor do América-MG. Em razão disso, o time mineiro eliminou o Timão do torneio.
Li vários analistas entristecidos com a arbitragem brasileira. O engraçado é que os árbitros nacionais são ruins há muito tempo, todos aceitam isso e ninguém entra em depressão, até porque o Corinthians é quase sempre beneficiado pela ruindade geral.
Lembro que, há dois anos, num jogo contra o Botafogo, em São Paulo, o árbitro teve o despautério de marcar um pênalti em falta que aconteceu a cerca de um metro da linha da grande área.
Jô também marcou gol com a mão contra o Vasco, nas barbas da arbitragem amedrontada, e ficou tudo por isso mesmo. Nem dá para enumerar a quantidade de lances irregulares avalizados por árbitros que, mais que ruins, são acostumados a apitar sempre pelo time da casa.
O mais incrível é que até Carlos Simon, que quando árbitro operou miseravelmente o Brasiliense em prol do Coringão, protestou contra o terrível prejuízo gerado ao clube. Durma-se com um barulho desses.
Fogão, apesar da crise, articula contratação de Díaz
Os jornais argentinos foram unânimes em destacar ontem a negociação que pode trazer Ramon Díaz (foto), campeão da Libertadores, para dirigir o Botafogo. Para espanto dos que aqui detonam o Glorioso, o jornal Clarín citou que o técnico está a caminho “do multicampeão Botafogo”.
Não deixa de ser impressionante que, num dos anos mais terríveis de sua história, o clube que tantos craques legou ao mundo consiga atrair gente da envergadura de Honda, Kalou e Diaz. Vida longa à Estrela Solitária.
Queixas e dramas de uma competição deficitária
Os 20 clubes que disputarão a Segunda Divisão do Campeonato Paraense manifestaram frustração por não receberem verba do governo. Alegam que enfrentam as dificuldades da pandemia. Apesar do choro, a Federação Paraense de Futebol deixou claro que não haverá patrocínio oficial. Cada um terá que arcar com suas despesas durante o torneio.
Mesmo levando em conta os problemas decorrentes da pandemia, os times que disputam a Segundinha tradicionalmente são montados para no máximo dois meses de trabalho. As despesas cabem aos clubes, quase todos vinculados a prefeituras ou empresários do interior.
Talvez seja chegado o momento de se criar a consciência de que o governo do Estado não pode bancar toda e qualquer competição. Tem muitas outras prioridades e já faz muito pelos clubes que disputam o certame estadual e ainda ajuda os representantes do Pará nos campeonatos nacionais.
As queixas dos dirigentes deveriam ser canalizadas para a própria falta de planejamento e ao excesso de clubes disputantes – 20 no total – que torna a competição ainda mais deficitária. Quem se aventura a disputá-la deve estar minimamente preparado para suportar os custos.
A ajuda com material de treino sempre foi fornecida pela FPF e é o que deve ocorrer novamente. Que as próximas edições da Segundinha sejam mais elaboradas, inclusive quanto à viabilidade financeira.
Em meio à reclamação por patrocínio houve quem sugerisse um protesto drástico: os times firmariam um pacto para não entrar em campo. Infelizmente, se isso ocorrer, a única consequência será o cancelamento da competição. Nesse caso, a edição 2021 do Parazão seria disputada pelos 10 clubes deste ano, já que não houve rebaixamento.
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